A Primavera Árabe foi uma série de protestos antigovernamentais, levantes e rebeliões armadas que
se espalharam por grande parte do mundo árabe no início de 2010. Tudo começou em resposta à
corrupção e à estagnação econômica e foi influenciado pela Revolução Tunisiana.
Tunísia: Os protestos na Tunísia, os primeiros da Primavera Árabe, foram também denominados por
Revolução de Jasmin. Essa revolta ocorreu em virtude do descontentamento da população com o
regime ditatorial, iniciou-se no final de 2010 e encerrou-se em 14 de Janeiro de 2011 com a queda de
Ben Ali, após 24 anos no poder. O estopim que marcou o início dessa revolução foi o episódio
envolvendo o jovem Mohamed Bouazizi, que vivia com sua família através da venda de frutas e que
teve os seus produtos confiscados pela polícia por se recusar a pagar propina. Extremamente
revoltado com essa situação, Bouazizi ateou fogo em seu próprio corpo, marcando um evento que
abalou a população de todo o país e que fomentou a concretização da revolta popular.
Líbia: a revolta na Líbia é conhecida como Guerra Civil Líbia ou Revolução Líbia e ocorreu sob a
influência das revoltas na Tunísia, tendo como objetivo acabar com a ditadura de Muammar Kadhafi.
Em razão da repressão do regime ditatorial, essa foi uma das revoluções mais sangrentas da
Primavera Árabe. Outro marco desse episódio foi a intervenção das forças militares da OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), comandadas, principalmente, pela frente da União
Europeia. O ditador líbio foi morto após intensos combates com os rebeldes no dia 20 de Outubro de
2011.
Egito: A Revolução do Egito foi também denominada por Dias de Fúria, Revolução de Lótus e
Revolução do Nilo. Ela foi marcada pela luta da população contra a longa ditadura de Hosni Mubarak.
Os protestos se iniciaram em 25 de Janeiro de 2011 e se encerraram em 11 de Fevereiro do mesmo
ano. Após a onda de protestos, Mubarak anunciou que não iria se candidatar novamente a novas
eleições e dissolveu todas as frentes de estruturação do poder. Em Junho de 2011, após a realização
das eleições, Mohammed Morsi foi eleito presidente egípcio, porém, também foi deposto no ano de
2013.
Argélia: A onda de protestos na Argélia ainda está em curso e objetiva derrubar o atual presidente
Abdelaziz Bouteflika, há 12 anos no poder. Em virtude do aumento das manifestações de
insatisfação diante de seu mandato, Bouteflika organizou a realização de novas eleições no país, mas
acabou vencendo em uma eleição marcada pelo elevado número de abstenções. Ainda existem
protestos e, inclusive, atentados terroristas que demonstram a insatisfação dos argelinos frente ao
governo.
Síria: Os protestos na Síria também estão em curso e já são classificados como Guerra Civil pela
comunidade internacional. A luta é pela deposição do ditador Bashar al-Assad, cuja família
encontra-se no poder há 46 anos. Há a estimativa de quase 20 mil mortos desde que o governo
ditatorial decidiu reprimir os rebeldes com violência. Há certa pressão por parte da ONU e da
comunidade internacional em promover a deposição da ditadura e dar um fim à guerra civil,
entretanto, as tentativas de intervenção no conflito vêm sendo frustradas pela Rússia, que tem
poder de veto no Conselho de Segurança da ONU e muitos interesses na manutenção do poder de
Assad. Existem indícios de que o governo sírio esteja utilizando armas químicas e biológicas para
combater a revolução no país.
Bahrein: Os protestos no Bahrein objetivam a derrubada do rei Hamad bin Isa al-Khalifa, no poder há
oito anos. Os protestos também se iniciaram em 2011 sob a influência direta dos efeitos da
Revolução de Jasmim. O governo responde com violência aos rebeldes, que já tentaram atacar,
inclusive, o Grande Prêmio de Fórmula 1. Registros indicam centenas de mortos durante combates
com a polícia.
Marrocos: A Primavera Árabe também ocorreu no Marrocos. Porém, com o diferencial de que nesse
país não há a exigência, ao menos por enquanto, do fim do poder do Rei Mohammed VI, mas sim da
diminuição de seus poderes e atribuições. O rei marroquino, mediante os protestos, chegou a
atender partes das exigências, diminuindo parte de seu poderio e, inclusive, nomeando eleições para
Primeiro-Ministro. Entretanto, os seus poderes continuam amplos e a insatisfação no país ainda é
grande.
Lêmen: Os protestos e conflitos no Iêmen estiveram em torno da busca pelo fim da ditadura de Ali
Abdullah Saleh, que durou 33 anos. O fim da ditatura foi anunciado em Novembro de 2011, em processo
marcado para ocorrer de forma transitória e pacífica, através de eleições diretas. Apesar do anúncio de
uma transição pacífica, houve conflitos e repressão por parte do governo. Foram registrados também
alguns acordos realizados pelos rebeldes com a organização terrorista Al-Qaeda durante alguns
momentos da revolução iemenita.
Jordânia: A Jordânia foi um dos últimos países, até o momento, a sofrer as influências da Primavera
Árabe. Revoltas e protestos vêm ocorrendo desde a segunda metade de 2012, com o objetivo de
derrubar o governo do Rei Abdullah II, que, com receio da intensificação da Primavera Árabe em seu
país, anunciou no início de 2013 a realização de novas eleições. Entretanto, o partido mais popular do
país, a Irmandade Muçulmana, decidiu pelo boicote desse processo eleitoral diante das frequentes
denúncias e casos comprovados de fraudes e compras de votos.
Omã: Assim como no Marrocos, em Omã não há a exigência do fim do regime monárquico do sultão
Qaboos bin Said que impera sobre o país, mas sim a luta por melhores condições de vida, reforma
política e aumento de salários. Em virtude do temor do alastramento da Primavera Árabe, o sultão
definiu a realização das primeiras eleições municipais em 2012. O sultão vem controlando a situação de
revolta da população do país através de benesses e favores à população. Apesar disso, vários protestos
e greves gerais já foram registradas desde 2011.