1.1 O mundo é a
totalidade dos fatos,
não das coisas
1.1.1 O mundo é
determinado pelos fatos, e
por serem todos os fatos
1.1.2 Pois a totalidade dos
fatos determina o que é o
caso e também tudo o
que não é o caso
1.1.3 Os fatos no
espaço lógico são
o mundo
1.2 O mundo
resolve-se em fatos
1.2.1 Algo pode ser o
caso ou não ser o caso
e tudo o mais
permanecer na mesma
4. O pensamento é a
proposição com
sentido
6. A forma geral da verdade é
[p¯,ξ ¯,N (ξ¯)]
3. A figuração lógica é
o pensamento
5. A proposição é uma função de
verdade das proposições
elementares (A proposição
elementar é uma função de
verdade em si mesma)
2. O que é o caso, o fato,
é a existência de todas as
coisas
2.0.1 O estado de
coisas é uma ligação
de objetos (coisas).
2.0.1.1 É essencial
para a coisa poder
ser parte
constituinte der
estado de coisas.
2.0.1.2 Nada é acidental
na lógica: se uma coisa
puder aparecer num
estado de coisas, a
possibilidade do estado
de coisas já deve estar
antecipada nela.
2.0.1.2.2 Coisa é autônoma enquanto puder aparecer em todas
as situações possíveis, mas esta forma de autonomia é uma
forma de conexão com o estado de coisas, uma forma de
heteronomia. (É impossível palavras comparecerem de dois
modos diferentes, sozinhas e na proposição.)
2.0.1.2.3 Se conheço o objeto, também conheço todas as
possibilidades de seu aparecer em estados de coisas. (Cada
uma dessas possibilidades deve estar na natureza do objeto.)
• Não é possível posteriormente encontrar nova possibilidade.
2.0.1.2.3.1 Para conhecer um objeto não devo com efeito
conhecer suas propriedades externas — mas todas as
internas.
2.0.1.2.4 Ao serem dados todos os objetos, dão-se também
todos os possíveis estados de coisas
2.0.1.2.1 Parece, por assim dizer, acidental que à coisa, . que poderia subsistir sozinha e para si,
viesse ajustar-se em seguida uma situação. Se as coisas podem aparecer em estados de coisas, então
isto já. deve estar nelas. (Algo lógico não pode ser meramente-possível. A lógica trata de cada
possibilidade e todas as possibilidades são fatos quê lhe pertencem.) Assim como não podemos
pensar objetos espaciais fora do espaço, os temporais fora do tempo, assim não podemos pensar
nenhum objeto fora da possibilidade de sua ligação com outros. Se posso pensar o objeto ligando-o
ao estado de coisas, não posso então pensá-lo fora da possibilidade dessa ligação.
2.0.1.3 Cada coisa está como num
espaço de estados de coisas
possíveis. Posso pensar este
espaço vazio, mas não a.
coisa sem o espaço.
2.0.1.3.1 O objeto espacial deve estar no espaço infinito. (O
ponto no espaço é lugar do argumento.) A mancha no campo
visual não deve, pois, ser vermelha, mas deve ter uma côr;
tem, por assim dizer, uma espacialidade colorida em volta de
si. O som deve possuir uma altura, o objeto do tato, uma
dureza, e assim por diante.
2.0.1.4 Os objetos
contêm a possibilidade
de todas as situações.
2.0.1.4.1 A possibilidade de seu aparecer nos estados de
coisas é a forma dos objetos.
2.0.2 O objeto é simples
2.0.2.0.1 Cada asserção sôbre complexos
deixa-se dividir numa asserção sôbre
suas partes constitutivas e naquelas
proposições que descrevem
inteiramente tais complexos.
2.0.2.1 Os objetos
formam a substância
do mundo. Por isso
não podem ser
compostos.
2.0.2.1.1 Se mundo não
possuísse substância,
para uma proposição
ter sentido dependeria
de outra proposição ser
verdadeira.
2.0.2.1.2 Seria, pois,
impossível traçar uma
figuração do mundo
(verdadeira ou falsa).
2.0.2.2 o que um mundo,
pensado muito diferente do
real, deve possuir algo — uma
forma — comum com éste
mundo real.
2.0.2.3 Esta forma
fixa consiste
precisamente em
objetos.
2.0.2.3.1 Substância do mundo
pode determinar apenas uma
forma, mas não propriedades
materiais; já que estas são
primeiramente representadas
pelas proposições —
primeiramente formadas pela
configuração dos objetos.
2.0.2.3.2 Aproximadamente
falando: os objetos são
desprovidos de cor.
2.0.2.3.3 Dois objetos de mesma forma lógica —
abstraindo suas propriedades externas — se
diferenciam um do outro apenas por serem
distintos.
2.0.2.3.3.1 Ou uma coisa possui propriedades que nenhuma outra
possui e desse modo é possível sem mais separá-la de outras por
uma descrição e referir-se a ela; ou, ao contrário, existem várias
coisas que possuem todas suas propriedades em comum, sendo
então impossível em geral indicar uma delas. Se a coisa não se
distingue por nada, não posso então distingui-la, pois do contrário
estaria distinguida.
2.0.2.4 Substância é o que
subsiste independentemente
do que ocorre
2.0.2.5 Ela é forma e conteúdo
2.0.2.5.1 Espaço, tempo e cor
(coloridade) são formas dos objetos.
