Avaliar se o paciente está com
clareza da consciência, lucidez
(acordado, em vigília), ou há
obscurecimento ou turvação da
consciência: graus do
obscurecimento: obnubilação,
sonolência, confusão mental
marcada pela desorientação auto e
alopsíquica; estupor, marcado pela
falta de reação ao ambiente; torpor
e coma em seus diversos níveis.
Atenção
função mental na fronteira entre o domínio
da consciência, sensações e orientação.
Considerar a intensidade da atenção e sua
direção para o exterior (outras pessoas,
ambiente, etc.) ou para dentro (si-mesmo,
próprio corpo, a própria pessoa); vigilância
(hipovigilância ou hipervigilância);
concentração (diminuída ou aumentada);
hipoprosexia, hiperprosexia; aprosexia;
disprosexia; distraibilidade, desatenção
seletiva (bloqueio seletivo daquilo capaz de
gerar ansiedade).
Sensação e percepção
o termo sensopercepção pode sugerir que essas
duas funções são indissociáveis, quando não o
são. A percepção é uma função cognitiva que
articula esse domínio incluindo junto com a atenção, com
a área da consciência. Sensação é a área das
sensações visuais, auditivas, olfatórias, gustativas
e táteis.
Orientação
existem dois tipos de desorientação,
adesorientação autopsíquica que é
ligada a pessoa, identidade
completa, situação, incluindo insight
quanto à situação é saúde/doença,
também tem desorientação
alopsíquica que são ligadas as outras
pessoas, tempo – hora, dia, estação,
mês e ano – e espaço, lugar. No caso
de crianças, não espere que crianças
pequenas saibam datas e outras
informações cronológicas.
Memória
Divide-se em memória explícita ou
declarativa, acessível à consciência, e
implícita ou não declarativa. Que incluem
considerar os registros da memória de
curto prazo, memória de longo prazo ou
secundária/aprendizagem, aquisição e
armazenamento de novas informações via
consolidação. Memória recente, de dados
armazenados nas últimas horas, dias,
semanas ou alguns meses. Memória
remota, de dados mais antigos, desde a
infância
Inteligência e aprendizagem
É importante avaliar o raciocínio, a resolução de
problemas, o pensamento abstrato, o
juízo/julgamento, a aprendizagem escolar e
acadêmica, e a aprendizagem pela experiência;
inteligência não desenvolvida: deficiência
intelectual limítrofe, leve, moderada, grave e
profunda; inteligência perdida: demência;
pseudodemência. É importante o examinador
aprender a ter uma impressão clínica da
inteligência antes mesmo de um eventual teste
psicológico. Considerar as várias críticas ao
conceito e utilização de medidas de QI.
Pensamento
o pensamento encontra-se em uns dos domínios
centrais do mapa afim de avaliar a produção lógica
ou mágica, psicótica; no curso da entrevista,
examinar velocidade e o modo de associar as ideias;
a capacidade de chegar ao fim do discurso e a
expressão do pensamento; fuga de ideias;
incoerência, senso lato, bem diferente da
desagregação, uma forma bem específica de
incoerência
Juízo crítico e insigh
o juízo crítico e o insight está no
centro das funções cognitivas avaliando se
preservados ou não a diminuição ou perda
parcial ou completa/ausência. Tanto em
adultos quanto em adolescentes e
crianças, a compreensão do examinado e
suas expectativas quanto ao processo de
avaliação e tratamento podem ajudar o
entrevistador a avaliar o juízo crítico e o
insight.
Funções executivas
dependendo da atenção e da memoria de trabalho,
nas primeiras entrevistas de avaliação, alguns dados
podem oferecer “pistas” quanto à maneira do
examinado “gerenciar” sua vida. Por exemplo, uma
pessoa aparentemente sem dificuldades intelectuais,
culturais ou de memória, mas que na terceira ou
quarta consulta ainda se confunde quanto ao local e
horário. Avalia-se a iniciativa, a análise de
informações, o planejamento e sequência de ações, a
tomada de decisão diante de tarefas que demandam
escolher entre alternativas, a implementação dessas
decisões e o monitoramento ou supervisão de
atividades dirigidas a propósitos/objetivos, além da
flexibilidade mental diante de conceitos diferentes,
tarefas ou regras e, ainda, a inibição de respostas
automáticas.
Linguagem e comunicação
Articuladas com outras funções cognitivas, em especial a
memória e o pensamento. Examina-se a linguagem verbal
(falada, espontânea e em resposta; linguagem escrita) e não
verbal (expressões faciais, mímica e gestos). A comunicação e a
linguagem têm, além dos componentes cognitivos, importantes
componentes afetivos: as capacidades para a compreensão e a
expressão das emoções e dos sentimentos – prosódia, aspectos
afetivos e não verbais da linguagem e comunicação – são
fundamentais para comunicação, interação social e relações
intersubjetivas e indispensáveis para o uso e compreensão de
metáforas, alegorias e ambiguidades (Ramachandran &
Blakesle, 2002). É
Interação social
Tem a capacidade de atribuir estados mentais a outros; empatia é a capacidade de
inferir experiências emocionais. De acordo com Zeman e Coebergh (2013), é a teoria da mente que
facilita o maquiavelismo nas relações pessoais, grupais e institucionais, pela percepção dos desejos e
das crenças dos outros. Ambos – empatia e teoria da mente – são importantes na cognição social,
inclusive na compreensão de enredos de filmes, contos e romances, e, consequentemente, na
interação social
Afeto, sentimentos,
humor e emoções
Módulo articulado com a interação social e, por
meio das emoções, com o domínio da conação,
sem deixar de articular – também por meio das
emoções – com as funções cognitivas e executivas.
Afeto e humor são diferentes, embora
interdependentes. Deve-se examinar as emoções
predominantes; as reações emocionais diante da
ansiedade e das frustrações, inclusive durante a
própria avaliação; avaliar a modulação do afeto
versus afeto hipomodulado, a rigidez afetiva e a
inadequação do afeto
Conação (vontade e motivação, desejos e
aspirações, intencionalidade e intenção, apetites e
interesses, demandas e necessidades, instintos e
pulsões)
conação é a disposição para a ação, a partir do desejo e da intenção, da escolha e da
decisão,
Ação, conduta (ou
comportamento), praxias e
psicomotricidade:
este domínio articula-se não somente com a
conação e com as funções executivas, mas também
com os afetos, as emoções e a interação social.
Deve-se avaliar a postura, o equilíbrio, a marcha, as
atitudes, os gestos (incluídos trejeitos, tiques,
cacoetes e outros movimentos involuntários, como
os movimentos coreicos e atetósicos, rodopios e
agitação das mãos), os maneirismos, as
estereotipias, os automatismos, os atos impulsivos,
as distonias, os movimentos distônicos, o balismo e
os espasmos de torção. Perturbações do equilíbrio
e da marcha, como as ataxias, também devem ser
examinadas. Na infância e na adolescência,
recomenda-se muita atenção aos movimentos, à
coordenação e a possíveis assimetrias em grupos
musculares (Kaplan et al., 2015).