Pregunta | Respuesta |
1) Quais são as modalidades de transfusão? | -Programada --> data e hora programada; -Não urgente --> a se realizar dentro de 24 horas; -Urgente --> realizada dentro de 3 horas sem prejuízo para o receptor -De emergência --> demora superior a 15 minutos acarreta risco de morte ao receptor |
2) Quais são as condições para liberação de um hemocomponente nos casos de transfusão de extrema urgência? | - Quadro clínico que justifique; - Existência de um protocolo de serviço, definindo como isso deve ser realizado; - Termo de responsabilidade do médico do paciente; - Médico solicitante será o responsável pelas consequências da transfusão. |
3) Julgue os itens a seguir em V ou F (justifique as F): a) Febre é uma contraindicação à transfusão b) Nenhuma transfusão pode exceder o período de 2 horas c) Não se pode adicionar nenhum fluido ou droga ao hemocomponente (exceto SF em casos excepcionais) d) Todo produto hemoterápico deve ser transfundido com equipo capaz de reter coágulos e agregados | a) F (não é contraindicação, mas recomenda-se diminuir a temperatura antes da transfusão) b) F (4 horas) c) V d) V |
4) Quais são aos mecanismos cardiovasculares de adaptação à anemia? | Aumento de débito cardíaco, vasoconstrição periférica e aumento da taxa de extração de oxigênio do leito capilar. |
5) O que indica o aumento da concentração de 2,3DPG (difosfoglicerato) na anemia? Explique seu mecanismo. | A conc. de 2,3DPG aumenta quando os níveis celulares de O2 estão baixos. Essa molécula leva à diminuição da afinidade da Hb pelo O2, facilitando a sua liberação para os tecidos. Logo, ocorre um desvio na curva de dissociação da oxihemoglobina para direita. |
6) O que significa DO2 crítica? e VO2-DO2 dependência? Obs.: DO2 (oferta de O2) e VO2 (consumo de O2) | DO2 crítica --> ponto mínimo no qual a DO2 ainda supre o VO2 (é diferente para cada paciente) DO2-VO2 dependência --> nível de DO2 < que o valor crítico (ocorre diminuição do metabolismo celular). |
7) Qual é o valor crítico de hemoglobina? Isso define um gatilho transfusional? | O valor crítico de Hb é 5g/dl, mas não existe gatilho transfusional para hemácias. |
8) Quais os 3 principais eventos adversos à transfusão? | - Transfusão incorreta - Reação transfusional imediata - Reação transfusional tardia |
9) Não existe gatilho transfusional para CH. Então qual parâmetros devemos considerar para indicar? | Valor de Hb/Ht, velocidade de instalação da anemia, comorbidades e sinais/sintomas. |
10) Quais são os principais gatilhos fisiológicos (sinais de oxigenação inadequada) no paciente normovolêmico? | - Sistêmicos --> taquicardia e hipotensão - Órgão-específicos --> infradesnivelamento ST > 0,1mV, supradesnivelamento ST > 0,2mV e disfunção cognitiva. |
11) Quando é indicado transfundir na hemorragia aguda? Quais os principais gatilhos fisiológicos? | Transfundir após perda volêmica superior a 30% do total. Principais gatilhos --> palidez, taquicardia, hipotensão, queda de DU, FR aumenta, enchimento capilar retartado, alteração do nível de consciência, etc. |
12) Julgue a afirmativa a seguir (se incorreta, corrigir): Paciente idosa com cansaço a dois meses, glossite e desordens neuropsiquiátricas. Hb 6,1 g/dl. Diagnóstico: anemia megaloblástica. Deve transfundir um CH para recuperação. | A anemia megaloblástica deve ser tratada inicialmente com uso de vitamina B12, pois não indicamos transfusão se a recuperação em poucos dias é prevista. Se insuficiente, pode-se realizar transfusão, a depender da avaliação. |
13) Principais contra-indicações para transfusão de CH? | - Promover o aumento da sensação de bem-estar; - Promover a cicatrização de feridas; - Profilaticamente; - Para expansão de volume vascular com capacidade de transporte de O2 adequada. |
14) Diferença entre CP de sangue total e por aférese? | CP de sangue total --> preparo em até 8 horas de coleta de 1 bolsa de ST; cada unidade contém 0,55x10^11; serve para fazer pool de plaquetas (5-6U de CP de diferentes doadores). CP por aférese --> obtido por aférese de um único doador; contém 3x10^11 plaquetas. |
