Erstellt von Giovani Oliveira
vor etwa 7 Jahre
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Campos bem-aventurados, Tornai-vos agora tristes, Que os dias que me vistes Alegre, já são passados. Campos cheios de prazer, Vós, que estais reverdecendo, Já me alegrei com vos ver; Agora venho a temer Que entristeçais em me vendo. E, pois a vista alegrais Dos olhos desesperados, Não quero que me vejais, Pera que sempre sejais, Campos, bem-aventurados. Porém, se por acidente Vos pesar de meu tormento, Sabereis que Amor consente Que tudo me descontente, Senão descontentamento. Por isso vós, arvoredos, Que já nos meus olhos vistes Mais alegrias que medos, Se mos quereis fazer ledos, Tornai-vos agora tristes. Já me vistes ledo ser; Mas de[s]pois que o falso Amor Tão triste me fez viver, Ledos folgo de vos ver, Por que me dobreis a dor. E se este gozo sobrejo De minha dor sentistes, Julgai quanto mais desejo As horas que vos não vejo Que os dias em que me vistes. O tempo, que é desigual, De secos, verdes vos tem; Porque em vosso natural Se muda o mal pera o bem, Mas o meu pera mor mal. Se perguntais, verdes prados, Pelos tempos diferentes Que de Amor me foram dados, Tristes, aqui são presentes; Alegres, já são passados. CAMÕES, Luís de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 2008, p. 447-448.
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