"Sobrevivência e infectividade do Trypanosoma
cruzi na polpa de açaí: estudo in vitro e in vivo*"
Autores: Luiz Augusto Corrêa Passos, Ana Maria Aparecida Guaraldo, Rodrigo Labello Barbosa, Viviane
Liotti Dias, Karen Signori Pereira, Flavio Luis Schmidt, Regina Maura Bueno Franco e Delma Pegolo Alves.
Publicação: Rev. Epidemol. Serv. Saúde em abr-jun de 2012
Metodologia: Estudo in vitro e in vivo (observados por 40 dias)
In vitro
Polpa de açaí autoclavada e plasma com T. cruzi contendo 10^5 tripomastigotas
Temperatura ambiente por 6, 18, 24, 42 e 48 horas
100% bem ativo: 6 h; 60% ativo: 24 h; 100% lento: 48 h
Polpa de açaí in natura e plasma com T. cruzi contendo 10^5 tripomastigotas
Temperatura a 4°C por 7, 24, 30, 48 e 144 horas
100% bem ativo: 7 h; 100% ativo: 144 h; 8% lento: 24 h
In vivo
Controle negativo
Camundongos receberam a polpa in natura ou a polpa autoclavada
100% dos animais sobreviveram, nenhum foi infectado
Controle positivo
Camundongos receberam o plasma contendo 10^5 tripomastigotas da cepa Y de T. cruzi
100% dos animais apresentaram infecção e morreram
Grupo teste
Camundongos receberam os eluatos obtidos a partir da tamisação
forçada da mistura da polpa de açaí com as formas tripomastigotas
a) polpa autoclavada, infectada com T. cruzi em fluxo laminar e
mantido a temperatura ambiente por até 14 horas
b) polpa in natura, infectada e mantida (b1) à temperatura ambiente por 24 horas, (b2) à
temperatura ambiente por 48 horas + 72 horas na geladeira (tratamento combinado),
(b3) na geladeira à 4°C por até 144 horas e (b4) congelada à -20°C por até 26 horas
100% dos animais apresentaram infecção porém no grupo infectado
com o plasma congelado a -20°C, apenas 75% morreram
Objetivo: Estudar, por meio de ensaios in vitro e in vivo, a sobrevivência e infectividade de T. cruzi na polpa de
açaí submetida a diversos períodos de incubação, sob temperaturas ambiente, refrigeração e congelamento.
Doença de Chagas aguda (DCA): transmissão via oral ocorre através da ingestão de formas
tripomastigotas metacíclicas de T. cruzi presente em diferentes alimentos
Surtos de DCA: contaminação do caldo de cana em Navegantes-SC (2005) e da água em Macaúbas-BA (2008)
2007- Na região Norte do Brasil, microepidemias de DCA devido à veiculação do T. cruzi pela polpa do açaí
Contaminação dos frutos ou da polpa por dejetos de animais reservatórios ou triatomíneos infectados
Está associada à falta de higiene durante a colheita, debulha, transporte,
processamento, armazenamento e/ou comercialização do produto
Annotations:
Possibilidade de transmissão da DCA por equipamentos e utensílios contaminados, pela urina e secreções anais de marsupiais reservatórios, assim como pelas fezes de triatomíneos infectados.
Epidemiologia na Amazônia Brasileira: 1968 a 2007- 592 casos (587 casos confirmados, 440 associados a surtos familiares);
até 2006- 430 casos relacionados ao consumo de alimentos contaminados
Annotations:
Em 2006, foram registrados 116 casos de DCA em todo o Brasil.
Conclusão: A transmissão de DCA através da ingestão do açaí é possível. Para evitar que ocorra, é necessário uma atenção sanitária em
todas as fases da cadeia produtiva, iniciando-se com a orientação dos produtores na colheita dos frutos, passando por seu armazenamento
e transporte e finalizando com a adoção de métodos de higienização no preparo da polpa.