Educação e
Transformação da
Sociedade
Contemporânea
Quanto à especificidade da educação, Dermeval Saviani aponta que: considerando que a natureza humana
não é um dado inato ao homem, mas por ele produzida, o “trabalho educativo é o ato de produzir, direta e
intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
conjunto dos homens” (Saviani, 1997, p.17).
Nesse sentido, o autor assevera que o objeto da educação compreende,
concomitantemente, a definição dos elementos culturais (que precisam ser assimilados
pelos indivíduos para que eles se tornem humanos) e a descoberta das formas mais
adequadas para se atingir esse objetivo.
O primeiro aspecto do objeto educacional se refere ao ato de distinguir entre o que é essencial e o que
é supérfluo para a produção do gênero humano, trata-se, pois, da definição de conteúdos. Para a
efetivação deste ato, Dermeval Saviani chama a atenção para a ideia de “clássico”, ou seja, aquilo que
resis- tiu ao tempo, que se afirmou como fundamental: “que não se confunde com o tradicional e
também não se opõe, necessariamente, ao moderno e muito menos ao atual” (Saviani, 1997, p.18).
O segundo aspecto refere-se à organização dos conteúdos, bem como dos espaços, tempos e procedimentos
para o desenvolvimento do trabalho pedagógico: [...] o homem não se faz homem naturalmente; ele não nasce
sabendo ser homem, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar, agir. Para saber pensar e sentir;
para saber querer, agir ou avaliar é preciso aprender, o que implica o trabalho educativo. Assim, o saber que
diretamente interessa à educação é aquele que emerge como resultado do trabalho educativo. Entretanto,
para chegar a esse resultado a educação tem que partir, tem que tomar como referência, como matéria-prima
de sua atividade,
A educação de nosso tempo é uma educação no encontro de tempos. Talvez sejamos tradicionais
porque nossas culturas têm raízes e porque gostamos de procissões religiosas e procuramos as
benzedeiras para curar nossas doenças. Somos modernos porque queremos usar o computador, o
avião e outros bens que a ciência e tecnologia moderna produziu. Somos pós-modernos porque
compartilhamos a consciência dos limites desta mesma modernidade e seu ideal de progresso que
aprofunda desigualdades e coloca em risco a continuação da vida ou porque temos condições de
fabricar identidades no second life.
Paulo Freire (1992, p. 81) reconhece esta pluralidade ao afirmar que hoje
devemos ser progressistas de forma pós-moderna. Ou seja, dado que a
realidade é dinâmica, a intervenção nela exige outras formas. É neste
mesmo sentido que Enrique Dussel (1993) propõe o conceito de
transmodernidade. Nem modernos, porque somos o outro lado da
modernidade triunfante que promoveu o encobrimento do outro. Também
não pós-modernos porque paradoxalmente esta modernidade desenvolveu
um princípio emancipatório que foi e continua sendo importante para a
nossa realidade. A transmodernidade é a possibilidade de pensar além de
uma e de outra.
No contexto atual, o desafio da
educação e transformação social
é estimular, nas circunstâncias
mais diferentes, a capacidade de
intervenção e transformação na
perspectiva social de
emancipação humana
contemplando a diversidade
cultural. É necessário, portanto,
criar condições estratégicas para
tal, caso contrário terá que
concordar com as palavras de
Althusser “o poder dominante é
tão forte, que não há
possibilidade nenhuma para a
escola trabalhar pela sua
transformação” .
O que se busca, é tornar o político
pedagógico, utilizar práticas que
incorporem interesses transformadores,
problematizando o conhecimento,
utilizando o diálogo crítico e afirmativo,
enfim “argumentando em prol de um
mundo qualitativamente melhor para
todas as pessoas”. (GIROUX, 1997, p.163)