O fonema é a menor unidade sonora da palavra e exerce duas funções: formar palavras e
distinguir uma palavra da outra.
Letra
Nota:
Às vezes a letra é chamada de diacrítica, pois vem à direita de outra letra para representar
um fonema só. Por exemplo, na palavra cachaça, a letra H não representa som algum, mas,
nesta situação, ajuda-nos a perceber que CH tem som de X, como em xaveco.
Dígrafo
Nota:
• consonantais: gu, qu, ch, lh, nh, rr, ss, sc, sç, xc, xs.
Ex.: guerreiro, queda, chave, lhama, nhoque, arrastão, assado, descendente, cresça,
excitado, exsudar.
• vocálicos ou nasais: a, e, i, o, u seguidos de m ou n na mesma sílaba (!)
Ex.: campo, anta/empresa, entrada/imbatível, caindo/ombro, onda/umbigo, untar.
Semivogal
Nota:
Os fonemas semivocálicos (ou semivogais) têm o som de I e U (apoiados em uma vogal, na
mesma sílaba). São menos tônicos (mais fracos na pronúncia) que as vogais. São
representados pelas letras I, U, E, O, M, N, W, Y. Veja:
Hiato
Nota:
Em palavras com a sequência V+SV+V, como praia, meio, joio, ocorre um falso hiato,
vulgarmente falando. Isso ocorre porque prai-a, por exemplo, apresenta semivogal (i)
separada de vogal (a). Na realidade, o que ocorre é um fenômeno chamado glide, isto é,
cada uma das palavras acima apresenta dois ditongos, pois a semivogal (i) se prolonga
até a sílaba seguinte: (prai-ia, mei-io...).
Ditongo
Nota:
Existem dois tipos: crescente ou decrescente (oral ou nasal).
Crescente (SV + V, na mesma sílaba):
Ex.: magistério (oral), série (oral), várzea (oral), quota (oral), quatorze (oral), enquanto
(nasal), cinquenta (nasal), quinquênio (nasal)...
Decrescente (V + SV, na mesma sílaba):
Ex.: item (nasal), amam (nasal), sêmen (nasal), cãibra (nasal), caule (oral), ouro (oral),
veia (oral), fluido (oral), vaidade (oral)...
Encontro Consonantal
Nota:
Existem os perfeitos (inseparáveis, pois ficam
na mesma sílaba) e os imperfeitos (separáveis, pois não ficam na mesma sílaba). Geralmente,
os encontros consonantais perfeitos apresentam consoante + l ou r.
Ex.: Flamengo (perfeito) > Fla-men-go
Vasco (imperfeito) > Vas-co
Acentuação Gráfica
sinais diacríticos
Sinais
Nota:
– Til: marca a nasalização das vogais a e o.
Ex.: Amanhã convidarei muitos anciões para a reunião.
– Cedilha: indica que o C tem som de SS.
Ex.: Toda ação implica uma reação.
– Apóstrofo: indica a supressão de uma vogal.
Ex.: Devem-se limpar caixas d’água a cada 6 meses.
– Trema: marcava a semivocalização do u nos grupos gue, gui, que, qui; na nova
ortografia, só é usado em palavras estrangeiras.
Ex.: Linguiça, aguenta e quinquênio; Müller, mülleriano, Bündchen, Hübner, hübneriano,
Schönberg...
– Hífen: marca a união de vocábulos, a ênclise, a mesóclise e a separação das sílabas.
Ex.: Água-de-colônia, hiper-realista, vê-lo, dar-te-ei, vai-da-de...
Acentos Gráficos
Nota:
– Acento agudo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre aberto.
Ex.: Já cursei a Faculdade de História.
– Acento circunflexo: marca a posição da sílaba tônica e o timbre fechado.
Ex.: Meu avô e meus três tios ainda são vivos.
– Acento grave: marca o fenômeno da crase.
Ex.: Sou leal à mulher da minha vida.
Regra de Acentuação
Monossílabos
Nota:
1) Monossílabas átonas não são acentuadas, porque não apresentam autonomia fonética e
porque se apoiam em uma palavra. Geralmente apresentam modificação prosódica dos
fonemas:
Ex.: “O (=U) garoto veio de (=di) carro.”
São elas: artigo (o, a, os, as, um, uns), pronome oblíquo átono (o, a, os, as, lo, la, los, las,
no, na, nos, nas, me, te, se, nos, vos, lhe, lhes e contrações), pronome relativo (que),
pronome indefinido (que; quando não está acentuado), preposição (a, com, de, em, por, sem,
sob e contrações, como à, do, na...), conjunção (e, nem, mas, ou, que, se), advérbio (”não”;
antes do verbo) e formas de tratamento (dom, frei, são e seu).
