O cargo de soberano (seja ele um monarca ou uma assembleia) consiste no objetivo para o qual lhe foi confiado o soberano poder, nomeadamente a obtenção da segurança do povo, ao qual está obrigado pela lei da natureza, e do qual tem de prestar contas a Deus, o autor dessa lei, e a mais ninguém além dele. [...] Deus é rei, que a terra se alegre, escreve o salmista. E também, deus é rei muito embora as nações não o queiram; e é aquele que está sentado entre os querubins, muito embora a terra seja movida.
(Leviatã. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 103-6, 200-1. Col. Os Pensadores, v. 1.)
O período do Antigo Regime foi permeado de muitos defensores, tanto quanto de opositores à soberania real. Na visão de Hobbes, autor do livro “O Leviatã”, bem como na visão de outros filósofos contemporâneos a ele, como Bossuet e Maquiavel, o poder do rei deve
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existir, desde que comprovada a sua aptidão e eficiência em relação à gestão pública.
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ser visto como inalienável, ilimitado e inquestionável, já que, segundo alguns desses pensadores, procede de Deus.
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prevalecer acima de outros poderes (executivo, legislativo e judiciário), desde que não os exclua ou os contradiga.
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ser baseado na astúcia e na sabedoria, mas, acima de tudo, no preparo intelectual e acadêmico, ao qual tem que se submeter qualquer governante