As micoses sistêmicas endêmicas
no Brasil são:
Paracoccidioidomicose,
Histoplasmose, Coccidioidomicose
e Criptococose.
Paracoccidioidomicose
Manifestações clínicas
A paracoccidioidomicose
pode apresentar-se como
subclínica ou progressiva,
juvenil e crônica
Verifica-se que muitas das infecções
primárias são auto-limitadas, não
havendo progressão da doença
pulmonar. O organismo pode
tornar-se inativo por um longo
período de tempo, no entanto se se
verificar uma evolução para
imunossupressão do hospedeiro, este
pode reativar-se e causar patologia
clínica.
Nem todos os indivíduos apresentam
manifestações pulmonares da doença, a
infecção pode disseminar-se para locais
extrapulmonares, como pele e mucosa,
linfonodulos, glândulas adrenais, fígado,
baço, quando esta não é diagnosticada nem
tratada.
A forma aguda afeta pacientes jovens de ambos
os sexos, enquanto a crônica é mais prevalente
em adultos masculinos, com envolvimento
pulmonar e cutâneo. É mais frequente em
homens expostos ao habitat do fungo pelo
trabalho agrícola. Em mulheres, a infecção é rara
em função do papel protetor do hormônio
estrogênio.
Forma juvenil
Afeta geralmente pessoas de 3-30
anos, causa enfartamento
ganglionar, linfadomegalia,
hepatomegalia e lesões cutâneas.
Forma pulmonar
crônica
A forma pulmonar crônica da doença afeta,
maioritariamente, os adultos e apresenta-se com
problemas respiratórios, muitas vezes como
manifestação única. A doença vai avançando
lentamente durante meses ou até mesmo anos, com
sintomas de tosse persistente, expetoração purulenta,
dor torácica, perda de peso, dispneia e febre. As
lesões pulmonares são nodulares, infiltrativas e
fibróticas.
Forma progressiva
A pessoa faz a inalação que chegará
no parênquima pulmonar, causa
alterações teciduais no parênquima
pulmonar. Acomete 90% das
pessoas e a doença costuma
regredir.
Modo de transmissão
Agente etiológico
A paracoccidioidomicose é uma
infeção sistêmica causada pelo fungo
dimórfico Paracoccidioides
brasiliensis.
O Paracoccidioide brasiliensis é um
fungo dimórfico, e como tal tem
uma fase filamentosa/pluricelular e
outra fase de levedura.
A fase filamentosa tem um crescimento lento in
vitro a 25 ºC em que as colônias com coloração
branca tornam-se visíveis em cerca de 3 a 4
semanas. Estas colônias também se podem
apresentar enrugadas de cor acastanhada. A
forma miceliar não é usada para o diagnóstico,
pois não tem características que permitam a sua
distinção. Esta apresenta hifas hialinas, septadas
com clamidoconídios intercalados. Assim, para
que seja identificado P. brasiliensis é necessário
que esta forma se converta na forma de levedura.
A forma de levedura cresce em cultura a 37 ºC
e é também observada nos tecidos. As células
leveduriformes apresentam-se com uma forma
oval a esférica, com tamanhos variáveis de 3 a
30 µm ou até mesmo maiores, com paredes
retráteis duplas e gémulas únicas ou múltiplas
que dão origem a blastoconídios.
Os blastoconídios estão ligados à célula-mãe por
uma ligação estreita, e uma célula pode originar
cerca de seis ou até mais células filhas, com
tamanhos variados. Deste modo, o número de
blastoconídios, o tamanho e as suas ligações à
célula-mãe são as características que permitem a
identificação deste fungo.
LEGENDA- Paracoccidioides brasiliensis em forma de
levedura; múltipla gemulação. (fonte:
http://www.mycology.adelaide.edu.au/)
LEGENDA- Células leveduriformes de P.
brasiliensis sob forma de gemulação em "roda
de leme" (Murray et al., 2010; Góes, 2014)
As condições adequadas ao crescimento do
fungo são a alta humidade, muita
vegetação, temperaturas moderadas e
solo ácido. Estas condições são
predominantes nas zonas junto aos rios.
Apesar destas condições serem favoráveis
ao desenvolvimento de P. brasiliensis, este
não tem o seu habitat ainda bem definido.
A porta de entrada é a inalação ou
inoculação traumática.
