Ação do Hormônio Glucagon
Várias horas após a ingestão de carboidratos, os níveis de glicose sanguínea diminuem levemente devido à oxidação da glicose pelo cérebro e por outros tecidos.
A diminuição da glicose sanguínea desencadeia a secreção do glucagon e reduz a liberação da insulina.
Glucagon estimula a degradação do glicogênio hepático por ativar a glicogênio-fosforilase e inativar a glicogênio-sintase; ambos os efeitos são o resultado da fosforilação de enzimas reguladas, desencadeada pelo cAMP.
O glucagon inibe, no fígado, a degradação da glicose pela glicólise, e estimula sua síntese pela gliconeogênese.
Ambos os efeitos resultam da redução da concentração da frutose-2,6-bifosfato, inibidor alostérico da enzima gliconeogênica frutose-1,6-bifosfatase (FBPase-1) e ativador da enzima glicolítica fosfofrutocinase-1.
PKA também ativa a lipase SH (Lipólise); Glicogênio Fosforilase (Glicogenólise); Acetil COA Carboxilase (Ácido Graxo)
Lembre que a [frutose-2,6-bifosfato] é controlada em última análise por uma reação de fosforilação dependente de cAMP.
Regulação da glicólise e da gliconeogênese pela fosfofrutocinase
O glucagon regula a gliconeogênese através do controle da enzima bifuncional com atividade de fosfofrutocinase-2 (PKF-2) e de frutose 2,6-bifosfatase-2 (Fru-2,6-BPase-2).
O glucagon se liga a seu receptor de membrana e vai sinalizar através de proteínas G, e adenilato ciclase, gerando AMP cíclico.
O cAMP, por sua vez, ativa a proteína cinase A. Subsequentemente esta cinase fosforila o complexo PFK-2:Fru-2,6-BPase.
A fosforilação ativa a bifosfatase, que degrada a Fru-2,6-BP, e ao diminuir a Fru-2,6-BP desinibe outra enzima, a Fru-2,6-BPase-1, na via principal da gliconeogênese. Assim, a gliconeogênese é estimulada.
Engenhosamente, a diminuição na Fru-2,6-BP tem um efeito inibitório recíproco na enzima-chave da glicólise, fosfofrutocinase (PFK-1). Dessa forma, a glicólise é inibida.
O glucagon também inibe a enzima glicolítica piruvato-cinase (promovendo sua fosforilação dependente de cAMP), bloqueando a conversão do fosfoenolpiruvato em piruvato, e impedindo a oxidação do piruvato no ciclo do ácido cítrico.
O consequente acúmulo de fosfoenolpiruvato favorece a gliconeogênese.
Esse efeito é aumentado pela estimulação pelo glucagon da síntese da enzima gliconeogênica PEP-carboxicinase.
Pela estimulação da degradação do glicogênio, prevenção da glicólise e promoção da gliconeogênese nos hepatócitos, o glucagon permite que o fígado exporte glicose, restaurando seu nível sanguíneo normal.
Embora seu alvo principal seja o fígado, o glucagon (como a adrenalina) também afeta o tecido adiposo, ativando a degradação de TAG por causar fosforilação, dependente de cAMP, da perilipina e da lipase sensível a hormônio.
As lipases ativadas liberam ácidos graxos livres, que são exportados como combustível para o fígado e outros tecidos, poupando glicose para o cérebro.
O efeito final do glucagon é, portanto, estimular a síntese e a liberação da glicose pelo fígado e mobilizar os ácidos graxos do tecido adiposo para serem usados no lugar da glicose por outros tecidos que não o cérebro.
Todos esses efeitos do glucagon são mediados por fosforilação proteica dependente de cAMP.