Integralidade como princípio do direito à saúde
A ‘integralidade’ é um dos princípios doutrinários da política do Estado brasileiro para a saúde – o Sistema Único de Saúde (SUS) –, que se destina a conjugar as ações direcionadas à materialização da saúde como direito e como serviço.
“o princípio da universalidade nos impulsiona a construir o acesso para todos, o da equidade nos exige pactuar com todos o que cada um necessita, mas a integralidade nos desafia a saber efazer o ‘quê’ e ‘como’ pode ser realizado em saúde para responder universalmente às necessidades de cada um”
Não parece acidental, portanto, que cuidado integral e integralidade do cuidado sejam expressões tão presentes e fortes hoje em nosso campo.
É como se uma palavra reclamasse a outra: a integralidade é do cuidado, como o cuidado só pode ser integral.
E essa mútua referência guarda na sua intimidade a complexa plêiade de aspectos a que nos referimos acima, necessariamente envolvida na concretização dos valores emancipatórios em tecnologias a serem operadas no cotidiano das práticas de saúde.
Sob a ótica da integralidade, as necessidades de saúde precisam ser entendidas de um modo a que muitos chamam de “mais amplo”, querendo se referir à não restrição à leitura biomédica dessas necessidades, traduzidas em entidades anátomo-fisio-patológicas, atuais ou potenciais (riscos).
Mas amplitude talvez não seja o modo mais adequado de se referir ao tipo de mudança que a integralidade busca imprimir à compreensão das necessidades de saúde.
Com a institucionalização do SUS, mediante a lei 8.080-90, deflagrou-se um processo marcado por mudanças jurídicas, legais e institucionais nunca antes observadas na história das políticas de saúde do Brasil.
Com a descentralização, novos atores incorporaram- se ao cenário nacional, e esse fato, junto à universalidade do acesso aos serviços de saúde, possibilitou o aparecimento de ricas e diferentes experiências locais centradas na ‘integralidade’.
A ‘integralidade’ como definição legal e institucional é concebida como um conjunto articulado de ações e serviços de saúde, preventivos e curativos, individuais e coletivos, em cada caso, nos níveis de complexidade do sistema.
Ao ser constituída como ato em saúde nas vivências cotidianas dos sujeitos nos serviços de saúde, tem germinado experiências que produzem transformações na vida das pessoas, cujas práticas eficazes de cuidado em saúde superam os modelos idealizados para sua realização.
“... uma complexa trama de atos, de procedimentos,
de fluxos, de rotinas, de saberes, num processo dialético de complementação, mas também de disputa, vão compondo o que entendemos como cuidado em saúde.
A maior ou menor integralidade da atenção recebida resulta, em boa medida, da forma como se articulam as práticas dos trabalhadores ...”.
Na experiência a ‘integralidade’ ganha o sentido mais ampliado de sua definição legal, ou seja, pode ser concebida como uma ação social que resulta da interação democrática entre os atores no cotidiano de suas práticas, na oferta do cuidado de saúde, nos diferentes níveis de atenção do sistema.
Integralidade como meio de concretizar o direito à saúde
A ‘integralidade’ como eixo prioritário de uma política de saúde, ou seja como meio de concretizar a saúde como uma questão de cidadania, significa compreender sua operacionalização a partir de dois movimentos recíprocos a serem desenvolvidos pelos sujeitos implicados nos processos organizativos em saúde: a superação de obstáculos e a implantação de inovações no cotidiano dos serviços de saúde, nas relações entre os níveis de gestão do SUS e nas relações destes com a sociedade.
Para entendermos a ‘integralidade’ como meio para concretizar o direito à saúde é importante atentar para as três dimensões que a constituem: a organização dos serviços, os conhecimentos e práticas de trabalhadores de saúde e as políticas governamentais com participação da população.