LEGENDA- Ciclo do Paracoccidioides brasiliensis,
fase saprófita e de levedura. (Fonte: Murray, P.,
Rosenthal, K. Pfealler, M., Microbiologia Médica,
5ª Ed, Elsevier, Rio de Janeiro, 2006).
Epidemiologia
A paracoccidioidomicose é endemica na América do
Sul, com maior incidência no Brasil, Venezuela e
Colômbia. O Brasil é considerado um centro
endêmico dessa doença, com maior prevalência
nas regiões sul, sudeste e centro-oeste.
Diagnóstico
O diagnóstico de
Paracoccidioidomicose é estabelecido
pela observação direta de células
leveduriformes características do fungo
P. brasiliensis no exame microscópico
em amostras de expetoração, lavado
broncoalveolar, raspados ou biópsias
de úlceras, pus ou líquido
cefalorraquidiano.
Tratamento
O tratamento da Paracoccidioidomicose é
atualmente feito com a administração de
itraconazol durante 6 meses. Em casos de
recidiva a escolha recai sobre a
anfotericina B durante algum tempo,
devendo posteriormente ser retomado o
itraconazol.
Histoplasmose
Modo de transmissão
Agente etiológico
A histoplasmose é causada pelo
fungo Histoplasma capsulatum, mais
precisamente por duas variedades
deste - H. capsulatum var.
capsulatum e H. capsulatum var.
duboisii
Morfologia do
Histoplasma
capsulatum
O fungo H. capsulatum apresenta-se
sob duas formas, miceliana e
leveduriforme.
Em forma de micélio ou também
chamada filamentosa, cresce em uma
temperatura de 25°C, é composto de
hifas hialinas, septadas e ramificadas,
que produzem microconídios
geralmente esféricos, medindo de 2-4
µm e e macroconídios que medem em
torno de 8-20 µm (podem ou não ser
tuberculados)
Na forma parasitária ou em
cultivo a 37ºC, o fungo é
encontrado sob a forma
leveduriforme, que são
estruturas unibrotantes e
arredondadas, medindo de
2-5 µm de diâmetro
LEGENDA- Figura 9.1 - Fase saprófita do Histoplasma capsulatum. (Fonte:
http://www.infoescola.com/). Figura 9.2 - Estruturas leveduriformes
intracelulares de Histoplasma capsulatum. (Fonte:
http://www.higiene.edu.uy/)
H. capsulatum é um fungo saprófita e
solos contaminados com fezes de aves e
morcegos servem como reservatório
para o mesmo. As fezes desses animais
são formadas por fontes de compostos
nitrogenados, que são nutrientes
necessários para o crescimento desse
fungo.
O homem adquire a infecção através da
inalação dos conídeos presentes no solo e
material contaminado por dejetos de
morcegos ou aves. Os esporos vão para o
ar, quando o solo contaminado é inalado
pode causar infecção. A histoplasmose
não é transmitida de pessoa para pessoa
LEGENDA- Ciclo de vida do Histoplasma capsulatum.1- O H. capsulatum, no
ambiente, existe como um molde com hifas aéreas; 2- As hifas produzem
aerossóis de micro e macroconídios que estão dispersos no ambiente; 3- Os
microconídios são inalados, por um hospedeiro suscetível, para dentro dos
pulmões; 4- A temperatura mais elevada dentro do hospedeiro permite a sua
transformação em forma oval, em levedura de gemulação; 5- As leveduras são
fagocitadas por células do sistema imunitário e transportadas para os
linfonodos; 6- A partir daí eles circulam no sangue para outras partes do
organismo. (fonte: http://www.cdc.gov/)
Manifestações clínicas
As manifestações clínicas da
histoplasmose dependem da
intensidade da exposição e do
sistema imunológico do hospedeiro.
