Inferno dos Negros, Purgatório dos Brancos, Paraíso dos Mulatos.

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Colorado
Julyana Gomes
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Inferno dos Negros, Purgatório dos Brancos, Paraíso dos Mulatos.
  1. André João Antonil (1649 - 1716)
    1. Formou-se em Direito Civil pela Universidade de Perúgia depois de ali estudar três anos. Aos dezoito anos, em maio de 1667, ingressou na Companhia de Jesus, em Roma, vindo a lecionar ali no seminário jesuíta. O Padre Antônio Vieira admirou-o muito e fê-lo vir para o Brasil em 1681. Chegou a Salvador, na Capitania da Bahia, em 1681, nunca mais tendo deixado a cidade, onde veio a falecer, em 1716. Aqui exerceu o cargo de Reitor do Colégio por duas vezes, tendo sido o Provincial de 1705 a 1709. Fez breves visitas à Capitania de Pernambuco e à do Rio de Janeiro.
    2. m oposição ao Inferno dos negros, a Colônia era ao mesmo tempo o Paraíso dos mulatos. O nosso jesuíta parecia não saber como encaixar os mestiços dentro da estrutura idealizada de sociedade colonial, por isso eles eram tão desqualificados. Estes representariam, neste sentido, uma ruptura, um meio-termo entre o branco e o negro, conjugando as qualidades e os defeitos dos dois. O mulato seria, então, um elemento Perigoso
      1. O mulato teria a inteligência e a esperteza do branco, aliada a uma conduta moral própria do negro. Além do que, a própria existência do mulato era a prova da mistura das raças e de um comportamento não aprovado pela Igreja. Tudo isto, fazia com que não houvesse lugar para eles na sociedade idealizada por Andreoni. Laura de Mello e Souza afirma que os mulatos viviam no Paraíso por terem se livrado do cativeiro, “negando o trabalho sistemático, inventando na mestiçagem e na especificidade do seu viver uma nova condição.” Ou seja, o mestiço representava, nessa perspectiva, tudo que era ruim, negativo. Quem nunca ouviu que “quem anda no caminho errado leva sempre a melhor no Brasil”?
      2. O branco, apesar das dificuldades, tinha em mente a esperança de mudar a sua condição. O retorno à Metrópole era a visão do Paraíso que animava muitos colonos – principalmente quando se imaginava este retorno adornado por uma situação financeira privilegiada, adquirida com as possibilidades oferecidas pelo Novo Mundo
        1. Para o branco, a Colônia não era nem Céu, nem Inferno, mas, um lugar para purgar os pecados, vislumbrando a possibilidade do Paraíso. A primeira comparação a ser feita é entre o degredo e o purgatório: o português era mandado para a Colônia para pagar por algum crime. Era uma pena a ser cumprida por certo período, com a possibilidade do retorno à Metrópole. O branco, apesar das dificuldades, tinha em mente a esperança de mudar a sua condição. O retorno à Metrópole era a visão do Paraíso que animava muitos colonos – principalmente quando se imaginava este retorno adornado por uma situação financeira privilegiada, adquirida com as possibilidades oferecidas pelo Novo Mundo
        2. Com esta frase Andreoni definiu, de maneira simples e direta, a situação da população na sociedade colonial. É fácil entender porque a Colônia era o inferno dos negros escravos que, sem alternativas ou esperanças de retornar ao seu local de origem, eram submetidos às condições precárias de vida. A alforria ou a fuga não eliminavam a miséria e a ausência de prestígio social que lhe eram impostas.
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