É possível e necessário, na aparente monotonia
da vida cotidiana da escola, em particular da sala
de aula, identificar o verdadeiro sentido da
experiência escolar.
Para compreender a forma com que os alunos
sentem sua experiência escolar é preciso
considerar três fatos
Os alunos permanecem
muito tempo na escola
O ambiente em que
trabalham é muito uniforme
Devem
estar ali,
gostem ou
não gostem
A escola é o lugar onde, proporcionalmente, mais se tem
contato com tanta gente durante tanto tempo; onde se
encontra um contexto físico e social bastante estável e
onde o aluno deve aceitar o caráter inevitável de sua
experiência.
Parte da aprendizagem da vida na escola supõe: esperar,
conter-se, submeter-se a ritmos coletivos, aprender a renunciar a
desejos e a esperar que se cumpram, ser interrompido e ainda
assim manter a atenção e o foco e se comportar como se estivesse
sozinho, quando a realidade é bem distinta
Espera-se dos alunos que suportem
heroicamente os contínuos rechaços,
demoras e interrupções de seus anseios
e desejos.
A combinação entre massa (executar tarefas e ordens
sempre com os outros ou na presença de outros), avaliação e
poder dão um sabor específico à vida na sala de aula e
formam conjuntamente um “currículo oculto”, que cada
aluno (e cada professor) deve dominar para se desenvolver
satisfatoriamente na escola.
Na escola, assim como nas prisões, a
boa conduta traz benefícios.
Muitos estudantes conseguem manter sua agressividade
intelectual ao mesmo tempo em que se submetem às leis que
governam o tráfico social nas escolas. Aparentemente é
possível, sob certas condições, formar “homens de ciência
dóceis”, ainda que a expressão pareça conter uma contradição
em seus termos.