Numa exposição de pequena
intensidade, cerca de 90% das
pessoas têm uma infecção
assintomática
A histoplasmose pode originar
uma infecção crônica, aguda e
disseminada
As complicações da histoplasmose
consistem em insuficiência respiratória
aguda, inflamações, como
linfadenopatia com obstrução
brônquica, artrite, artralgias ou
pericardite. A fibrose mediastinal é
uma das complicações, no entanto
com rara incidência
Forma crônica
Em indivíduos tabagistas, com mais de 50 anos de idade, portadores de
doença pulmonar crônica obstrutiva (DPOC), a histoplasmose pulmonar
pode progredir lentamente para uma forma fibrocavitária crônica que
acomete principalmente os lobos superiores dos pulmões; clinicamente
observa-se a presença de febre baixa vespertina, perda de peso, sudorese
noturna, dor torácica e tosse com expectoração hemoptóica, quadro este
indistinguível daquele observado na tuberculose pulmonar. A radiografia e a
tomografia computadorizada do tórax mostram infiltrados intersticiais nos
ápices pulmonares (mais comum à direita) com cavitações de paredes
espessas. Derrame pleural raramente é observado, embora espessamento
da serosa adjacente às lesões esteja presente em 50% dos casos. Essa forma
clínica evolui para a insuficiência respiratória ou à caquexia, é fatal em 80%
dos casos e mostra pouca tendência para evoluir para fora dos pulmões.
Forma disseminada
A histoplasmose disseminada aguda ocorre
principalmente em indivíduos
imunocomprometidos em estado de SIDA,
como os transplantados de órgãos, e os
neoplásicos que fazem quimioterapia. Além
destes, as crianças com menos de um ano
de idade e adultos em condições
debilitantes também correm risco.
Esta forma pode apresentar-se com um quadro
semelhante ao de um choque séptico com febre,
hipotensão, infiltrados pulmonares e insuficiência
respiratória. Esta forma se não for tratada também
é fatal dentro de dias a semanas.
Forma aguda
Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem artrite ou
artralgias associadas a quadros de eritema nodoso. A
radiografia convencional do tórax revela a presença de
infiltrados reticulonodulares acompanhados de
linadenopatia hilar e paratraqueal. Em raras ocasiões,
estes linfonodos acometidos podem atingir grandes
tamanhos, coalescerem e comprimirem estruturas
intratorácicas tais como traquéia, esôfago, brônquios e
grandes vasos (veia cava inferior). Pericardite com
derrame e efusão pleural ocasionalmente acompanham
o quadro da histoplasmose aguda.
Em raras ocasiões, a inflamação
pericárdica pode ter evolução crônica,
semelhante àquela ocasionada pela
tuberculose, podendo levar, inclusive, à
pericardite constritiva.
A doença tende a resolver sem tratamento específico na
grande maioria dos casos em cerca de duas a quatro
semanas, levando à formação de nódulos cálcicos
disseminados em ambos os campos pulmonares. A
cicatrização de um infiltrado localizado pode levar ao
desenvolvimento de um nódulo residual, que aumenta
progressivamente à medida que material fibrótico vai
se depositando ao seu redor; esta lesão é denominada
histoplasmoma e sua descoberta ocasional em uma
radiografia de tórax pode levar ao diagnóstico errôneo
de neoplasia pulmonar, particularmente quando não há
calcificações no interior da lesão. Reinfecções podem
provocar o desenvolvimento de novo quadro clínico,
embora mais leve, e de curta duração.
Epidemiologia
A histoplasmose originada pela
var. capsulatum localiza-se em
regiões amplas perto dos vales
dos rios de Ohio e Mississipi, nos
Estados Unidos, e por todo o
México e América Central e Sul.
Diagnóstico
A histoplasmose pode ser diagnosticada
por microscopia direta, cultura de
sangue, medula óssea ou outro material
clínico, também por sorologia e pela
deteção do antigénio no sangue e urina.
Tratamento
A terapêutica da Histoplasmose varia de acordo com a
síndrome clínica e o estado imunitário do hospedeiro, não
sendo específico da variedade de Histoplasma. A maioria
dos doentes recupera sem tratamente antifúngico
específico. O tratamento consiste na administração inicial
de anfotericina B, seguida da administração de
itraconazol durante 12 semanas no caso de doença
pulmonar grave, 12 a 24 meses no caso de doença
pulmonar crônica, 6 a 18 meses no caso das formas
disseminadas e dependendo do órgão afetado. Os
doentes com SIDA (síndrome da imunodeficiência
adquirida) devem manter a terapêutica indefinitivamente
para prevenir recidivas.
Coccidioidomicose
Manifestações clínicas
A coccidioidomicose
manifesta-se sob três
formas clínicas principais:
forma pulmonar primária;
forma pulmonar progressiva
e forma disseminada.
