As recomendações de Freud
Freud escreve esse artigo em 1913, nos diz que não se trata de regras rígidas, mas sim de recomendações colhidas e observadas a partir de sua prática clínica. Diz que ele não reivindica aceitação incondicional à elas, mas devido à "extraordinária diversidade das constelações psíquicas envolvidas, a plasticidade de todos os processos mentais e a riqueza dos fatores determinantes que se opõem a qualquer mecanização da técnica" (FREUD, 1913,p.139), acha necessário balizar a eficácia de algumas condutas. Há um tempo prévio de consultas necessária a preparação do tratamento analítico: "quando conheço pouco sobre um paciente, só aceitá-lo a princípio provisoriamente, por um período de uma ou duas semanas"(FREUD, 1913,p.139). poupa-se assim ao paciente a impressão aflitiva de uma tentativa de cura que falhou. No entanto, "Este experimento preliminar, contudo, é, ele próprio, o início de uma psicanálise, e deve conformar-se às regras desta" (FREUD, 1913,p.140,) onde o analista orientado pela regra da Associação Livre, é advertido por Freud a permitir que o paciente fale o tempo todo e não explique nada mais do que o necessário para fazê-lo prosseguir no que está dizendo. Além destes motivos Freud nos aponta que há "razões diagnósticas" para prosseguir desta maneira. Quinet, sobre esse ponto comenta que: a primeira meta da análise é a de ligar o paciente ao seu tratamento e à pessoa do analista, sendo mais explicito em relação a pelo menos uma função desse trata,mento de ensaio: a do estabelecimento do diagnóstico e, em particular, a do diagnóstico diferencial entre neurose e psicose.Neste artigo de 1913, Freud fala claramente que há razões diagnósticas para as Entrevistas Preliminares: "Com bastante frequência, quando se vê uma neurose com sintomas histéricos ou obsessivos - isto é- exatamente o tipo de caso que se consideraria apropriado para trata,mento - tem-se de levar em conta a possibilidade de que ela possa ser um estágio preliminar do que é conhecido por demência precoce (esquizofrenia na terminação de Bleuler, parafrania, como propus chamá-la). (Freud, 1913, p.140). Freud, ele nos alerta que nem sempre é possível fazer a distinção entre psicose e neurose tão facilmente. E que um equívoco diagnóstico tem para a psicanálise um peso maior do que para a psiquiatria, ele diz que porque este último apenas corre o risco de cometer um equívoco teórico e nos psicanalistas podemos estar comprometendo todo o tratamento, uma vez que "não pode manter sua promessa de cura, se o paciente sofre de parafrenia" (Freud, 1913, p.140). Qual a promessa de cura que não pode ser sustentada pela psicanálise em relação ao sujeito psicótico: Lacan nos diz que o sujeito não pode ser curado de seu inconsciente.