Cultura brasileira e identidade nacional- Renato Ortiz

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Cultura brasileira e identidade nacional- Renato Ortiz
  1. caráter ontológico à identidade brasileira
    1. DESAFIOS DE DEFINIR A ESPECIFICIDADE DO BRASILEIRO ENQUANTO nação
      1. Assim, não se trata de indagar sobre a veracidade, ou não, de uma suposta identidade brasileira, mas indagar-se sobre quais valores e interesses estão orientando esta construção simbólica; quais grupos e propósitos estão presentes em sua elaboração.
      2. sentido da cultura popular e da identidade brasileira, desde meados do século XIX
        1. a MEMÓRIA NACIONAL e a IDENTIDADE BRASILEIRA são CONSTRUÇÕES SIMBÓLICAS que dissolvem a heterogeneidade das culturas populares na homogeneização da NARRATIVA IDEOLOGICA
          1. Assim, o Estado é a TOTALIDADE que transcende e organiza a realidade concreta, delimitando os contornos da identidade nacional.
        2. CONCEITOS: sincretismo, memória coletiva, mito, símbolo e totalidade
          1. Estado, ideologia e hegemonia
          2. meados do século dezenove até a década de 1970
            1. Inicia por "Cultura Popular"
              1. construção simbólica perspassada por relações de poder
                1. Formada por uma pluralidade de discursos elaborados por diferentes grupos sociais, em momentos históricos distintos, a partir de múltiplas manifestações culturais.
                  1. Mas que não é e nunca será FIXA. Cultura NÃO é FIXA
                    1. "não há veracidade ou falsidade a serem aferidas, já que os próprios critérios de aferição variam, também, de acordo com a visão de mundo e os interesses daqueles que os verificam em cada tempo"
                2. Perpassa perpassa pela história
                  1. narrativas simbólicas e políticas
                    1. interesses dos diferentes grupos sociais e em suas relações com o Estado.
                      1. "cultura e a identidade brasileira são consideradas e investigadas em sua historicidade, caso contrário corre-se o risco de abordá-las anacronicamente, portanto, tornando-as ininteligíveis"
                        1. Anacronismo: atitude ou fato que não está de acordo com sua época
                    2. Análise do caráter racista das interpretações acerca do ser brasileiros
                      1. legadas pelos precursores das Ciências Sociais no Brasil, a partir de meados do século XIX
                        1. RELAÇÃO ENTRE
                          1. QUESTÃO RACIAL E
                            1. A IDENTIDADE
                              1. resultaram nas primeiras tentativas de se pensar a cultura brasileira em sua especificidade.
                          2. A evolução da sociedade a partir de questões embrionárias como a sua colonização
                            1. A teoria do darwinismo social mostra de certa forma mostra isso, que a cultura de uma sociedade, suas evoluções e transformações se dão praticamente apenas em relação ao seu modo de colonização
                              1. Mas Ortiz comenta que:
                                1. "embora o evolucionismo fornecesse a matriz interpretativa da história das sociedades humanas, era preciso dar conta da peculiaridade da sociedade brasileira e explicar o hiato entre a teoria e a realidade social"
                                  1. Como chaves de leitura, as noções de MEIO e RAÇA são tomadas como capazes de explicar a nossa especificidade social.
                                    1. O SOCIAL
                                      1. dependência ao AMBIENTE
                                        1. explicando, em parte, nossa peculiaridade em relação aos europeus colonizadores
                                          1. meio influenciando o social
                                        2. A RAÇA
                                          1. qualidades “negativas” de nossa composição racial
                                            1. desconsiderava o negro como parte da composição social e elegia o índio como elemento capaz, na relação com o branco, de traduzir a especificidade do nacional
                                              1. Todavia, a abolição do regime escravocrata impõe o negro como sujeito a ser considerado na trama social, ainda que socialmente em desvantagem.
                                                1. Para Silvio Romero e Nina Rodrigues, como observa Ortiz, o negro passava a desempenhar um papel mais importante que o índio na composição social
                                                  1. A abolição do trabalho escravo foi determinante para a reavaliação das teorias da mestiçagem, com a inclusão do negro nas preocupações nacionais
                                            2. MESTIÇAGEM
                                              1. fusão das três raças fundamentais e amalgamadas: o branco, o negro e o índio
                                                1. na fusão das raças, ao elemento branco são atribuídas as características e valores capazes de conduzir a nação à civilização.
