A água é utilizada em diversas atividades econômicas, o que faz
dela um recurso natural disputado por diferentes setores. As
sociedades modernas dão à água usos múltiplos: consumo
humano, irrigação agrícola, produção de pecuária, produção
industrial, a geração de energia elétrica, navegação, pesca,
aquicultura turismo e a recreação.
A demanda se expande a cada ano, levando a um cenário de
disputa e conflito pelo uso da água. A forma como cada setor
retira e consome recursos de um corpo de água pode variar, o
consumo pode se dar, em lagos de usinas hidrelétricas,
fabricação de bebidas, o consumo de seres vivos e produção
agropecuária. Outros setores retiram água dos rios, utilizam o
que precisam em seus processos produtivos, e devolvem um
volume significantemente menor de água ao rio no qual houve
a captação.
Como o Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de
commodities, principalmente de proteína animal, grãos e
cereais, ele é também um grande exportador de água. O recurso
natural está presente nesses produtos e foi demandando em
abundância em seus processos produtivos. Já o uso da água por
atividades como a navegação, a pesca, o turismo e o lazer não
geram consumo significativo da quantidade de água.
Para evitar conflitos pelo uso da água, cabe ao poder público
determinar as regras de uso dos recursos hídricos, que são
compostos pelas águas superficiais e subterrâneas. Quando um
corpo de água passa por mais de um estado, a Agência Nacional
de Águas deve determinar o direito de uso da água por
determinado tempo, por meio de um instrumento denominado
outorga. Quando um rio percorre o território de apenas um
estado, cabe aos órgãos ambientais estaduais conceder a
outorga
Para determinar quem pode captar água e o quanto pode ser
captado, os órgãos do poder púbico usam como referência
principal a Lei das Águas, que reconhece que o abastecimento
humano e a dessedentação animal, são prioritários em
situações de escassez causada, por exemplo, por precipitações
abaixo da média histórica ao longo de alguns anos. Essa
condição é fundamental para obter recursos para a recuperação
dos cursos de água, sensibilizar os usuários quanto ao valor
econômico da água, e incentivar a utilização de tecnologias
limpas e poupadoras de recursos hídricos. A busca pelo controle
da água se dá também em instância internacional e, à medida
que a água se torna um bem escasso, algumas tensões se
intensificam.
A construção de hidrelétricas em território turco gera protestos
por parte dos outros dois países. Essas e outras disputas podem
se complicar mais em um contexto de mudanças climáticas,
uma vez que são esperadas secas mais prolongadas e
consequente diminuição da oferta de água, o que potencializará
tensões geopolíticas. Na construção da usina hidrelétrica de
Itaipu, em território brasileiro e paraguaio, o impasse pela
obtenção de energia elé- trica foi resolvido por acordos. A
energia gerada é dividida entre os dois países.