Coccidioidomicose
pulmonar primária
A mais frequente apresentação da
coccidioidomicose caracteriza-se por manifestações
pulmonares que geralmente surgem de uma a três
semanas após a exposição ao fungo. Cerca de 60%
dos indivíduos infectados evoluem para a cura
espontânea sem manifestações clínicas ou
radiológicas. Os demais 40% geralmente
apresentam manifestações de doença respiratória
aguda, simulando gripe, com febre, sudorese
noturna, tosse e/ou dor torácica tipo pleurítica.
As manifestações surgem entre 10 e 15 dias
após a exposição ao fungo, e a intensidade dos
sintomas depende diretamente da carga
infectante, variando desde um estado gripal até
o quadro de uma grave infecção respiratória
inespecífica, com febre alta, dor torácica, tosse
com ou sem expectoração, acompanhada de
sintomas gerais ou manifestações alérgicas,
destacando-se o eritema nodoso.
Essa forma da coccidioidomicose
geralmente regride
espontaneamente para a cura em
30-60 dias, mesmo sem tratamento
antifúngico. No entanto, cerca de
5% desses pacientes evoluem com
lesões pulmonares residuais,
geralmente nódulos solitários, que
na maioria dos pacientes são
assintomáticos.
Esses casos muitas vezes são diagnosticados após a
retirada cirúrgica por suspeita de carcinoma pulmonar.
Outros 5% desses pacientes evoluem com formação de
cavidades de paredes finas, solitárias e justapleurais,
podendo regredir espontaneamente em cerca de 2
anos. Em alguns casos, principalmente em pacientes
diabéticos ou imunocomprometidos, a forma pulmonar
aguda não regride, evolui para uma pneumonia crônica
e caracteriza-se pela formação de cavidades
pulmonares.
Os pulmões também podem ser acometidos
difusamente, como resultado da inalação de
uma grande quantidade de artroconídios
infectantes ou como apresentação tardia e
secundária resultante de disseminação
hematogênica. Essas formas apresentam-se
com múltiplos infiltrados difusos, os
maiores podendo apresentar cavidades que
cursam com manifestações respiratórias
graves, que podem levar a insuficiência
respiratória, e são mais comumente
observados em pacientes
imunocomprometidos. A evolução pode ser
fulminante, mimetizando choque séptico,
ao lado da síndrome da angústia
respiratória aguda, com elevada letalidade.
Coccidioidomicose
pulmonar progressiva
Geralmente crônica, evolui a partir de primoinfecção cujos
sintomas não regrediram após 2 meses. Pode
apresentar-se como: 1) lesões nodulares ou cavitárias, às
vezes representando achado radiológico casual; 2) doença
pulmonar fibrocavitária; 3) disseminação miliar pulmonar,
com manifestações clínicas e radiológicas inespecíficas.
Pela sua evolução crônica progressiva, constitui
importante diagnóstico diferencial com a TB pulmonar.
Coccidioidomicose
disseminada
Aproximadamente 0,2% dos
pacientes com a forma
pulmonar primária evoluem
com disseminação das lesões,
predominantemente para a
pele, sistema nervoso central e
sistema osteoarticular. A
presença de linfadenomegalias
mediastinais ou paratraqueais
são indicativas de
disseminação.
A forma disseminada geralmente evolui de maneira
aguda, atingindo vários órgãos ou sistemas, sendo
rapidamente fatal quando não diagnosticada e
tratada a tempo.Porém, pode evoluir de forma
protraída, disseminando-se para vários órgãos, com
períodos de remissão e recrudescência,
independentemente de tratamento antifúngico. As
lesões de disseminação mais frequente são
verificadas na pele, no sistema nervoso central, em
ossos e articulações e no aparelho gênito-urinário.
Lesões cutâneas são a
localização extrapulmonar
mais comum, com predileção
pela face, apresentando-se
geralmente papulosas ou
verrucosas, mas também
podem aparecer formas em
placa, abscessos superficiais,
pústulas e lesões
granulomatosas.
Modo de transmissão
Agente etiológico
A coccidioidomicose é uma
infeção causada por duas
espécies de Coccidioides, C.
immitis e C. posadasii, sendo
estas indistinguíveis.
Conceitua-se atualmente que C. immitis corresponde aos
fungos isolados na Califórnia, sobretudo no Vale do São
Joaquim, nos Estados Unidos, e a espécie C. posadasii
prevalece em todas as demais áreas endêmicas do
continente americano, desde o sul dos Estados Unidos até
a Argentina. Dessa maneira, o agente da
coccidioidomicose no Brasil denomina-se C. posadasii.
