(ENADE-2005) A notícia veio de supetão: iam meter-me na escola. Já me haviam falado disso, em horas de zanga, mas nunca me convencera que realizassem a ameaça. A escola, segundo informações dignas de crédito, era um lugar para onde se enviavam as crianças rebeldes. Eu me comportava direito: encolhido e morno, deslizava como sombra. [...] A escola era horrível - e eu não podia negá-la, como negara o inferno. Considerei a resolução de meus pais uma injustiça. [...] Lembrei-me do professor público, austero e cabeludo, arrepiei-me calculando o rigor daqueles braços. Não me defendi, não mostrei as razões que me fervilhavam na cabeça, a mágoa que me inchava o coração. Inútil qualquer resistência. (RAMOS, Graciliano. Infância, Rio de Janeiro: Record, 1995, p. 104). O texto do escritor Graciliano Ramos traz lembranças de sua entrada na escola, que expressam um momento da Educação brasileira. Entretanto, o pensamento pedagógico tem-se modificado ao longo do tempo, contrapondo-se ao modelo de escola evidenciado no texto. Este contraponto é expresso por:
I - transmissão cultural que considera o aluno como um ser passivo, atribuindo caráter dogmático aos conteúdos de ensino;
II - valorização da criança, do afeto entre professor e aluno, das reflexões sobre as formas de ensino que considerem o saber das crianças;
III - dimensão dialógica do processo ensino/aprendizagem com ênfase nas relações igualitárias;
IV - preocupação com a formação humana relacionando as dimensões humana, econômica, social, política e cultural.
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