Língua Portuguesa
Para responder às questões de números 1 a 7, considere
o texto abaixo.
No campo da técnica e da ciência, nossa época produz milagres todos os dias. Mas o progresso moderno tem amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos irreparáveis à natureza, e nem sempre contribui para reduzir a pobreza.
A pós-modernidade destruiu o mito de que as humanidades humanizam. Não é indubitável aquilo em que acreditam
tantos filósofos otimistas, ou seja, que uma educação liberal, ao alcance de todos, garantiria um futuro de liberdade
e igualdade de oportunidades nas democracias modernas. George Steiner, por exemplo, afirma que “bibliotecas, museus, universidades, centros de investigação por meio dos quais se transmitem as humanidades e as ciências podem prosperar nas proximidades dos campos de concentração”. “O que o elevado humanismo fez de bom para as
massas oprimidas da comunidade? Que utilidade teve a cultura quando chegou a barbárie?”
Numerosos trabalhos procuraram definir as características da cultura no contexto da globalização e da extraordinária
revolução tecnológica. Um deles é o de Gilles Lipovetski e Jean Serroy, a cultura-mundo. Nele, defende-se a ideia de uma cultura global − a cultura-mundo − que vem criando, pela primeira vez na história, denominadores culturais
dos quais participam indivíduos dos cinco continentes, aproximando-os e igualando-os apesar das diferentes tradi-
ções e línguas que lhes são próprias.
Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio da imagem e do som sobre a palavra, ou seja, com a tela. A indústria cinematográfica, sobretudo a partir de Hollywood, “globaliza” os filmes, levando-os a todos os países, a todas as camadas sociais. Esse processo se acelerou com a criação das redes sociais e a universalização da internet.
Tal cultura planetária teria, ainda, desenvolvido um individualismo extremo em todo o globo. Contudo, a publicidade
e as modas que lançam e impõem os produtos culturais em nossos tempos são um obstáculo a indivíduos independentes.
O que não está claro é se essa cultura-mundo é cultura em sentido estrito, ou se nos referimos a coisas completamente diferentes quando falamos, por um lado, de uma ópera de Wagner e, por outro, dos filmes de Hitchcock e de John Ford.
A meu ver, a diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela
pretendiam transcender o tempo presente, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são
fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer. Cultura é diversão, e o que não é divertido não é cultura.
(Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espetáculo.
Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook)
1- Possuem os mesmos tipos de complemento os verbos grifados em:
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