LEGENDA - a) exame microscópico de escarro em
preparação com hidróxido de potássio a 10%,
demonstrando a fase parasitária do fungo, representada
por esférula repleta de endósporos; b) forma parasitária do
Coccidioides immitis caracterizada por esférula repleta de
endósporos em espécime obtido através de biópsia
pulmonar transtorácica. (fonte: DEUS FILHO, Antônio de.
Capítulo 2: coccidioidomicose. J. bras. pneumol., São Paulo ,
v. 35, n. 9, p. 920-930, Sept. 2009 )
Esférula de C. immitis (fonte:
Murray et al., 2010)
Fase filamentosa de C. immitis (fonte:
Murray et al., 2010)
Coccidioides immitis é um fungo
dimórfico que existe na forma de
bolor na natureza e em
laboratório, quando cultivado a
25 ºC como esférula
endosporulada no tecido e sob
condições específicas in vitro.
As hifas vegetativas dão origem a hifas férteis que
produzem, frequentemente, artroconídios hialinos.
Quando inalados, os artroconídios, com diâmetro de 2,5
µm a 4 µm, ficam com forma arredondada e
convertem-se em esférulas no pulmão.
Após a maturidade, as esférulas vão produzir
endósporos por clivagem progressiva. Este
rompimento leva a que sejam libertados endósporos
e que estes originem novas esférulas.
Esta micose é causada pela
inalação dos artroconídios
infecciosos presentes no solo
onde o fungo cresce
saprofiticamente sob a forma
filamentosa. A infecção pode ser
assintomática, progressiva ou,
até mesmo, mortal.
LEGENDA- Ciclo de vida do
Coccidioides immitis na fase
filamentosa (saprofítica) e de esférula
(parasitária) (fonte: Murray, P.,
Rosenthal, K. Pfealler, M.,
Microbiologia Médica, 5ª Ed, Elsevier,
Rio de Janeiro, 2006).
Epidemiologia
A coccidioidomicose é endémica
no sudoeste dos Estados Unidos,
norte do México e em áreas
dispersas da América Central e
do Sul.
Diagnóstico
O diagnóstico da coccidioidomicose é
realizado por exame histopatológico do
tecido ou outro material clínico, por
isolamento do fungo em cultura e por
teste sorológico.
Tratamento
A maioria das pessoas com sintomatologia ligeira não necessita de
tratamento antifúngico específico. Somente uma pequena percentagem das
pessoas, que assume formas mais severas de doença pulmonar ou com
maior risco de desenvolver doença (HIV, transplantados, imunodeprimidos,
grávidas no 3º trimestre de gravidez ou pós-parto), necessita de tratamento.
Este é feito inicialmente com a administração de anfotericina B, seguida de
um azol (itraconazol ou fluconazol) oral durante 1 ano. No caso de infeções
disseminadas extrapulmonares ou coccidioidomicose meningea o
tratamento é feito com a administração de azóis (itraconazol ou fluconazol)
e em caso de fracasso terapêutico deve ser aumentada a dose ou
administrar anfotericina B. O tratamento cirúrgico pode ser necessário no
caso se complicações como rompimento de uma cavidade no espaço pleural,
hemoptise recorrente ou lesões refratárias localizadas.
Criptococose
Manifestações
clínicas
O Cryptococcus neoformans pode infetar
qualquer órgão, mas o que este atinge mais
é o pulmão, sendo este órgão a porta de
entrada para a infeção. Este pode ainda
atingir o SNC como uma infeção secundária
à do pulmão.
A infecção pulmonar pode ser assintomática ou
pode progredir para uma pneumonia com
insuficiência respiratória, colocando o doente
em risco de vida, principalmente o que tem HIV.
Ao atingir o SNC, C. neoformans causa meningite
e meningoencefalite, podendo apresentar-se
como subaguda ou crônica, mas também pode
ser fulminante. Os sinais e os sintomas variam
de pessoa para pessoa, mas os que se
apresentam com maior frequência são febre,
cefaleia, distúrbio visual, estado mental alterado
e convulsões. Assim, o quadro clínico depende do
estado do sistema imunitário do doente.
As lesões parenquimatosas do
SNC são mais comuns no caso
de infecção por C. neoformans
var. gattii em hospedeiros
imunocomprometidos, mas são
raras no caso de infeção com a
var. neoformans.
