Tecnologias digitais na formação do docente e discente
Fundamentação
teórica na
formação docente
Há diversas maneiras de as tecnologias
da informação e da comunicação se
relacionarem com o currículo e a
pedagogia escolar
Para que isso ocorra é preciso que o professor seja
formado para isso
A meta é substancialmente
aumentar o contingente de
professores qualificados
A primeira tarefa da união será a revisão
da formação inicial continuada dos
professores para alinha-las à BNCC
A ação nacional será crucial nessa iniciativa, já que se trata da
esfera que responde pela regulação do ensino superior, nível no
qual se prepara grande parte desses profissionais essa é uma
ação fundamental para a implementação eficaz da BNCC
O que torna a formação do professor um desafio
fantástico é a interação com o novo, transformando
esse conjunto de práticas, habilidades e significados
Tal "desafio" continuou a instigar pesquisas sobre a formação de professores
em articulação com tecnologias digitais, entendendo -se que essas
ressignificam a formação docente
A existência da BNCC não é garantia de que seus pressupostos
serão realmente efetivados na escola, pois, além dela, é preciso
que haja o professor, “um/a protagonista central para a
manutenção e/ou transformação de currículos o lançamento de
quaisquer diretrizes curriculares acaba por trazer
posicionamentos acerca da formação de professores/as para o
cerne das discussões”
As teorias sobre o currículo não são
perspectivas acabadas,pois "convertem-se
em marcos orientadores das concepções
sobre a realidade que abarcam, e passam
a ser formas, ainda que indiretas,de
abordar os problemas práticos da
educação"
A BNCC trouxe novos tópicos para um grande
debate, remetendo a toda história do ensino no
país, impactando currículos, escola,livros
didáticos, exames nacionais e etc
A existência da BNCC não é garantia de
que seus pressupostos serão realmente
efetivados na escola,pois, além dela,é
preciso que haja o professor
A BNCC não é currículo, mas sim um documento que determina
os conhecimentos essenciais que os alunos tanto da educação
básica devem aprender ano a ano
Os documentos tratam tanto da formação inicial quanto da continuada, fato que
revela a BNCC como articuladora com um cenário internacional e como espaço
de elos entre o ensino básico e o superior, já que os professores precisariam de
formação para alinhar suas ações
Os currículos das redes devem conter
conhecimentos metodologias e abordagens
pedagógicas de especificidades educais e
culturais
Tecnologias digitais
nos documentos
oficiais
Segundo Saviani (2016, p. 82), “é preciso
garantir não apenas o domínio
técnico-operativo dessas tecnologias, mas a
compreensão dos princípios científicos e dos
processos que as tornaram possíveis”,
Em Szundy (2017), há reflexão sobre as concepções de
linguagem que subjazem o documento e levam à
percepção de uma consideração intrínseca do meio
digital nas práticas de ensino
Metodologia
Pelo foco na abordagem do digital,
tendo em vista a considerável
presença do termo digital no
documento
Pelo trabalho com a leitura e a escrita, que
revelam valores para os grupos
Este trabalho está situado no campo da Linguística Aplicada, em
diálogo com os Novos Estudos do Letramento (Street, 2003), haja vista
a centralização na linguagem e na relevância social (Valsechi e
Kleiman, 2014), e configura-se como documental (Lüdke e André,
1986), tendo a BNCC como seu objeto. Trata-se de documento público
não arquivado (Cellard, 2008), uma vez que está disponível para a
realização de estudos.
A fim de compreender propostas com o digital nas diferentes áreas da
BNCC, o processo de análise de conteúdo do documento foi iniciado
com a tomada de decisão sobre a unidade de registro (Lüdke e
André,1986), ou seja, segmentos de conteúdo e trechos de texto, a
respeito do termo “digital”.