15) Em condições normais, há maior risco de sangramento a partir de que valor de plaquetas? | A partir de valores < 10.000. |
16) O que é a transfusão profilática de plaquetas? E quais são suas principais indicações? | É a transfusão feita quando há plaquetopenia SEM sangramento ativo. A principal indicação é quando há defeitos na produção. Ex.: aplasia pós-QT/RT, síndromes mielodisplásicas e defeitos funcionais. |
17) Quais são os gatilhos transfusionais para transfusão profilática de CP em doenças hematológicas agudas ou pós-QT/RT? E em doenças hematológicas crônicas (ex.: SMD)? | Doenças hemat. aguda ou pós-QT/RT: - Se paciente estiver estável --> <10000 - Se paciente instável (febre, petéquias, infecção, etc.) --> <20000 Doenças hemat. crônicas: - Se paciente estiver estável --> <5000 - Se paciente instável (febre, petéquias, infecção, etc.) --> <10000 |
18) Quais são os gatilhos transfusionais para CP em transfusão profilática pré-cirúrgica? | Cirurgia neurológica ou oftálmica --> <100000 Demais cirurgias --> <50000 |
19) O que é transfusão terapêutica de plaquetas? Quais fatores podem estar associados ao sangramento? | É a transfusão realizada quando há plaquetopenia COM sangramento ativo (grau 3 ou 4). Esse sangramento pode estar associado a: medicamentos, comorbidades, alterações de fatores da coagulação e ruptura do sistema vascular. |
20) Quando há doenças em que o consumo de plaquetas está aumentado (púrpuras imunes, CIVD, PTT), geralmente não recomendamos transfusão profilática ou terapêutica. Contudo, em que condições podemos permitir a transfusão de CP? | Profilática --> apenas se houver procedimento cirúrgico com risco de sangramento grave (dar plaquetas imediatamente antes do procedimento). Terapêutica --> quando outra terapia for ineficaz ou se há sangramentos com risco de vida, principalmente em SNC (PTT apenas se há extremo risco). |
21) Qual é a principal vantagem, para o receptor, da CP por aférese em relação a CP de bolsas múltiplas? | Na transfusão de CP por aférese, há exposição < a antígenos do doador do que na CP de bolsas múltiplas. Assim, o risco de aloimunização leucocitária é menor. |
22) Diferenças entre PFC, PFC24 e Plasma comum, quanto ao fracionamento e uso clínico? | PFC --> congelamento em até 8 horas após coleta; possui uso clínico (tem todos os fatores de coagulação); PFC24 --> congelamento entre 8 e 24 horas após coleta; possui uso clínico (possui deficiência de fatores V e VIII); Plasma comum --> congelamento após 24 horas da coleta; usado apenas como fonte de hemoderivados. |
23) Quais são as indicações para transfusão profilática de PFC? | NÃO EXISTE TRANSFUSÃO PROFILÁTICA DE PFC!!! |
24) Quais são as principais indicações para transfusão terapêutica de PFC? | - Transfusão maciça; - Deficiência de múltiplos fatores de coagulação com sangramento ativo; - Reversão rápida de varfarina com sangramento ativo (não é primeira escolha); - Reposição de deficiência isolada de fator V com sangramento ativo; - PTT (realização de plasmaférese terapêutica); - Cirurgias cardíacas. |
25) Quais são as principais contra-indicações para transfusão de PFC? | - Expansor volêmico; - Reposição de albumina para fins nutricionais; - Cicatrização / sepse; - Fonte de Ig; - Queimados / recomposição de ST; - Deficiência de fator de coagulação ou RNI elevado sem sangramento. |
26) Quais reações a seguir podem estar relacionadas com o PFC: reação alérgica, TACO, RHA, aloimunização, TRALI, infecção, GVHD? | Reação alérgica, TACO, RHA, TRALI e infecção. |
27) O que é crioprecipitado e quais são seus principais componentes? | É a fração proteica do PFC precipitada pelo frio. Seus componentes principais são: fator VIII, fator de Von Willebrand, fibrinogênio e fator XIII. |