As lesões cutâneas são outro tipo de
manifestações da criptococose, mas ocorrem
com menor frequência. Estas lesões são
relatadas como tendo a aparência de molusco
contagioso e são normalmente a expressão da
disseminação hematogénica do fungo, que pode
ser única ou múltipla. As lesões da pele podem
apresentar-se, então, como pápulas, pústulas,
vesículas e úlceras.
Nos últimos anos, o aumento do número de
casos da síndrome da imunodeficiência
adquirida (SIDA) foi acompanhado pelo
aumento da incidência de criptococose. Dessa
forma, a criptococose é atualmente
considerada a doença oportunista com maior
morbidade e mortalidade entre os pacientes
soropositivos, além de ser considerada
atualmente uma das micoses mais comuns
em pacientes portadores da SIDA
Modo de transmissão
agente etiológico
Criptococcose é uma micose sistêmica
causada principalmente por fungos
pertencentes ao complexo
Cryptococcus neoformans, cujos
membros são C. neoformans e
Cryptococcus gatti.
A variante gattii encontra-se com
maior frequência nas zonas
tropicais ou subtropicais, tendo
sido isolada em eucaliptos.
Enquanto, que a C. neoformans
var neoformans habita em
pombos e aves, e no solo
contaminado por excrementos
destes.
O C. neoformans é um fungo
leveduriforme encapsulado, tem forma
esférica a oval e 2 a 20 µm de diâmetro.
A sua reprodução é por gemulação a
partir de uma base relativamente
estreita. O ciclo de vida consiste em duas
fases, fase vegetativa e sexual.
A forma de levedura é a forma que se
encontra mais no seu habitat natural,
pombos e outras aves, e nas amostras
clínica. Enquanto, que os tubos
germinativos, as hifas e as pseudo-hifas,
normalmente, não são observados no
material clínico.
As células do C. neoformans
apresentam-se, nos tecidos ou através da
coloração com tinta-da-china, com vários
tamanhos, formas (esféricas, ovais ou
elípticas), e contornadas pela cápsula
polisacarídica extracelular que se
apresenta como um contorno regular e
visualmente transparente. Esta cápsula é
uma característica específica deste fungo.
O Cryptococcus neoformans var.
neoformans produz colônias com
coloração branca a creme, lisas e com
aspecto de muco. Quanto maior for a
cápsula, mais a colónia tem aspecto de
muco. A temperatura ótima de
crescimento desta variante é a 30 - 32
ºC e a temperatura máxima é,
normalmente, 39 ºC. Em relação ao C.
neoformans var. gattii, as colônicas
têm a mesma coloração do que as
anteriores e têm ainda mais aspecto de
muco. A temperatura ótima de
crescimento é a 30 - 32 ºC.
LEGENDA- Preparação com tinta da china em que se
observa Cryptococcus neoformans com uma cápsula
grande. (Fonte: http://www.doctorfungus.org/)
LEGENDA- Aspecto microscópico de segmento de
pulmão afetado pelo Cryptococcus neoformans.
Os alvéolos estão totalmente preenchidos por
fungos com membrana de duplo contorno e que
se reproduzem por brotamento simples. Os fungos
estão separados entre si por espessa cápsula
mucopolissacarídica, não individualizável nesta
coloração (HE). Este é o aspecto mais característico
da espécie. A cápsula tem espessura semelhante
ao diâmetro do corpo celular do fungo. (Fonte: DE
CRIPTOCOCOSE, Grupo do Consenso. Consenso em
criptococose-2008. Rev Soc Bras Med Trop, v. 41, n.
5, p. 524-44, 2008.)
A infecção ocorre geralmente pela inalação do
agente etiológico, C. neoformans, presentes em
poeiras contaminadas, levando à infecção primária
do sistema respiratório. Esse fungo pode
disseminar-se sistemicamente por via
hematogênica ou linfática e atingir outros órgãos,
principalmente o sistema nervoso central
(meningoencefalite), pele, linfonodos, ossos e
outros.
LEGENDA- Ciclo da infeção com Cryptococcus
neoformans. (Fonte:
http://www.bmolchem.wisc.edu/)
Epidemiologia
Cryptococcus neoformans é cosmopolita, ocorre em
diversos substratos orgânicos, frequentemente
associa-se a habitat de aves, excretas secas, ricas em
fontes de nitrogênio, como uréia e creatinina.
