As variações de temperatura sazonais e diárias causam dilatações e contrações nos materiais de construção e essas movimentações estão relacionadas aos seguintes tópicos:
Intensidade da variação da temperatura repercutindo na magnitude das tensões desenvolvidas
Grau de restrição imposto pelos vínculos às movimentações
Propriedades elásticas do material
As trincas de origem térmica também podem surgir por movimentações diferenciadas entre componentes de um elemento e ocorrem em função de:
Junção de materiais com diferentes coeficientes de dilatação térmica sujeitos às mesmas variações de temperatura
Por exemplo, movimentações diferenciadas entre argamassa de assentamento e componentes de alvenaria
Exposição de elementos a diferentes solicitações térmicas naturais
Por exemplo, cobertura em relação às paredes de uma edificação
Gradiente de temperaturas ao longo de um mesmo componente
Por exemplo, gradiente entre a face exposta e a face protegida de uma laje de cobertura
Propriedades térmicas dos materiais de construção
Absorbância da superfície do componente à radiação solar
O quanto da energia é absorvida pela superfície do material, fazendo com que essa temperatura seja superior à temperatura do ambiente
Emitância da superfície do componente
Reirradiação da radiação solar de volta ao céu e para as superfícies próximas
É composta predominantemente por raios infravermelhos de ondas longas
Por exemplo, as coberturas à noite apresentam temperatura superficial inferior à do ambiente e acontece a condensação de vapor na superfície das mesmas
Coeficiente de condutância térmica superficial
Fissuras causadas por movimentações higroscópicas
Fissuras causadas por alterações químicas
Hidratação retardada de cales
Cales mal hidratadas apresentam teor elevado de óxidos livres de cal e magnésio, que são ávidos por água
Quando essas cales se hidratam durante a vida útil do componente de construção, há o aumento do volume de aproximadamente 100%, gerando tensões
Em argamassas de assentamento, as fissuras acompanharão as juntas de assentamento (geralmente na horizontal) próximas do topo da parede, onde os esforços de compressão advindos do próprio peso são menores, conforme ilustrado a seguir
Podem aparecer buracos ("pite") no revestimento em argamassa, como na ilustração
Os materiais de construção estão suscetíveis de deterioração pela ação de substâncias ácidas e alguns tipos de álcool
Ataques por sulfatos
Ocorrem na presença de C3A (aluminato tricálcico), água e sulfatos solúveis, formando o sulfoaluminato tricálcico ou etringita, sendo que esta reação é acompanhada de grande expansão
Por este motivo a utilização de cimento e gesso é potencialmente perigosa
Os sulfatos advirão de fontes como o solo, águas contaminadas ou mesmo componentes cerâmicos constituídos por argilas com altos teores de sais solúveis
Nas alvenarias revestidas, as fissuras são semelhantes àquelas causadas por retração da argamassa e se diferem em 3 aspectos
Aberturas mais pronunciadas
Acompanham aproximadamente as juntas de assentamento horizontais e verticais, como na ilustração
Aparecem próximas da base por causa do solo ser uma das possíveis fontes de sulfatos solúveis
Aparecem quase sempre acompanhadas de eflorescências
São manchas esbranquiçadas na superfície de concretos, pisos, pedras e outros materiais porosos que permitam a infiltração de água
Quando a água se infiltra, ela dissolve os sais presentes no cimento e na cal, no caso, o hidróxido de cálcio e ao evaporar, esta água transporta os sais até a superfície, causando manchas
Solução: Utilização de concretos com baixa permeabilidade e baixa relação água/cimento (A/C < 0,5) e escolher um cimento com quantidade de C3A < 5%
Corrosão de armaduras
As armaduras nas peças de concreto armado geralmente estão próximas da superfície destes materiais, em cobrimentos insuficientes ou em concretos mal adensados, as armaduras ficarão sujeitas à presença de água e ar, podendo desencadear a corrosão
É decorrente de processos eletroquímicos característicos em meio úmido, sendo intensificada pela presença de elementos agressivos e aumento da heterogeneidade da estrutura, tais como
Aeração diferencial da peça
Variações na espessura do cobrimento de concreto
Heterogeneidades do aço ou mesmo das tensões que está submetido
Meios agressivos
Ambientes marinhos (ricos em íons cloro)
Solos com alto teor de matéria orgânica em decomposição (presença de ácido carbônico)
Solos contaminados
Atmosferas poluídas de grandes cidades (íons enxofre advindos da queima de combustíveis)
Atmosferas industriais (refinarias de petróleo, indústrias de papel e celulose, cerveja, etc.)
Fatores que influenciam na corrosão
Permeabilidade do concreto à água e gases
Grau de carbonatação atingido pelo concreto
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Composição química do aço
Estado de fissuração da peça
Umidade relativa do ar
Presença de íons agressivos
Observações
Tomar cuidado com o emprego indiscriminado de cloretos de cálcio como aditivo acelerador de pega
Pequenos teores de cloreto concentrados numa determinada região podem ser mais prejudiciais que altos teores distribuídos de maneira uniforme e homogênea
As reações de corrosão produzem óxido de ferro, cujo volume é muitas vezes maior que o do metal original
A infiltração de água acarreta a perda rápida da alcalinidade do concreto, favorecendo o ataque de cloretos e corrosão das armaduras
Material com referência do livro "Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação" de Ercio Thomaz e das aulas de Patologia das Construções do curso de Engenharia Civil da Universidade de Mogi das Cruzes, campus Villa Lobos