28) Quais as principais indicações de crio? | Sangramento ativo + uma das situações abaixo: - Hipofibrogenemia herdada ou adquirida (ex.: CIVD, LMA e falência hepática) com fibrinogênio <100 mg/dl; - Disfibrinogenemia; - Deficiência de fator XIII; - Reversão de terapia trombolítica com fibrinogênio <200 mg/dl;. |
29) Quais as principais contra-indicações de crio? | - Reposição ou reversão de sangramento se fibrinogênio em níveis normais; - Reversão a intoxicação por Warfarin. |
30) Como o PFC e Crio devem ser preparado para transfusão? Em quanto tempo devem ser transfundidos? | Devem ser descongelado a 37ºC, envolto em saco plástico em banho-maria. PFC deve ser transfundido imediatamente ou em até 24 horas, se em geladeira. Crio deve ser transfundido imediatamente ou em até 6 horas, se em geladeira. |
31) Doses de cada hemocomponente para transfusão em adultos? | CH --> 1 U eleva Hb em 1g/dl; CP --> 1U/10kg; PFC --> 10-20ml/kg (tentar fracionar); Crio --> 1U/5-10kg. |
32) O que é aférese? | É o processo em que há a remoção, separação e/ou modificação de algum componente sanguíneo, com posterior recombinação e reinfusão dos elementos não removidos. |
33) Qual a diferença entre aférese terapêutica e transfusional? | Terapêutica --> constituintes do sangue são trocados, removidos ou modificados para alcançar a proposta terapêutica; Transfusional --> gerar hemocomponentes com várias indicações. |
34) Como são classificados os equipamentos de aféreses quanto à forma de separação? Cite suas características. | - Filtração --> utiliza filtros com membranas que absorvem proteínas de alto peso molecular; não separam elementos celulares e não são seletivas; - Centrifugação --> separa os componentes através da força de centrifugação; baseada na densidade de cada componente; - Colunas de adsorção --> utilizam filtros de alta afinidade a subst. desejada; é seletiva. |
35) Qual a diferença entre troca plasmática terapêutica e plasmaférese? | Na troca plasmática terapêutica, ocorre remoção de grandes volumes de plasma e substituição desse plasma por soluções apropriadas. Já na plasmaférese, ocorre coleta de plasma sem reposição. |
36) Cite elementos que podem ser removidos do sangue do paciente na troca plasmática terapêutica? | Aloanticorpos, autoanticorpos e complexo ag-ac; proteínas plasmáticas aumentadas ou anormais, LDL em excesso, resíduos metabólicos, drogas ligadas ao plasma. |
37) Principais indicações de troca plasmática terapêutica na categoria grau I (terapia de primeira linha)? | PTT, sd. de hiperviscosidade, crioglobulinemia, hipercolesterolemia familiar, sd. de Goodpastute, GESF, sd. Guillain Barré, PDIC, miastenia gravis, insuficiência hepática aguda. |
38) Contra-indicações principais da troca plasmática terapêutica? | Instabilidade hemodinâmica não responsiva à drogas vasoativas, sepse e alteração importante na membrana alvéolo-capilar. |
39) Qual é a frequência da troca plasmática terapêutica na maioria dos casos? Quais condições exigem procedimentos diários? | A maioria dos casos precisa de procedimentos em dias alternados. PTT, SHU e sd. de Goodpasture precisam de trocas diárias. |
40) Geralmente como é realizado o acesso vascular na troca plasmática terapêutica? | Por meio de de cateter central tipo diálise. |
41) Por que na troca plasmática terapêutica, geralmente não ultrapassamos 1,5 volemia processada? | Porque a efetividade de troca diminui quanto maior a volemia processada, pois o plasma vai se misturando com a solução de reposição. |
42) O principal anticoagulante utilizado na troca plasmática terapêutica é o citrato. Contudo, ele pode causar reações, classificadas em leve, moderada e grave. Descreva os achados em cada caso. | Reação leve --> parestesia perioral e nas extremidades; Reação moderada --> parestesia de tórax, calafrios, náuseas/vômitos, cólicas abdominais, hipotensão; Reação grave --> dor abdominal, tetania, arritmia cardíaca e hipotensão severa. |