Concepções de
letramento nas
diferentes
áreas
Ao considerar os modelos de letramento propostos por Street (1984),
o emprego desse termo ocorre pelo viés ideológico, já que
“letramento é uma forma socialmente construída [sua] constituição
depende de formações políticas e ideológicas, sendo estas também
responsáveis por suas consequências”
Assim, o modelo ideológico opõe-se ao autônomo, no sentido de
que o letramento é concebido como um conjunto de práticas sociais
em seus contextos, e não mais como habilidades de âmbito
universal (Street, 1984).
Algumas práticas que são consideradas pelo letramento científico, no
documento são: atividades de campo, manejo de dados, discussões etc.
Seria por meio delas que os alunos iriam lidar com o texto escrito,
visando às práticas sociais de emprego da língua, dialogando com “uma
linha de pensamento que considera que a ciência esteja associada a
questões sociais” (Silva et al., 2018, p. 88)
Hoje, podemos encontrar novas discussões
sobre o letramento científico em outros
domínios que não só nas Ciências. Na
leitura do documento, o termo “científico”
restringiu-se aos trabalhos da área,
fazendo-nos questionar a respeito do que
sejam o “letramento científico” e a ciência.
Na pesquisa de Silva et al. (2018), oda Natureza citando
exemplos de outras áreas. Além disso, nem mesmo os
professores de linguagem como s entrevistadovoltaram-se às
Ciências lócus de produção de ciência.s de Educalíngua nem
os demais entrevistados consideraram os estudos dação
Física e Letras, na tentativa de explicar o que era ciência,
destaca que, com o tempo, teorias são revistas na
tentativa de buscar a ciência plural. Logo, não é possível
traçar “concepções universais de ciência, pois o interesse
maior é o da emancipação do sujeito em relação à sua
natureza ou a limitações sociais, envolvendo concepções
diversas”
Com efeito, verificamos a limitação do
entendimento de letramento científico
expresso pela BNCC, pois apenas na área
de Ciências ele é mencionado. Ao refletir
sobre a formação docente inicial, urge a
amplitude da discussão sobre o fazer
científico, principalmente nas
licenciaturas.
Na área de Matemática, aborda-se “letramento matemático”, compreendido
como a “capacidade individual de formular, empregar e interpretar a
matemática em uma variedade de contextos [...] raciocinar
matematicamente e utilizar conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas
matemáticas para descrever, explicar e predizer fenômenos” (Brasil, 2017, p.
264, grifos nossos)
Segundo Fonseca (2004, p. 27), há diferentes designações para tratar
de uma noção de Matemática como uma prática sociocultural:
“alfabetismo, alfabetismo funcional, letramento [...] numeramento
[...]”. O autor, assim como a BNCC, emprega “letramento”, em função
da concepção de “habilidades matemáticas como constituintes das
estratégias de leitura que precisam ser implementadas para uma
compreensão da diversidade de textos que a vida social nos
apresenta”
Toda a discussão, centrada em uma postura reflexiva
sobre linguagem na Matemática, apresenta a
necessidade de uma nova postura para professores e
alunos. Estes, na maioria das vezes, acreditam que na
aula de Matemática não é preciso ler e refletir, mas
apenas se chegar a respostas lógicas. Com essa nova
proposta do documento, essas ideias precisam ser
repensadas, pois o aluno deve saber utilizar seus
conhecimentos em problemas reais
Para Santos et al. (2017, p. 4), a fim de desenvolver habilidades matemáticas, é necessário que o sujeito
se constitua como ser letrado, ou seja, que entenda e aplique práticas de leitura e escrita para “resolver
problemas não somente escolares, mas de práticas cotidianas [...] ações relacionadas aos diferentes usos
socioculturais da matemática”. Por esse motivo é que a BNCC afirma que os currículos devem aproximar
as temáticas de matemáticas ao universo da cultura, das contextualizações.