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Videos
Palestra sobre integralidade, modelo de atenção e trabalho em Saúde
https://www.youtube.com/watch?v=t-rRQkZgD8M
Integralidade, modelo de atenção e trabalho em saúde
https://www.youtube.com/watch?v=7WEgHX3YU28
Conferência: Gestão do cuidado a partir da lógica da integralidade da atenção à saúde.
https://www.youtube.com/watch?v=28EOYwNIcAs
Em visita domiciliar a João, que tem 68 anos de idade e é aposentado ,ex motorista.
Um enfermeiro da equipe do programa Saúde da Família constatou a seguinte situação: João é sedentário, tabagista, tem o hábito de comer churrasco aos finais de semana e de ingerir bebida alcoólica. O resultado do exame físico do paciente indicou pressão arterial de 165 mmHg × 100 mmHg, IMC maior que 30 kg/m2, circunferência abdominal maior que um metro e, ainda, edema de membros inferiores.
João, que não fazia uso de qualquer medicação, relatou cansaço e história familiar de infarto (pai) e de diabetes melittus (mãe).
Com base nas informações do caso descrito acima:
a) Cite algumas Determinantes Sociais de Saúde interagindo neste caso?
b) Em uma visão integral, quais as ações e serviços de saúde, preventivos e curativos, individuais e coletivos?
c) Quais os Resultados esperados após as orientações?
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caso II
Em visita domiciliar a uma família que tem um bebê de seis meses, o agente comunitário de saúde encontra uma adolescente, Ana Maria, de 16 anos, conversando com a mãe do bebê, Carla, sobre suas dúvidas com relação à gravidez. Ana Maria está grávida de três meses e mudou-se para esta comunidade há um mês.
Ana Maria morava anteriormente com os pais e cinco irmãos numa cidade próxima. Após a descoberta da gravidez, ela e Maurício, seu namorado de 18 anos, decidiram se casar. Depois do casamento, os dois resolveram mudar-se para esta localidade, porque Maurício encontrou trabalho como ajudante de cozinha. Ana Maria acabou tendo que abandonar a escola onde já cursava a segunda série do segundo grau. Ela está preocupada com as mudanças corporais que estão ocorrendo. O agente comunitário, além de prestar atendimento a Carla e seu bebê, orienta Ana Maria quanto à necessidade de iniciar o pré-natal o mais rápido possível na Unidade Básica de Saúde.
Quais são os problemas que você identifica neste caso?
Você acha que a gravidez na adolescência é um problema? Por quê?
As principais consequências da gravidez precoce são:
A impossibilidade de completar a função da adolescência;
O adiamento ou comprometimento dos projetos dos estudos;
Menor chance de qualificação profissional, com óbvios reflexos para as oportunidades de inserção posterior no mundo do trabalho;
Impossibilidade de estabelecer uma família com plena autonomia, autogestão e projeto de futuro; e dependência financeira absoluta da família;
Quanto ao contexto familiar pode-se constatar a dificuldade de diálogo nas famílias (conflitos);
Assim, percebe-se que é necessário desenvolver programas em educação para a saúde que não sejam apenas ocasionais curativos e preventivos, programas que não só informem mas também formem e eduquem pais e filhos, que abordem, além da anatomia e fisiologia do aparelhoreprodutor humano, as vivências emocionais, sociais e culturais das pessoas.
'Tirava o bebê ou ele morria', diz médica que fez cesárea de emergência em grávida com parada cardiorrespiratória
"Nunca passei por isso, mas se não fizesse o bebê teria morrido. Tirava ou ele morria, não tinha outra alternativa. Usei um par de luvas e um bisturi, nunca vou esquecer esse parto."
"Quando o bebê saiu, foi entubado, mas depois, quando estava bem e começou a chorar, eu não aguentei e desabei...foi muito emocionante. Ela [bebê] chegou no hospital mexendo as pernas e os braços, está bem", conta a médica.
https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/tirava-ou-o-bebe-morria-diz-medica-que-fez-cesarea-de-emergencia-em-gravida-com-parada-cardiorrespiratoria.ghtml