A filosofia de Santo Agostinho é essencialmente uma fusão das concepções cristãs com o pensamento platônico. Subordinando a razão à fé, Agostinho de Hipona afirma existirem verdades superiores e inferiores, sendo as primeiras compreendidas a partir da ação de Deus. A teoria agostiniana que afirma ser a ação de Deus que leva o homem a atingir as verdades superiores se chama de
Agostinho formula sua teoria do conhecimento a partir da máxima “creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio conheço”. A posição do autor não impede que cada um busque a sabedoria com suas próprias forças; o que ainda não é conhecido pode ser revelado mediante a consulta da verdade interior.
Com base neste argumento podemos afirmar que
[...] tornava-se premente que o intelectual tivesse, além do espírito cristão, o conhecimento contido nos li¬vros. Era preciso travar o diálogo entre o conhecimento divino e a razão humana. É nesse contexto que vemos aflorar, no Ocidente Medieval, grandes debates acerca da natureza humana, do conhecimento e da capacidade humana de ensinar e de aprender.
OLIVEIRA, T.
Esse debate filosófico medieval se orientará em torno da relação de conhecimento entre
Na medida em que o Cristianismo se consolidava, a partir do século II, vários pensadores, convertidos à nova fé e, aproveitando-se de elementos da filosofia greco-romana que eles conheciam bem, começaram a elaborar textos sobre a fé e a revelação cristãs, tentando uma síntese com elementos da filosofia grega ou utilizando-se de técnicas e conceitos da filosofia grega para melhor expor as verdades reveladas do Cristianismo. Esses pensadores ficaram conhecidos como os Padres da Igreja, dos quais o mais importante a escrever na língua latina foi santo Agostinho.
COTRIM, Gilberto.
Esse primeiro período da filosofia medieval, que durou do século II ao século X, ficou conhecido como
Segundo o texto abaixo, de Agostinho de Hipona (354-430 d. C.), Deus cria todas as coisas a partir de modelos imutáveis e eternos, que são as ideias divinas. Essas ideias ou razões seminais, como também são chamadas, não existem em um mundo à parte, independentes de Deus, mas residem na própria mente do Criador,
[…] a mesma sabedoria divina, por quem foram criadas todas as coisas, conhecia aquelas primeiras, divinas, imutáveis e eternas razões de todas as coisas, antes de serem criadas […].
Sobre o Gênese, V
Considerando essas informações, podemos perceber
A filosofia de Agostinho (354 – 430) é estreitamente devedora do platonismo cristão milanês: foi nas traduções de Mário Vitorino que leu os textos de Plotino e de Porfírio, cujo espiritualismo devia aproximá-lo do cristianismo. Ouvindo sermões de Ambrósio, influenciados por Plotino, que Agostinho venceu suas últimas resistências (de tornar-se cristão).
PEPIN, Jean.
Apesar de ter sido influenciado pela filosofia de Platão, por meio dos escritos de Plotino, o pensamento de Agostinho apresenta muitas diferenças se comparado ao pensamento de Platão.
Sendo uma delas
Agostinho acreditava que a história do homem era a história da luta entre o “Reino de Deus” e o “Reino do Mundo”. Esses dois reinos políticos nitidamente separados um do outro, mas reinos que, dentro de cada homem, aspiram o poder. Não obstante, o Reino de Deus é mais ou menos evidente na Igreja, ao passo que o Reino do mundo está mais ou menos presente nos fundamentos do Estados políticos. Esse dois reinos ele denominou de
Quem nos mostrará o Bem? Ouçam a nossa resposta: Está gravada dentro de nós a luz do vosso rosto, Senhor. Nós não somos a luz que ilumina a todo homem, mas somos iluminados por Vós. Para que sejamos luz em Vós os que fomos outrora trevas.
SANTO AGOSTINHO. Confissões IX. Sobre a doutrina da iluminação de Santo Agostinho podemos inferir