Na área de Linguagens, o documento emprega a noção dos “novos” e dos
“multiletramentos”. Segundo Rojo (2012), pela necessidade do trabalho com a
diversidade cultural e linguística na escola, passou-se a pensar em uma pedagogia
dos multiletramentos, em 1996, a partir de um manifesto resultante de um colóquio
do Grupo de Nova Londres - grupo de pesquisadores dos letramentos
Os textos compostos de muitas linguagens (semioses) exigem
“capacidades e práticas de compreensão e produção de cada uma
delas (multiletramentos) para fazer significar” (Rojo, 2012, p. 19).
Por isso, na BNCC, no componente Língua Portuguesa, sugere-se
a exploração das ltucuras locais, das culturas juvenis, valorizando
o resgate, a valoração e a divulgação da produção artística dos
jovens, dos indígenas etc.
Tão logo, compreender outros elementos que acarretam no
entendimento das práticas letradas pela BNCC é indispensável,
como o entendimento sobre as tecnologias (digitais) envolvidas e
os gêneros discursivos que as constroem.
Independentemente do termo empregado pelas áreas (“letramento
científico”; “letramento matemático”; “multiletramentoolíticos e
ideológicoss”), a noção de letramento se volta ao modelo ideológico,
compreendendo-se as práticas de escrita como formas socialmente
construídas, dependentes de aspectos políticos e ideológicos
Entendimento sobre tecnologias digitais na BNCC
Ao entendermos a BNCC como potencial modificadora de formas
de atuação de professores e, portanto, incidente em (im)possíveis
mudanças em sua formação, percebemos um posicionamento do
documento: o necessário domínio de tecnologias digitais pelo
docente
Na primeira competência, o digital
é visto como um universo e se
integraria a outros coexistentes
pelos quais transitam os indivíduos,
o que se aproxima à ideia de
ciberespaço (Lévy, 1999)
Na segunda competência,
as tecnologias são
ferramentas para se agir
concretamente
Na quarta competência, o digital é
evocado com nova conotação: a de
linguagem. As áreas necessitam
empregar diferentes linguagens, ou
seja, o entendimento não é mais como
espaço ou ferramenta, mas semiose
Na quinta competência, entende-se o digital
como TDIC e uma abordagem delas, dentro e fora
da escola, aos moldes de uma “pedagogia dos
multiletramentos”, fundamentada na
diversidade de letramentos
Ao serem delineados, cremos que poderemos
contribuir para reflexões sobre a formação
docente que se repercutem no ensino escolar
com tecnologias digitais. Com efeito, é preciso
despertar a atenção dos professores para a
discussão dos valores atribuídos ao digital,
nas diferentes áreas, diante do novo
documento oficial para o ensino, incluindo-se
os formadores de professores, papel no qual
nos identificamos.
A BNCC diz propor a compreensão, a utilização e a
criação de tecnologias digitais de forma significativa,
reflexiva e ética, para que o aluno produza
conhecimento, resolva problemas, atribuindo ao aluno
papel mais responsável, autônomo e colaborativo
Gêneros discursivos associados ao meio
digital propostos nas áreas
Antes de tratar desses gêneros e de suas implicações
para o ensino, é importante mencionar que os
concebemos como elementos compostos de conteúdo
temático, forma composicional e estilo, então
realizados em práticas de linguagem de uma esfera
social (Bakhtin, 2003[1953]
A partir dessa forma de inclusão dos gêneros discursivos, analisamos os
dizeres de todas as áreas do documento, para encontrar sua indicação ou
menção, em interseção com tecnologias digitais, visto ser a atuação em
práticas contemporâneas, a forte ênfase da BNCC
É inegável a tentativa de a BNCC promover
um trabalho com o digital em todas as áreas,
explicitado desde sua “Introdução” e nas
“Competências gerais”.
A ênfase excessiva nos (novos) gêneros pode
contradizer ainda a ideia de gênero discursivo
que baseia o próprio documento, já que, como
instiga Corrêa (2018, p. 120), o surgimento dos
novos gêneros pode levar a “perde[re]m-se de
vista as práticas sociais
De outro modo, os desafios para a
formação docente (inicial e
continuada) são também reflexos da
BNCC