Análise e Produção Textual

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O básico para um bom início a Lingua Portuguesa.
Thyara Paro
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Thyara Paro
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Unidade 1: Escrever bem: dom ou técnica? Objetivo: Vislumbrar a escrita como técnica vinculada ao exercício constante da leitura e construção de argumentos. É comum ouvirmos que alguém, um amigo seu, um familiar, enfim, “tem facilidade para escrever”, não? Mas por que será? O que você pensa: algumas pessoas nascem com essa disposição e tudo o que fazem ao longo de sua vida estudantil não é mais que reforçá-la ou escrever bem se trata de algo que qualquer um de nós pode alcançar, com disciplina e dedicação?No estudo da língua portuguesa, é comum o questionamento “Como escrever bem?”. É preciso estudar gramática? Sim, certamente. É preciso ler? Sem dúvida. É preciso ler sitesde notícias, jornais impressos? Com certeza. Mas e as revistas de entretenimento servem também? Sim, também servem. E assistir a filmes ou documentários, tem algo a ver com a escrita? Absolutamente. Mas por quê?Porque escrever bem significa, entre tantos fatores, defender bem um argumento, expor um ponto de vista, expressar sentimentos, manifestar-se com propriedade. Escolher a linguagem, montar um cenário, levantar um problema, ponderar as alternativas, os vieses, tudo o que está em jogo, e chegar a uma conclusão, ainda que provisória. Toda a informação que você consome e processa criticamente faz diferença. Vejamos um exemplo, às avessas.Digamos que você não saiba dirigir ou nadar e esteja interessado em aprender ou que esteja a fim de melhorar a sua saúde, manter a sua boa aparência e queira se matricular em uma academia de ginástica. Pois então: você já viu alguém aprender a nadar em teoria, do lado de fora da piscina? Não, não é? E se você quiser desenvolver os seus músculos, certamente terá de encarar os aparelhos da academia e realizar as séries periódicas de 8, 10, 12 repetições. Mas ainda não será o bastante: o nosso organismo se habitua com os exercícios, de modo que, gradualmente, será preciso que você exija mais de si mesmo para chegar a um determinado resultado, adquirindo perfeição naquilo que está fazendo e, ao mesmo tempo, resistência para a tarefa.Mas, por outro lado, é possível, sim, aperfeiçoar o seu nado a partir da teoria: você pode muito bem estudar como deve ser a sua respiração; você pode ler um artigo, uma revista ou um livro que demonstre graficamente como deve ser o movimento da braçada, que você deve esticar os braços completamente, que, enquanto um está realizando a braçada, o outro deve estar posicionado de modo a não oferecer resistência ou que os pés devem reproduzir o movimento de um chute, e não simplesmente um movimento qualquer, para que você possa aproveitar todo o impulso e a sua própria energia. E, se você estiver tomando aulas na autoescola para tirar a carteira de motorista, certamente a teoria irá auxiliá-lo tanto no conhecimento do veículo como nos procedimentos que você deve desempenhar para dirigir com segurança.Assim, para escrever bem, é preciso também se arriscar e “entrar na piscina” ou “assumir o volante”. Não há como você desenvolver uma técnica sem se submeter ao exercício diário e constante, adquirindo consciência daquilo que está fazendo.São detalhes que fazem muita diferença: habitue-se a acessar diariamente um site de notícias de qualidade. Certamente você, pouco a pouco, saberá que uma notícia se pauta, essencialmente, em relatar os fatos sem problematizar a linguagem, ou seja, com objetividade e sem especulação. Pois, se há especulação, já não estamos no terreno da notícia, e sim da análise. Ao assistir a um filme estrangeiro, prefira assisti-lo com as legendas. Você, pouco a pouco, encontrará o ajuste e dará conta de ver os personagens, ouvir e ler, no seu idioma, aquilo que estão dizendo. Mas se ainda você gosta de uma boa revista de entretenimento, sem muita profundidade, será válido, pois você também saberá quando se utilizar de uma linguagem mais leve e atrativa para cativar o seu leitor.Resumindo, você precisa de variedade de leitura. Habitue-se aos livros de ficção, às biografias e autobiografias, aos