2.0.2.6 Só se houver objetos, pode haver forma fixa do mundo.
2.0.2.7 O fixo, o subsistente e o objeto são um só.
2.0.2.7.1 O objeto é o fixo, o
subsistente; a configuração é
o mutável, o instável.
2.0.2.7.2 A configuração dos objetos forma o estado de coisas.
2.0.3 No estado de coisas os
objetos se ligam uns aos outros
como elos de uma cadeia.
2.0.3.1 No estado de coisas os
objetos estão uns em relação
aos outros de um modo
determinado.
2.0.3.2 O modo pelo qual os
objetos se vinculam no estado
de coisas constitui a estrutura
do estado de coisas.
2.0.3.3 A forma é a
possibilidade da estrutura
2.0.3.4 A estrutura do fato é
constituída pelas estruturas
dos estados de coisas.
2.0.4 A totalidade dos subsistentes
estados de coisas é o mundo
2.0.5 A totalidade dos
subsistentes estados de coisas
determina também quais estados
de coisas não subsistem
2.0.6 A subsistência e a
não-subsistência dos estados
de coisas é a realidade.
(Chamamos de fato positivo à
subsistência de estados de
coisas e de negativo à
não-subsistência deles.)
2.0.6.1 Os estados de coisaasão
independentes uns dos outros.
2.0.6.2 Da subsistência ou da não-subsistência
de um estado de coisas não é possível
concluir a subsistência ou a
não-subsistência de outro.
2.0.6.3 A realidade inteira é o mundo.
2.1 Fazemo-nos figurações dos fatos
2.1.1 A figuração presenta a situação no
espaço lógico, a subsistência e a
não-subsistência de estados de coisas.
2.1.2 A figuração é um modelo da realidade
2.1.3 Na figuração, seus elementos
correspondem aos objetos
2.1.3.1 Os elementos da figuração substituem nela os objetos.
2.1.4 A figuração consiste em que
seus elementos estão uns em relação
aos outros de um modo determinado
2.1.4.1 A figuração é um fato
2.1.5 Os elementos da figuração estando
uns em relação aos outros de um modo
determinado, isto representa as coisas
estando umas em relação às outras. Esta
vinculação dos elementos da figuração
chama-se sua estrutura e a possibilidade
dela, sua forma de afiguração.
2.1.5.1 A forma de afiguração é a possibilidade de
que as coisas estejam umas em relação às outras
como os elementos da figuração.
2.1.5.1.1 A figuração enlaça-se com
a realidade; deste modo:
estendendo-se para ela
2.1.5.1.2 É como padrão de medida que
se aplica à realidade.
2.1.5.1.2.1 Somente os pontos mais exteriores das linhas divisórias tocam o objeto a ser medido
2.1.5.1.3 Segundo essa concepção, também
pertence à figuração a forma afigurante que
precisamente a torna figuração
2.1.5.1.4 A relação afigurante consiste nas
coordenações dos elementos da figuração e das coisas
2.1.5.1.5 Estas coordenações são, por assim dizer,
antenas dos elementos da figuração, com as quais
esta toca a realidade.
2.1.6 Os fatos, para serem figuração, devem ter algo em comum com o que é afigurado.
2.1.6.1 Pode haver algo idêntico na figuração e no
afigurado a fim de que um possa ser a
figuração do outro
2.1.7 O que a figuração deve ter em comum com a
realidade para poder afigurar à sua maneira —
correta ou falsamente — é sua forma de afiguração
2.1.7.1 A figuração pode afigurar qualquer realidade cuja
forma ela possui. A figuração espacial, tudo o que é
espacial; a colorida, tudo que é colorido, etc.
2.1.7.2 Sua forma de afiguração, contudo, a
figuração não pode afigurar; apenas a exibe.
2.1.7.3 A figuração representa seu objeto de fora (seu ponto
de vista é sua forma de representação), por isso a
figuração representa seu objeto correta ou falsamente
2.1.7.4 A figuração não pode, porém,
colocar-se fora de sua forma de
representação.
2.1.8 cada figuração, de forma qualquer, deve sempre ter em
comum com a realidade para poder afigurá-la em geral — correta
ou falsamente — é a forma lógica, isto é, a forma da realidade
2.1.8.1 Se a forma da afiguração é a forma
lógica, a figuração chama-se lógica
2.1.8.2 Toda figuração também é lógica. (No
entanto, nem toda figuração é, por exemplo,
espacial.)
2.1.9 A figuração lógica pode afigurar o mundo
2.2. A figuração tem em comum com o afigurado a forma lógica da afiguração
2.2.0.1 O afiguração afigura a realidade,
pois representa uma possibilidade da
subsistência e da não-subsistência de
estados de coisas.
2.2.0.2 A figuração
representa uma situação
possível no espaço lógico
2.2.0.3 A figuração contém a
possibilidade da situação, a
qual ela representa
2.2.1 A figuração concorda ou não
com a realidade, é correta ou
incorreta, verdadeira ou falsa.
2.2.2 A figuração representa o que
representa, independentemente de sua
verdade ou falsidade, por meio da forma
da afiguração
2.2.2.1 O que a figuração
representa é o seu sentido
2.2.2.2 Na concordância ou na discordância
de seu sentido com a realidade consiste sua
verdade ou sua falsidade
2.2.2.3 Para reconhecer se uma figuração é
verdadeira ou falsa devemos compará-la
com a realidade
2.2.2.4 Não é possível reconhecer
apenas pela figuração se ela é
verdadeira ou falsa
2.2.2.5 Não existe uma
figuração a priori
verdadeira