43) Quais são os fluídos de reposição utilizados na troca plasmática terapêutica? Quais são seus usos clínicos? | Albumina 5% --> maioria dos casos; Plasma --> PTT, SHU, sd. de Goodpasture; Cristaloides --> sd. de hiperviscosidade. |
44) Quais são os critérios de doação de plaquetas por aférese? | Paciente tem que preencher todos os critérios de doadores de ST, passar por triagem clínica e ter bom acesso venoso. Hemograma com plaquetas > 150.000/ul. Intervalo --> 48 horas (máx. 4 vezes por mês e 24 vezes por ano). |
45) Vantagens da CP por aférese em relação a CP obtida do ST? | - Menor exposição de vários doadores (diminui aloimunização leucocitária e risco de infecção); - Menor sensibilização (já é leucorreduzida e não contaminada por hemácias) - Possibilidade de 1 doador fornecer plaquetas duplas. |
46) Diferença entre troca eritrocitária terapêutica e eritrocitaférese? | A troca eritrocitária terapêutica consiste na separação e remoção de hemácias dos outros componentes e substituição por CH de doador com ou sem soluções coloides. Já eritrocitaférese consiste na coleta de hemácias por aférese sem reposição. |
47) Principais indicações de troca eritrocitária terapêutica? | Hemoglobinopatias, hemocromatose e policitemia vera. |
48) Vantagens e desvantagens da troca eritrocitária terapêutica em relação a transfusão de CH? | Vantagens --> aumenta rapidamente ht, diminui HbS para < 30%, evita sobrecarga de Fe, evita sobrecarga volêmica Desvantagens --> maior risco de aloimunização |
49) O que é granulocitaférese? Quais são os tipos? | É a retirada de granulócitos do sangue do paciente/doador. Pode ser terapêutica (ex. leucemia com hiperleucocitose) ou transfusional (coleta de granulócitos de doadores sadios previamente estimulados com G-CSF). |
50) Principal indicação de CG? | Pacientes granulopênicos severos com infecção grave, fúngica ou bacteriana, não responsiva a terapia antimicrobiana de largo espectro sem perspectiva de cura a curto prazo. |
51) O que são CPSP? Qual sua utilidade na clínica? | As células progenitoras do sangue periférico são céls. pluripotentes com capacidade de autorrenovação e diferenciação em precursores hematopoéticos. É um procedimento transfusional útil no TMO. |
52) Como é realizado o esquema de mobilização de CPSP para TMO alogênico? | Doadores são estimulado com G-CSF por 5 dias, sendo então realizada a leucaférese. |
53) Como é realizado o esquema de mobilização de CPSP para TMO autólogo? | Pacientes estimulados com QT + G-CSF / plerixafor, inicia-se dosagem por citometria de fluxo de células CD34+ no sangue, leucaférese é realizada quando céls CD34+ > 10/ul. |
54) Menina de 9 meses AB- necessita receber transfusão de CP. Quais tipos podem ser utilizados. | Apenas CP AB RhD- |
55) A troca plasmática terapêutica pode ser realizada por equipamento de fluxo contínuo ou intermitente. Quais são as vantagens e desvantagens principais de cada um deles? | Fluxo contínuo: - Vantagens: menor volume extracorpóreo, > estabilidade hemodinâmica, rapidez; - Desvantagens: duas punções. Fluxo intermitente: - Vantagens: punção única; - Desvantagens: > volume extracorpóreo e < rapidez. |
56) Paciente com Hb de 7,2g/dl, portador de insuficiência cardíaca, será submetdo a cirurgia ortopédica. CH está indicado? | Sim. A transfusão de CH nesse paciente é indicada devido nível de Hb, doença cardiovascular e porte da cirurgia. |
57) Qual o gatilho transfusional na transfusão terapêutica de plaquetas (sangramento > grau 2)? E se houver sangramento em SNC e/ou oftálmico associado? | 50000/ul e 100000/ul, respectivamente. |
58) Defina refratariedade plaquetária. Quais suas principais causas imunes e não imunes? Como prevenir? | É o incremento inadequado de plaquetas, após pelo menos 2 transfusões de CP, com plaquetas recentes e ABO compatíveis. Causa imune --> aloimunização HLA Causa não imune --> esplenomegalia, CIVD, febre, hemorragias, drogas, doenças veno-oclusivas. Prevenção --> leucorredução e transfusão de CP HLA compatíveis. |
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