relatos de história e estudos de geografia, e o que mais for. Você encontrará frases, orações e períodos mais complexamente articulados, de modo a ampliar o seu vocabulário, acostumá-lo a raciocínios mais longos e ampliar a sua experiência com o relato alheio. Você aprenderá gramática sem sequer perceber. E outra coisa: tenha muito cuidado com a linguagem abreviada ou adaptada que utilizamos para a comunicação on-line, quando tudo vale ou é permitido. Nada pior que ler um texto em que se utiliza “mais” no lugar de “mas”…Um dos problemas, no entanto, que todos temos de enfrentar é a ansiedade. Muitas vezes queremos algo prontamente. Queremos perceber o benefício imediatamente. É um pouco a lógica do consumo: compro, uso, quero ver o resultado. Na escrita, como em qualquer outra técnica, as coisas não são bem assim.Digamos que você esteja nadando. Você já desenvolve a modalidade crawl com certa naturalidade e precisão e seu instrutor quer agora que você exercite o nado golfinho. A sua reação imediata é de resistência, pois você sabe da sua dificuldade em concatenar os movimentos de pés, braços e tronco, mas começa a prática do exercício. Você tenta apreender o movimento, mas ainda não consegue desenvolvê-lo corretamente. A aula acaba e você sai da piscina com certo descontentamento e mais cansado que o habitual, pois do crawl você já dava conta. Passam-se dois dias, ou na aula da semana seguinte, você se aquece, entra na água, começa em modo crawl e logo passa à modalidade golfinho. Surpreendentemente, você nota que, embora os movimentos ainda não estejam perfeitos, você já os desenvolve com certa habilidade ou menos esforço.Pois, é assim mesmo. Foi necessário que você se expusesse a algo que ainda desconhecia ou não dominava, que tentasse desenvolver essa tarefa conscientemente, e que também precisasse lidar com a impressão momentânea de fracasso. É parte do processo, e não vale a pena pular a etapa. Não tem como.Mas vamos ao que de fato nos interessa: na sua disciplina de Sociologia das Organizações, Introdução à Computação ou Psicologia da Educação, o professor lhe solicita escrever uma resenha sobre um capítulo específico. Você realizou a leitura, destacou no texto as informações que julgava fundamentais e passou à confecção do seu trabalho. Ao fim, você ainda não se sente satisfeito com o resultado. Pode ser impressão, pode ser a leitura ainda superficial de determinada passagem ou que a sua interpretação ainda esteja apressada, sem ir fundo nos conceitos. Pois bem, dê um tempo para você mesmo. Reserve o texto, faça outra leitura, consulte outro autor ou vá fazer outra coisa. No dia seguinte – o tempo é relativo –, retome aquilo que você escreveu e leia criticamente. Você encontrará períodos que ficaram pouco claros, verá que certa informação não é tão importante assim, que determinada conclusão está apressada; perceberá um ou outro deslize na pontuação, e assim por diante. Em suma, é preciso lidar com a ansiedade da conclusão e dar tempo para que você mesmo mude, para que você se reprograme ou se reorganize; para que você se distancie daquilo que estava tão perto dos seus olhos mas que não conseguia enxergar com precisão.Em um curso superior, também é comum termos contato com textos mais complexos, que exigem muito mais que uma leitura superficial, pois estão longe da nossa experiência cotidiana. São textos que demandam uma ampliação de nossa escopia, isto é, do modo como vemos o mundo e interpretamos as suas implicações. Então aproveite, pois este é justamente o momento para você se expor a leituras e problemas que põem à prova os seus conceitos.Para encerrar esta unidade, acompanhe algumas dicas de Stephen Kanitz, articulista da revista Veja, consultor de empresas e conferencista. Resumidamente, Kanitz (2012) anota:• por mais relativo que isto seja, escreva sempre considerando qual é o seu público-alvo; • deixe a vaidade de lado, escreva para narrar uma experiência ou expor uma ideia; • inicie pelo rascunho, deixe as ideias amadurecerem e revise ou reescreva; • não gaste tempo com ideias intransigentes ou pesadamente ideológicas; • repita de formas diferentes as ideias fundamentais do seu texto; • seja conciso, direto e objetivo.

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