Representam o grupo de componentes dietéticos necessários
ao organismo em pequenas quantidades (vitaminas e
minerais). São essenciais para o crescimento infantil e o
desenvolvimento cognitivo, sendo que o ferro, o zinco e a
vitamina A são os principais que atuam nessas funções.
Vitamina A
Lipossolúvel, encontrado em alimentos de origem animal. Atua no
funcionamento adequado do processo visual, na diferenciação celular,
na integridade do tecido epitelial, na proteção contra o estresse
oxidativo, na reprodução e no sistema imunológico. Micronutriente
melhor associado à prevenção de doenças infecciosas.
Fontes: Leite humano, fígado, gema de ovo e leite de vaca; e de
origem vegetal na forma de provitamina A, presente em vegetais
folhosos verdes escuros, vegetais amarelos e frutas
amarelo-alaranjadas, além de óleos e frutas oleaginosas (buriti,
pupunha, dendê e pequi).
Sua carência constitui a principal causa de cegueira evitável na
infância, sendo a faixa etária pré-escolar de maior risco. Alterações
no crescimento, maior predisposição a infecções, alterações
cutâneas e oculares (cegueira noturna, xerose conjuntival,
manchas Bitot, xerose corneal, ulceração corneana e queratomalácia.
Vitamina D
Possui um hormônio chamado calcitriol, tem como função
regular a fisiologia osteomineral, em especial o metabolismo do
cálcio; modulação da autoimunidade e síntese de interleucinas
inflamatórias; controle da pressão arterial; e regulação dos
processos de multiplicação e diferenciação celular, essencial
para o crescimento infantil e aquisição de massa óssea.
Fontes: Vitamina D2- obtida pela irradiação ultravioleta do ergosterol
vegetal e em produtos comerciais; vitamina D3- resultado da
transformação não-enzimática do precursor 7-DHC existente na pele
dos mamíferos, pela ação dos raios ultravioleta; e o 7-DHC está
disponível para consumo em óleo de fígado de bacalhau, atum, cação,
sardinha, gema de ovo, manteiga e pescados gordos.
Sua deficiência está relacionada à
hipocalcemia, hipofosfatemia, tetania,
osteomalácia e raquitismo.
Fatores de risco para deficiência na infância:
Amamentação ao seio sem suplementação/exposição
solar adequada, exposição limitada ao sol, pele negra,
má-absorção de gorduras, insuficiência renal,
síndrome nefrótica, uso de rifampicina, isoniazida ou
anticonvulsivantes, obesidade.
Vitamina K
Atua como cofator para a carboxilação de resíduos específicos de ácido glutâmico
para formar o ácido gama carboxiglutâmico, aminoácido presente nos fatores de
coagulação, se apresenta ligado ao cálcio, podendo regular a disposição do elemento
cálcio na matriz óssea. A carboxilação da vitamina K, está envolvida na homeostase,
metabolismo ósseo e crescimento celular.
Fontes: Vitamina K1 (filoquinoma)- vegetais verdes folhosos, tomate,
espinafre, couve-flor, repolho e batata; vitamina K2 (menaquinoma)-
sintetizada pelas bactérias intestinais; e a vitamina K3 (menadiona)- forma
sintética.
Ferro
É essencial para o transporte de oxigênio, metabolismo energético e a síntese de DNA. Atua
como cofator para enzimas da cadeia respiratória mitocondrial e na fixação de nitrogênio,
principalmente, na síntese da hemoglobina nos eritroblastos, da mioglobina nos músculos e
dos citocromos no fígado.
Estratégias para prevenir a anemia ferropriva são a oferta de alimentos ricos ou fortificados com ferro.
Orienta-se que esses alimentos contendo ferro, sejam oferecidos com agentes facilitadores contendo
vitamina C, a fim de melhorar a absorção do ferro não heme, e deve-se evitar agentes inibidores de tal
absorção (refrigerantes, café, chás, chocolate e leite).
Fontes: dieta, sendo o ferro encontrado sob as formas heme- com boa disponibilidade- em carnes
vermelhas, vísceras, e na forma não home- baixa biodisponibilidade- em leguminosas e verduras
de folhas verde-escuras; e por meio da reciclagem de hemácias senescentes.
Sua carência nutricional é a mais prevalente no mundo, acarretando em anemia ferropriva. O
comprometimento dos estoques de ferro desencadeia alterações em diversos processos
metabólicos. Os sinais clínicos de palidez cutânea e de mucosas é uma manifestação tardia que já
indica anemia importante. O quadro clínico é seguido por apatia, astenia, atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo, retardo do crescimento pôndero-estatural e maior
suscetibilidade a infecções.
Zinco
A ação do zinco está relacionada à regeneração óssea e muscular, ao desenvolvimento
ponderal e à maturação sexual. Apresenta funções em diversos processos biológicos do
organismo, como a síntese proteica, auxílio ao metabolismo de DNA, RNA, carboidratos,
lipídios e energético. Principal função do zinco é sua atuação enzimática, atuando como
componente da estrutura da enzima ou através de atuações regulatórias ou catalíticas no
organismo.
Evidências clínicas demonstram que a suplementação de zinco pode prevenir e reduzir a
gravidade de doenças como diarreia, além de pneumonia e malária.
A deficiência de zinco afeta cerca de 30% das crianças e adolescentes no Brasil, por conta da
ingestão inadequada na dieta, ocorrendo com maior frequência em dietas vegetarianas e na
desnutrição energético-proteica, estado hipercatabólico, insuficiência renal crônica e uso de
agentes quelantes.
Na deficiência leve, observa-se alterações
neurossensoriais, anorexia, atraso no crescimento e
desenvolvimento e redução dos níveis séricos de
testosterona.
Na carência moderada, há evolução de letargia, pele
áspera e espessa, dificuldade de cicatrização, retardo na
velocidade de crescimento e da maturação sexual.
Na deficiência grave, a principal manifestação é a acrodermatite
enteropática. Trata-se de uma doença autossômica recessiva em que ocorre
a deficiência na absorção intestinal de zinco levando à diarreia crônica,
dermatite periorificial e nas extremidades, hipodesenvolvimento, alopecia,
fotofobia e alterações de humor.
Fontes: Carne bovina e de frango, peixe, laticínios, camarão,
ostras, fígado, grãos integrais, castanhas, cereais, legumes e
tubérculos.
No Brasil, a carência de micronutrientes também é considerada um problema de
saúde pública que acomete, principalmente, mulheres e crianças menores de 5 anos.
Destacam-se as carências de ferro, que acometem 21% das crianças menores de 5
anos e Vitamina A que acomete 12,3% de mulheres no período fértil e 17,4% de
crianças menores de 5 anos. (PNDS, 2006)