2) Cuidado com o pronome indefinido/interrogativo “quê” em fim de frase ou imediatamente
antes de pontuação. Vem sempre acentuado. O substantivo (assim como a interjeição)
“quê” também é sempre acentuado.
Ex.: Você estava pensando em quê? / Ela tem um quê de mistério. / Quê! Você não
viu?!
3) Quando se vai acentuar uma palavra conforme determinada regra, ignoram-se os
pronomes oblíquos átonos, ou seja, eles não são contados como sílaba – sendo a palavra
monossílaba ou não.
Ex.: dá-lo, vê-los, comprá-las, mantém-no, constituí-los...
Proparoxítonas
Nota:
Acentua-se todas
Paroxítonas
Nota:
exceto as
terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).
2) Verbos paroxítonos terminados em ditongo -am também não são acentuados: cantam,
mexam...
3) Não se acentuam prefixos paroxítonos terminados em -r ou -i, exceto quando
substantivados: hiper- (o híper), mini- (a míni).
Oxítonas
Nota:
Acentuam-se as terminadas em -a(s), -e(s), -o(s), -em(-ens).
Hiato
Nota:
2) Os hiatos em I seguidos de NH na sílaba seguinte não deverão ser acentuados: ra-i-nha,
ta-bu-i-nha, la-da-i-nha, cam-pa-i-nha...
3) Quando há hiato I-I e U-U, não se pode acentuar (salvo os proparoxítonos): xi-i-ta, va-di-
i-ce, su-cu-u-ba... (i-í-di-che, ne-ces-sa-ri-ís-si-mo, du-ún-vi-ro...)
4) Depois de ditongos decrescentes, nas palavras oxítonas, o I e o U são acentuados
normalmente: Pi-au-í, tui-ui-ú(s)...
5) Segundo a nova ortografia, nas palavras paroxítonas, o I e o U não recebem acento
depois de ditongo decrescente: feiura, bocaiuva, baiuca, Sauipe... Todavia, se o
ditongo for crescente, o acento é usado: Guaíra, Guaíba, suaíli... (alguns dicionários
separam suaíli assim: su-a-í-li).
6) Em verbos seguidos de pronomes oblíquos átonos, a regra dos hiatos continua valendo
(ignore os pronomes e siga a regra): atribuí-lo (a-tri-bu-Í), distribuí-lo (dis-tri-bu-Í)...
Acentos Diferenciais
Nota:
1) Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo
poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3. a pessoa do singular. Pode é a forma do
presente do indicativo, na 3. a pessoa do singular.
Ex.: Ontem ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
2) Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.
Ex.: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
3) Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim
como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Ele tem duas lanchas. / Eles têm duas lanchas.
Ele vem de Mato Grosso. / Eles vêm de Mato Grosso.
Ele mantém sua palavra. / Eles mantêm sua palavra.
Ele intervém em todas as reuniões. / Eles intervêm em todas as reuniões.
Ditongo Aberto
Nota:
Acentuam-se os ditongos abertos ÉI, ÉU, ÓI, seguidos ou não de S.
Ex.: céu, méis, Góis, coronéis, troféu(s), herói(s), Méier, destróier, aracnóideo...
EEM e OO
Nota:
Não se acentuam mais os hiatos O-O e E-EM (nos verbos crer, dar, ler, ver e derivados).
Ex.: en-jo-o, vo-o, cre-em, des-cre-em, de-em, re-le-em, ve-em, pre-ve-em...
Hífen
Nota:
1) Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição: girassol,
madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas (e derivados).
2) Não se usa o hífen em vocábulos com elementos de ligação: azeite de dendê, lua de mel,
água de coco, mula sem cabeça, pé de mesa, calcanhar de Aquiles, pé de vento, cor de
burro quando foge, café com leite, pão de ló, pão de milho, pé de moleque, dia a dia,
corpo a corpo, ponto e vírgula, fim de semana, cabeça de bagre, bicho de sete cabeças,
leva e traz...
Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, ao deus-dará, à
queima-roupa, pé-de-meia, pé-d’água, pau-d’alho, gota-d’água, cola-de-sapateiro, pão-de-
leite. Além desses, há os vocábulos que designam espécies botânicas ou animais:
andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia, dente-de-leão, olho-de-boi, pimenta-do-reino,
cravo-da-índia, bico-de-papagio... Cuidado com cão de guarda (sem hífen)!
