Created by Tiago Santos de Jesus
about 3 years ago
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Para se entender o que é estresse, é preciso que se entenda o que é homeostase – o estado de equilíbrio dos vários sistemas do organismo entre si e do organismo como um todo com o meio ambiente. Frequentemente, este estado de equilíbrio é alterado por agentes estressantes, como um susto, a alegria de reencontrar alguém, o fracasso numa competição, a dor, o frio, o calor, ou o esforço físico. Apesar de distintos em muitos aspectos, estes estímulos provocam respostas orgânicas num padrão similar, com alterações nervosas e bioquímicas que visam adaptar o organismo à situação de desequilíbrio funcional e alcançar uma condição denominada homeostase dinâmica.
Hans Selye referia-se ao estresse como um processo de resposta do organismo ao ser submetido a estímulos que exigem adaptação, buscando recuperar a homeostase. Este equilíbrio se mantém graças ao efeito regulador dos sistemas hormonal e nervoso, que identificam qualquer alteração e comandam uma verdadeira bateria de respostas para restabelecer a harmonia no organismo. O conceito moderno de estresse o considera como um processo bio-psico-social, pela forma como se manifesta, dependente de características individuais, mas interagindo de forma significativa com o ambiente social. Os estímulos internos ou do meio ambiente capazes de alterar a homeostase representam as fontes de estresse, referidas como agudas, quando ocorrem num certo momento, e crônicas, quando atuam sobre o organismo por um tempo prolongado, de forma contínua ou repetitiva.
Existem dois tipos de estresse: o eustresse (o “bom” estresse), como acontece quando se está apaixonado ou quando se exercita o corpo moderadamente; e o distresse, que representa uma situação prejudicial ao organismo. O distresse pode ser agudo (quando é intenso, mas por breve período, como a notícia da morte de um ente querido) ou crônico (quando não é tão intenso, mas ocorre repetidamente ou constantemente, como as situações tensas no ambiente de trabalho, a preocupação com dívidas que não se sabe como pagar ou um treinamento repetido sem intervalos adequados para recuperação do organismo).
Em qualquer situação de estresse (agradável ou desagradável; agudo ou crônico) nosso cérebro entra em ação, lançando sinais que liberam hormônios de glândulas endócrinas (pituitária e supra-renais). Estes “mensageiros químicos” (principalmente a adrenalina) adentram a corrente sanguínea, alterando várias reações bioquímicas e funções orgânicas. Numa primeira fase, nossos músculos se contraem, o coração e os pulmões aumentam o ritmo de funcionamento, o estômago para a digestão dos alimentos, a pressão arterial sobe, a circulação do sangue é desviada predominantemente para os músculos e o cérebro, e mais substratos (glicose e ácidos graxos) são colocados na circulação para produzir energia para a contração muscular.
Sintomas Associados ao Estresse Dor de cabeça Dores musculares e articulares Insônia Ansiedade Irritabilidade Cansaço constante Sensação de incapacidade Perda de memória Mau humor
Diversas doenças estão associadas aos quadros de estresse, destacando-se as doenças cardíacas, que comprovadamente têm o estresse como um dos fatores de risco. Geralmente, segue-se à tensão nervosa decorrente do estresse, situações de agressividade e frustração, tristeza e sensação de impotência, que podem acabar somatizadas na forma de diversas doenças, como as listadas a seguir. Doenças Associadas ao Estresse Hipertensão Arterial Infartos Agudos do Miocárdio Derrames Cerebrais Câncer Úlceras Depressão / Distúrbios Nervosos Artrite Alergias Dores de Cabeça
Formas de Controlar o Estresse Apesar de não se poder evitar todas as situações de estresse, existem várias maneiras de se responder a elas, reduzindo ou modificando seus efeitos. As características do indivíduo e dos agentes estressantes é que determinarão as formas mais apropriadas para lidar com o estresse. Pesquisadores observaram diferentes respostas a idênticas situações de estresse dependendo de fatores como: hereditariedade, idade, sexo, estilo de vida, estado de saúde, experiências anteriores e tipo de personalidade. Essas pesquisas indicam que as características pessoais podem influenciar a relação estímulo-resposta nas situações de estresse. De qualquer maneira, independentemente de características individuais, em ocasiões estressantes pode-se: 1. lutar, de forma legítima, para eliminar a fonte de estresse; 2. evitar a situação de estresse; por exemplo, evitando encontros ou situações onde o confronto é inevitável; 3. melhorar a capacidade de tolerar o estresse, melhorando a aptidão física geral, tendo uma boa alimentação, com um grupo de amigos e familiares para dar suporte, ou com a ajuda de técnicas de autocontrole, relaxamento e meditação.
Atividade Física e Estresse Existem poucas coisas que alteram tantos sistemas orgânicos como a atividade física. Tem sido comum utilizar o exercício como agente estressante em investigações científicas interessadas em seus efeitos (agudos e crônicos) nos sistemas cardiovascular, músculoesquelético, imunológico e metabólico- -hormonal. O esforço físico é uma forma de estresse, referido como estresse funcional, contudo, se praticado de forma regular, recreativa e que não leve à exaustão, representa um estímulo que promove a saúde, e não o contrário. Os efeitos agudos da atividade física e a melhora da aptidão física nos ajudam a reagir mais eficazmente a outros agentes estressantes de ordem física e mesmo psicológica.
De maneira especial, as atividades físicas leves ou moderadas (esforços entre 40 a 60% da capacidade máxima individual, como numa caminhada normal) podem representar uma forma de promover um maior relaxamento corporal, reduzindo a tensão. Pesquisas realizadas pelo Dr. Herbert deVries, da Universidade do Sul da Califórnia, demonstraram que uma caminhada de 15 minutos que eleve a frequência cardíaca até 100-120 batimentos por minuto, pode reduzir a tensão muscular (medida pela atividade elétrica nos músculos). O Dr. deVries concluiu que uma caminhada em tais níveis funciona como um tranquilizante, mais eficaz que muitas drogas atualmente usadas.
Um estudo sobre envelhecimento e longevidade realizado na Califórnia, concluiu que uma maior longevidade estava associada, entre outros fatores, ao número de horas de sono: 7 a 8 horas para homens e 6 a 7 horas para as mulheres. De fato, dormir bem é um hábito saudável e rejuvenescedor, que afeta positivamente nosso sistema imunológico, nossa capacidade de trabalho e ajuda no controle do estresse. Crianças e adolescentes precisam dormir mais e, geralmente, a qualidade do sono é melhor nessa faixa etária.
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