Condições favoráveis ao crescimento abundante desta
levedura formam microfocos, notadamente em
centros urbanos e relacionados a pombos. O ambiente
domiciliar, particularmente na poeira doméstica, pode
apresentar positividade (50% e 13%). O habitat de
diferentes espécies de aves foi encontrado positivo,
sobretudo aves gregárias em cativeiro.
Cryptococcus gattii tem sido isolado do
ambiente principalmente em regiões tropicais
e subtropicais, mas áreas de clima temperado
e frio devem ser incluídas em sua
distribuição. Seu habitat natural foi
inicialmente descrito na Austrália, associado a
restos vegetais de Eucalyptus camaldulensis.
Diagnóstico
A infeção causada pelo
Cryptococcus neoformans pode
ser diagnosticada através de
vários métodos, como
observação de preparações
microscópicas, teste serológico,
cultura de sangue ou líquido
cefalorraquidiano.
Tratamento
A escolha do tratamento depende do estado
imunológico do hospedeiro e da presença de
infecção extrapulmonar. Em pacientes
imunocompetentes, o tratamento pode ser
realizado com fluconazol, 400mg/dia por 6 a
12 meses. Alternativas incluem itraconazol e
voriconazol. Para a criptococose pulmonar
em pacientes com evidência de infecção
disseminada, acometimento de SNC ou
pneumonia grave, o tratamento é separado
em fase de indução, consolidação e
manutenção.
A terapiade indução é
tipicamente realizada com
anfotericina B em dose de 0,7
a 1mg/kg/dia, mais flucitosina,
100mg/kg/dia. Em pacientes
transplantados e pacientes com
disfunção renal, formulações
lipídicas de anfotericina B podem
ser usadas para minimizar a
nefrotoxicidade.
O fluconazol é utilizado para consolidação
e terapia de manutenção com doses variando
de 400 a 800mg/dia e 200 a
400mg/dia,respectivamente. Infecção leve a
moderada isolada nos pulmões é tratada
com fluconazol, 400mg/dia por um período
mínimo de 6 a 12 meses, mesmo
em imunodeprimidos. Pacientes
assintomáticos com nódulos solitários
ressecados, antígenocriptocócico sérico
indetectável e nenhuma evidência de infecção
extrapulmonar podem ser observados sem
terapia antifúngica específica.
Nas formas graves, principalmente de
SNC, seja o paciente infectado ou não
pelo HIV, a fase de indução tem por
objetivo negativação ou redução efetiva
da carga fúngica, tendo como período
mínimo de tratamento de duas
semanas. A fase de consolidação
compreende manutenção de
negatividade micológica e normalização
de parâmetros clínicos e laboratoriais,
por pelo menos oito semanas. Segue-se
a fase de supressão também chamada
de manutenção, por mínimo de 1 ano
com tempo adicional variando de acordo
com a condição do estado imune do
hospedeiro.
Principais agente
etiológicos
fungos
dimórficos
Estes apresentam-se na forma
pluricelular, ou filamentosa, no
ambiente, e alteram esta forma
quando atingem o hospedeiro,
tornando-se unicelular ou
leveduriforme.
Definição
As micoses sistêmicas são infeções
que têm origem nos pulmões e que se
podem disseminar para todos os
órgãos ou tecidos.
A via primária de contato é o
parênquima pulmonar a partir
da inalação e o fungo a partir do
parênquima pulmonar tem a
capacidade de disseminar ou
não dependendo do sucesso da
resposta imunológica.
TRATAMENTO
As infeções causadas por fungos são tratadas
com fármacos antifúngicos.
Os agentes antifúngicos estão divididos em quatro
classes, de acordo com o seu mecanismo de ação:
polienos que interagem com os esteróis da
membrana; azóis e alilaminas que inibem a
biossíntese do ergosterol; equinocandinas que
inibem a síntese da parede celular.
FONTES: 1. DEUS FILHO, Antônio de. Capítulo 2: coccidioidomicose. J. bras. pneumol., São Paulo , v. 35, n. 9, p.
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4, p. 274-278, 2005.
Grupo: Bárbara Marques da Silva Generoso ,Giulia Genghini Guilherme,
Juliane Gomes da Cunha Souza, Karine Maia Xavier, Luciana Nogueira dos
Santos, Marya Clara de Oliveira Barbosa, Thais Stephany Machado de
Oliveira