1) Com o prefixo sub, além de b, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-
região, sub-raça, sub-reitor, sub-reptício, sub-bairro etc. Palavras iniciadas por h perdem
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano (o VOLP registra sub-humano), subumanidade.
2) Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal:
circum-meridiano, circum-navegação, pan-americano etc.
3) O prefixo co aglutina-se sempre com o segundo elemento: coobrigação, coordenar,
cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, coautor, coerdeiro, cosseno, coóspede.
4) Com os prefixos vice, vizo, grã, grão, além, aquém, ex (anterior), recém, sem, soto(a),
para (exceto paraquedas e derivados dele), usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-
almirante, vizo-reinado, grã-duquesa, grão-mestre, além-mar (mas Alentejo, cidade de
Portugal), aquém-mar, ex-aluno, recém-casado, sem-terra (mas sensabor, sem hífen), soto-
pôr, sota-general, para-raios...
5) Não se usa nunca hífen com o prefixo re: reescrever, reescrita...
6) Com os prefixos in- e des- junto com palavras iniciadas por h, esta consoante “cai” e não
se emprega hífen: inabilidade, desumano...
7) Na formação de palavras com ab, ob, ad e sob, usa-se o hífen diante de palavra começada
por b, d ou r: ad-digital, ad-renal (ou adrenal), ob-rogar, ab-rogar, sob-rojar...
8) Com mal, usa-se o hífen apenas quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou l: mal-
estar, mal-humorado, mal-limpo...; quando mal significa doença, usa-se o hífen se não
houver elemento de ligação: mal-francês; se houver elemento de ligação, escreve-se sem
o hífen: mal de lázaro, mal de sete dias. Exceção: mal-bruto. Vale ainda dizer que
malcriação e má-criação são formas corretas.
9) Com bem, usa-se o hífen diante das vogais a, e, i, o e das consoantes b, c, d, f, h, m, n, p, q,
s, t, v: bem-amado, bem-encarado, bem-intencionado, bem-ouvido, bem-bom, bem-
criado, bem-ditoso, bem-falante, bem-humorado, bem-mandado, bem-nascido, bem-
parado, bem-querer, bem-soante, bem-sucedido (antônimo: malsucedido), bem-talhado,
bem-visto, bem-vindo... Cuidado com estas palavras: benfazer (o VOLP ainda registra o
bem-fazer), benfeito, benfeitor, benfeitoria e benfazejo. Benquerer (o VOLP ainda registra
o bem-querer), benquisto, benquerença (o VOLP ainda registra o bem-querença). Bendizer
(o VOLP ainda registra bem-dizer), bendito (mas bem-ditoso, segundo o VOLP). Sublinho
o “bemposta”, sem hífen, segundo o VOLP.
10) Os prefixos pós, pré e pró (tônicos) unem-se por hífen a quaisquer palavras: pós-
adolescência, pós-simbolismo, pré-vestibular, pré-simbolismo, pró-ativo (ou proativo),pró-russo...; se a pronúncia do prefixo for átona, não há hífen: poscefálico, posfácio,
pospor, prealegar, preanunciar, precondição, preconceito, predeterminar, predizer,
preeminente, preestabelecer, preestipulado, preexistir, prejulgar, prenome, pré-
requisito/prerrequisito (segundo o VOLP), pressupor, prever, procônsul, procriar,
pronome, propor... consulte o VOLP, sempre.
11) Os vocábulos quase e não, funcionando como prefixos, dispensam o hífen: quase crime,
quase posse, não conformismo, não pagamento...
12) Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani (açu, guaçu e mirim): amoré-
guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
13) Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares: ponte Rio-
Niterói, eixo Rio-São Paulo.
14) As palavras e expressões “tão só, tão somente, à toa” ficam sem hífen agora.
15) A presença ou a ausência do hífen têm implicações semânticas e morfológicas em muitas
palavras: dente-de-leão, bico-de-papagaio, má-criação... Exemplo: “Já viu um dente de
leão? É curioso... e grande.” (aqui se está falando sobre o dente do animal leão, mas, se
estivesse com hífen – dente-de-leão – seria uma planta, o que mudaria substancialmente o
sentido da frase). Veja outro exemplo: “Sua má-criação (ou malcriação) não vai levá-lo a
lugar algum nessa vida!” (má-criação é um substantivo composto). Agora: “A má criação
das crianças pode levá-las a um desvio de conduta.” (má criação é um adjetivo + um
substantivo). Interessante, não?