Surge no século XIX, sendo cunhada por Émile Zola
(Escritor). Ele utiliza a palavra para fazer uma convocação (artistas, escritores, pensadores, sábios) para se erguerem contra o Estado Francês, no famoso caso Dreyfus, que foi um escândalo político que dividiu a França por muitos anos, durante o final do século XIX. Centrava-se na condenação por alta traição de Alfred Dreyfus em 1894, um oficial de artilharia do exército francês, de origem judaica. O acusado sofreu um processo fraudulento conduzido a portas fechadas. Dreyfus era, em verdade, inocente: a condenação baseava-se em documentos falsos. Quando os oficiais de alta patente franceses perceberam isto, tentaram ocultar o erro judicial. A farsa foi acobertada por uma onda de nacionalismo e xenofobia que invadiu a Europa no final do século XIX.
Figura do intelectual: é o
artista, o filósofo, pensador,
sábio etc., quando eles
falam em público, quando
eles tomam uma opinão em
público
Características
Defesa de uma causa universal
Transgressão: coloca o
intelectual contra a ordem
vigente, contra os valores
constituidos
Fala contra a injustiça, a
opressão, a exploração, o
preconceito, ou seja, ele fala
contra para poder falar a favor
da justiça, da liberdade, da
emancipação, da cultura, da
cidadania
O intelectual possui um perfil
político. Não no sentido partidário
ou político institucional, mas no
sentido clássico da polis, ou seja,
espaço público da cidadania, dos
direitos e dos valores. Pois quando
fala em público o intelectual ele
assume uma posição diante sua
sociedade.
Quando se fala no silêncio dos intelectuais,
muitas das vezes se pensa
quantitativamente. Que eles falam menos,
aparecem menos do que antes, e as vezes se
recusam mesmo a se pronunciar. O silêncio
entendido dessa maneira tem quatro
grandes cuausas:
Fracasso das revoluções. Refluxo dos ideais revolucionários, das utopias
revolucionárias, perda do sentimento de que a história possui um sentido,
de que o futuro é um porvir aberto, fazendo com que o presente se mostre
como definitivo. O primeiro silêncio decorre da perda da dimensão
emancipatória do futuro
Modo como os pensadores, artistas estão inseridos no modo de produção capitalista. A figura
do intelectual é inseparável da autonomia das artes e da razão. Hoje as artes estão devoradas
pela indústria cultural, portanto, estão submetidas ao mercado cultural. O pensamento, a
ciência, a filosofia, direito, se realizam num campo vinculado diretamente aos interesses
empresariais. O trabalho do pensamento é chamado de “grande capital” das empresas. A
ciencia deixou de ser uma ciência empírica, ela se tornou força produtiva do capital. O
pensamento foi devorado pela produção econômica, pelo financiamento. De tal modo que a
autonomia do pensamento e da arte e a condição do intelectual se pronunciar em publico
desapareceu.
Neoliberalismo tem como principio o Estado mínimo, que significou o encolhimento do espaço público
(direitos sociais são convertidos em serviços, privatização dos direitos. Encolhimento da política
através do marketing político. O político é vendido e o cidadão é o consumidor deste objeto, o que leva
a uma diminuição do campo da cidadania, que é o lugar de fala do intelectual) e o alargamento do
espaço privado.
Substituição do intelectual pelo chamado “formador de opinião”, ou seja, a mídia criou duas figuras, a
do formador de opinião, ou seja, a ideia de que tem algumas pessoas que são detentoras da opinião
pública. Ideia de que a opinião pública é um setor que pertence a alguns indivíduos ligados as
empresas de mídia. E a mídia criou, também, a figura do “especialista competente”, que é aquele
sujeito que é considerado portador de alguns conhecimentos (científicos, jurídicos, técnicos etc.) que o
autorizam a mandar, e os outros que são incompetentes tem a obrigação de obedecer.
Criação dos ideólogos, que são os formadores de
opinião e os especialistas competentes. O ideólogo
é um defensor da ordem vigente, falando do alto
por meio das ideias. Distingue-se do intelectual, que
opera a partir da autonomia, e com uma fala
transgressora. Os ideólogos ocuparam os espaços
públicos e silenciaram os intelectuais.
O intelectual está engajado em uma causa, em
valores que são negados pela ordem vigente.
Esse engajamento só é possível, pois a fala
pública foi antecedida de um longo e lento
trabalho (dialética, como negação do que está
dado) de reflexão.
Ideia de um “mundo vertiginoso” (David Harvey). Nós vivemos um momento de compressão do espaço
e do tempo. O espaço se reduz a tela (computador, TV, celular) e o espaço são as imagens velozes
fugazes, vertiginosas, que correm nessas telas, e o tempo é apenas o do agora, um presente
instantâneo. Não existe um passado que explica a existência deste presente e não há um futuro que
explica para onde vai este presente. Tudo se esgota neste presente imediato (aqui (tela), agora
(imagem veloz)). O verdadeiro engajamento é aquele que permite que periodicamente o intelectual
permaneça em silêncio, para que ele possa fazer o trabalho de transformação da ideia imediata em
ideia compreendida. Senão o intelectual vai falar e muito, mas rigorosamente não vai dizer nada.