Em "A Hora da
Estrela", ficam visíveis algumas das principais características dos
autores da terceira fase modernista no Brasil (posteriores aos romances
regionalistas), como a utilização de análise psicológica mais aprofundada dos
personagens, que revela, por meio da narrativa interior, o fluxo de consciência e o
intimismo. No plano formal, há a preocupação por uma linguagem mais elaborada, uso inusitado da pontuação, ou mesmo sua ausência, as metáforas e a metalinguagem.
Ano de publicação
Nota:
1977
Gênero
Nota:
romance psicológico
Local
Nota:
Rio de Janeiro
Narração
Nota:
1ª pessoa - narrador onisciente
Obs!!!
Nota:
A obra possui uma peculiaridade: antes do início da narrativa, há, na primeira página, o título do livro, seguido de 13 outros títulos, inclusive um repetido, além da assinatura manuscrita de Clarice.
Temática
Nota:
O tema gira em torno de questionamentos dos valores da sociedade moderna,
do papel social do artista contemporâneo e da própria existência humana.
Clarice Lispector
Nota:
Nasceu na Ucrânia mas, ainda pequena, mudou-se
com a família para o Recife (PE).
Mais tarde, órfã de mãe, veio para o Rio de Janeiro, onde estudou Direito. No
contexto danova fase da
literatura, Clarice se destaca pelos romances de caráter introspectivo, com
tendências fortíssimas ao psicológico e ao metafísico.
Principais personagens
Nota:
Macabéa é a personagem central da narrativa. Nordestina (alagoana) de 19 anos, é criada pela tia beata que batia muito nela. Vem para o Rio de Janeiro onde consegue um emprego de datilógrafa. Macabéa é completamente alienada. Ela não sabe de nada,não quer pensar, é feia e mora em uma pensão em companhia de quatro moças.
Olímpico de Jesus é o
primeiro (e único!) namorado de Macabéa. Também era nordestino e queria ser
muito rico, um dia. E um dia queria também ser deputado. Procurava ascensão
social a qualquer preço, seja por roubo ou por crime de morte.
Rodrigo S. M. é o
narrador-personagem da história. Ele tem domínio absoluto sobre o que escreve.
Inclusive sobre a morte de Macabéa, no final.
Glória é única amiga de Macabéa. Trabalham juntas. Ela rouba Olímpico de Macabéa. E recomenda Macabéa a ir na Madama Carlota , a cartomante que prevê o futuro reluzente de Macabéa.
Por que Clarice
optou-se,nesse
romance,se
transformar em um
narrador masculino?
Nota:
Talvez Clarice tenha
optado por se tornar um narrador masculino para
poder ser mais agressiva e menos sentimental, o que caracterizaria uma ironia
da autora em relação à condição da mulher na sociedade, vista normalmente como
um ser frágil.
Desfecho do romance.
Nota:
O final da história é igualmente desolador:
Macabéa descobre estar doente, com início de tuberculose; vai até uma
cartomante, que lhe ilude, dizendo-lhe que teria um futuro maravilhoso. Ao sair
da casa da cartomante, é atropelada, várias pessoas vêm ver o ocorrido, um
vizinho acende uma vela e coloca-a ao lado do corpo; depois a moça morre. O que temos que perceber
é que esse final justifica o título do livro: Macabéa, a jovem que sonhava em
ser igual a Marylin Monroe e sempre fora invisível aos olhos da sociedade, tem
agora seu momento sublime: a morte é representada como o trecho mais importante
e belo da vida de cada ser humano, e então a transição ocorre — Macabéa é
enxergada pela sociedade. É a hora de a estrela brilhar.
Tempo
Nota:
O tempo da narrativa, apesar de apresentar alguns flashbacks, mostra-se cronológico e linear, mas não identifica o ano em que ocorre (provavelmente anos 1960 ou 1970).
Estrutura da obra
Nota:
A estrutura da obra
tem três grandes eixos narrativos e simultâneos, o que torna o enredo
fragmentado e quebra a tradicional construção linear. A primeira narrativa tem
Rodrigo S.M. relatando a história de Macabéa; a segunda mostra o narrador
falando das próprias experiências e do drama existencial que vive; na terceira,vemos o próprio processo de construção da obra, o que caracteriza a metalinguagem.
Enem!!!!!!!
Nota:
Saber o estilo da autora, isto é, observar sua linguagem moderna, marcada de metáforas, de frases
anômalas, de comparações e de associações inusitadas e surpreendentes que
conduzem o leitor às profundezas do ser, isto é, o próprio fluxo de
consciência, recurso muito explorado em seus livros. Outro componente decisivo
da produção literária de Clarice Lispector é a epifania(revelação), o momento da iluminação, da tomada de consciência, em que a personagem é alçada a um altiplano no qual se torna capaz de vislumbrar aspectos nunca antes percebidos da existência e de si mesmo.
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vemos o próprio processo de construção da
obra, o que caracteriza a metalinguagem.