Winnicott acreditava na tendência inata do ser humano de se desenvolver e unificar. Essa tendência
se atualiza com os processos de maturação. Esse processo quer dizer a evolução do ego, super ego e
id e mecanismos de defesa. Winnicot dá um foco especial ao ambiente que nos permite desenrolar
esses processos que no primeiro momento é a mãe ou outra pessoa que possua um papel
fundamental na vida da criança.
A primeira fase do bebê (nascimento até os seis meses) ele vive uma dependência absoluta com a
mãe, com esse ambiente. O bebê vive uma relação simbiótica com sua mãe, não se diferenciado dela
ainda. A mãe atende a todas as demandas do bebê, pois sem ela ele não consegue sobreviver.
A segunda fase é a de dependência relativa (seis meses até os dois anos), a criança já reconhece os
objetos ao seu redor, as pessoas, se percebe como diferente da sua mãe, a urgência de responder as
demandas dos filhos não é a mesma como na fase anterior.
As três funções maternas: Apresentação do objeto – Se inicia com a
primeira refeição teórica, que é também a primeira refeição real. O
bebê sente uma necessidade e o objeto surge, o que dá a impressão
de que ele criou o objeto, lhe dando uma sensação de onipotência. Ao
mesmo tempo permite que o bebê encontre e crie novos objetos.
Holding – Diz respeito a sustentação. Não só fisica, como
psiquicamente. Para Winnicott, essa era a principal função, pois a
mãe “emprestava” seu ego para que o ego do bebê fosse
amadurecido, servindo como um ego auxiliar. Através do cuidado, a
mãe estabelece uma rotina, o que permite que o bebê crie um ponto
de referência, permitindo a se sustentar nas suas angústias, e se situe
no tempo e espaço. Handling – Diz respeito a manipulação, ao
manejo. É atraves dessa função que o bebê se experimenta como no
seu próprio corpo, e com isso realiza a personalização, que é a união
entre o corpo e o psíquico. É muito mais ligado a questões práticas,
como dar banho.
A mãe suficientemente boa – Seria a mãe que nos primeiros meses do filho se adapta perfeitamente
as suas necessidades, aquela que permite que a criança desenvolva suas tendências inatas. A mãe
suficientemente boa seria capaz de odiar o bebê sem querer matá-lo. A mãe insuficientemente boa –
Seria aquela que não vai propiciar um ambiente facilitador. Não vai exercer as três funções da
maternagem, sendo ausente ou presente demais. Para Winnicott, a pior das mães, seria a mãe
imprevisível, que não permite que o bebê confie nela.
Espaço potencial – Ambiente facilitador que permite a passagem da dependência absoluta para a
dependência relativa. Seria um espaço que serve como uma ponte, que estaria entre o externo e o
interno. Fenômenos transicionais – Ocorrem a partir dos seis meses, no início do corte da relação
mãe-bebê. Há uma saída da ilusão para a desilusão, e para se sustentar nessa experiência
angustiante, a criança passa a desenvolver atividades que representam a mãe dos momentos
tranquilos. Quando há uma utilização de um objeto, esse é chamado de objeto transicional. Quando
a criança não precisa mais desse objeto, ele é desinvestido, não esquecido.
O brincar para Winnicott – Fala que o brincar é algo inerente a natureza humana. O mundo lúdico é o
elo entre o mundo interno e o externo. O brincar é em si psicoterápico, pois além de podermos
ressignificar o que está no inconsciente, ele afirma que é talvez, apenas no brincar, que a criança e o
adulto fruem da liberdade de criação; Criatividade originária seria como o individuo se relaciona com
o sentido de realidade. Com o tempo a criatividade vai permitir o sujeito de transitar por vários
espaços e sentido de realidade, sem perder o contato com seu mundo pessoal e imaginativo.
1- Brincando com o corpo materno - O bebê e o objeto (mãe) ainda estão fundidos. Para um bebê, eles
são um só. A mãe torna concreto aquilo que o bebê está pronto a encontrar (auto-erotismo e prazer no
corpo da mãe). Exemplos: o bebê explora o corpo da mãe, mexendo em seus cabelos, tocando no seu
rosto, colocando o dedo na boca dela, “abraçando” o seio, enquanto mama; 2- Playground - O objeto é
repudiado e aceito novamente. Nessa fase, a criança já é capaz de brincar sozinha, mas necessita
ainda, da presença constante do outro, apesar de já tolerar a falta. A confiança na mãe cria um espaço
intermediário, um espaço potencial entre a mãe e o bebê, que os une, também através da brincadeira.
Exemplos: brincadeira de esconder o rosto com a fraldinha, atirar objetos para fora do berço, balbucio,
possível interesse por algum objeto especial (objeto transicional);
3- Brincando sozinha - A criança já consegue brincar sozinha, desde que tenha a presença de alguém
por perto, ao alcance de seus olhos, transmitindo-lhe segurança e disponibilidade. Exemplos:
interessa-se por brincadeiras de encaixar, vai em busca de objetos, através do engatinhar, descobre
objetos pela casa; 4- Brincando com o outro - A criança começa a permitir que o outro seja introduzido
nas brincadeiras. A mãe brinca com a criança, ajustando-se às suas atividades lúdicas, de acordo com
seu interesse. Exemplos de brincar: jogos de regras, brincar de casinha, jogos de mesa, jogos coletivos.