                                                  1. IDEAL NACIONAL: branquamento da sociedade, com incentivo às imigrações
                                                  2. Isso não implica considerá-las em termos de igualdade
                                                2. no final do século dezenove, o discurso da RAÇA começa a dar lugar ao de CULTURA
                                                  1. sincretismo
                                                    1. Sincretismo é a reunião de doutrinas diferentes, com a manutenção de traços perceptíveis das doutrinas originais.
                                                    2. Nos trilhos das transformações em curso, as TEORIAS CULTURALISTAS assumem um caráter privilegiado no debate sobre a IDENTIDADE BRASILEIRA
                                                      1. o pensamento de Gilberto Freyre é paradigmático no interior destes debates
                                                        1. a identidade nacional, como experiência da mestiçagem, através do culturalismo;
                                                          1. enfatiza a relação intensa, material e simbólica que harmonizou os termos socialmente desiguais pela experiência da mestiçagem
                                                        2. A virada do século – passando da Monarquia para a República, da economia escravocrata para a capitalista (em desenvolvimento), das teorias raciológicas para o culturalismo DE 1890- 1900 EM DIANTE
                                                          1. FÁBULA DAS TRÊS RAÇAS
                                                            1. No contexto das mudanças pós-1930
                                                              1. 1950, o conceito de CULTURA ganha uma perspectiva sociológica e filosófica
                                                                1. A cultura, nesse círculo, é pensada como uma objetivação do espírito humano, sobretudo um “vir a ser”; uma história que está por se fazer, como PROJETO SOCIAL
                                                                  1. Fundamentada na dialética do “vir a ser”, o pensamento isebiano centrou-se nos conceitos de alienação, colonialismo e situação colonial;
                                                                2. Na análise do pós-1964,
                                                                  1. A importância do ESTADO como um dos elementos dinâmicos e definidores da PROBLEMÁTICA CULTURAL, apresentando-se como agente privilegiado de DIFUSÃO CULTURAL, evidentemente dentro dos limites do que convinha ao Regime Militar
                                                                    1. o planejamento das políticas governamentais extrapolava o campo do econômico e do administrativo, estendendo-se ao cultural
                                                                      1. INTEGRAÇÃO NACIONAL
                                                                        1. concebeu a cultura numa perspectiva funcional
                                                                          1. O Estado se empenha no desenvolvimento da CULTURA DE MASSA com estímulo à participação do capital privado, nos limites do controle estatal
                                                                            1. diante da ampliação do mercado de bens culturais, o Estado volta-se para outro tipo de intelectual disponível: os administradores, capazes de elaborar um planejamento cultural estratégico em sintonia com os rumos do desenvolvimento tecnológico. Atuando em órgãos como INC, DAC, Secretaria de Assuntos Culturais, SEAC, Embrafilm e Funarte, esse novos intelectuais inseriram a cultura numa perspectiva de mercado.
                                                                              1. ênfase na difusão dos bens culturais, dinamizando a produção, a distribuição e o consumo
                                                                        2. Durante todo o REGIME MILITAR a cultura foi alvo de intensa normatização, com a criação de órgãos governamentais e planos estratégicos para desenvolvimento cultural, nos limites da Segurança Nacional.
                                                                          1. CULTURA COMO PATRIMÔNIO NACIONAL
                                                                  2. A PARTIR DE 1930: Enquanto as teorias raciais encontravam espaço no projeto político do Império e da República Velha,
                                                                3. Nos estudos de Euclides da Cunha, Sílvio Romero e Nina Rodrigues
                                                                  1. Bonfim toma o social por análogo ao biológico depreendendo uma noção de imperialismo traduzida em termos de PARASITISMO SOCIAL
                                                                    1. MESTIÇAGEM como um fenômeno renovador na composição nacional à medida que amenizaria os elementos negativos herdados dos colonizadores
                                                                    2. Bonfim, pesquisador do nacional brasileiro foi influenciado por Darwin, mas tinha outra perscepção sobre a NAÇÃO E IDENTIDADE BRASILEIRA
                                                                      1. pensar a realidade latino-americana, revelando uma perspectiva internacionalista que considerava as especificidades das relações entre nações hegemônicas e dependentes, o que era inédito nas discussões brasileiras.
                                                            2. Ortiz conclui seu estudo assentando a ideia de uma CULTURA POPULAR como PLURALIDADE de manifestações folclóricas
                                                              1. que não partilham, absolutamente, um traço comum, nem se inserem num sistema único, de forma coerente; ela é heterogênea e fragmentada,
                                                                1. Sendo mais adequado pensá-la no plural, como CULTURAS POPULARES
                                                                  1. Isto porque correspondem à diversidade de grupos sociais, portadores de MEMÓRIAS DIFERENCIADAS
                                                                    1. Recuperando o conceito de MEMÓRIA COLETIVA, essas manifestações folclóricas só se mantêm como memórias à medida que se ritualizam em um grupo social que as comportam.
                                                                      1. MEMÓRIA COLETIVA: relaciona-se à vivência de grupos sociais
                                                                        1. MEMÓRIA NACIONAL: não corresponde diretamente a um grupo que ritualiza enquanto tal, pois se situa em outro nível: o histórico, o ideológico, portanto, o virtual.
                                                                          1. se relaciona a grupos sociais restritos
                                                                            1. a IDEOLOGIA se lança sobre o conjunto da sociedade, pois se pretende UNIVERSAL
                                                              Show full summary Hide full summary

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