O hipotálamo é o centro suprassegmentar
mais importante que regula
os centros autonómicos do tronco cerebral e da medula espinhal,
influenciando fortemente as funções
cardiovascular, respiratória e gastrointestinal. Estas informações autonómicas
são enviadas através do feixe
longitudinal dorsal (de Schütz)
e feixe
mamilo-tegmental (de Gudden). Não
existindo uma delimitação de quais os núcleos
simpáticos ou parassimpáticos do hipotálamo, aceita-se que o
hipotálamo anterior e medial está relacionado com o controlo parassimpático, enquanto o hipotálamo
posterior e lateral se relaciona com os centros simpáticos.
Estimulação do hipotálamo anterior
e medial (áreas
pré-óptica e supra-óptica)
resultam em ativação
parassimpática,
com uma diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial, vasodilatação,
miose, sudorese aumentada, e motilidade e atividade secretora do TGI
aumentadas. Estimulação do hipotálamo posterior e lateral (sobretudo o hipotálamo posterior)
resulta em ativação
simpática, com aumento da frequência
cardíaca e pressão arterial, vasoconstrição, midríase, diminuição da motilidade
e secreção gastrointestinais, entre outros.
Regulação do equilíbrio hidrossalino
Regulação da Temperatura
Nota:
Algumas
regiões do hipotálamo contêm recetores térmicos que são sensíveis a alterações
da temperatura da perfusão sanguínea nessas regiões. A região hipotalâmica anterior (o núcleo
pré-óptico
medial –
centro
da perda do calor) é
sobretudo sensível à subida da temperatura, desencadeando mecanismos para
dissipar o calor (aumento da sudorese e vasodilatação cutânea) através de
projeções em centros autonómicos da medula e do tronco cerebral via o feixe prosencefálico medial. Lesão bilateral desta
região resultam em febre central ou hipertermia (subida da temperatura
corporal). Em contraste, a região hipotalâmica
posterior (centro
da conservação do
calor) é sensível à descida da
temperatura, e desencadeia mecanismos para conservação de calor (cessação da
sudorese, “arrepios”, vasoconstrição e
libertação de hormonas tiroideias).
Lesão bilateral desta região resulta em poiquilotermia, em que a temperatura
corporal flutua com a temperatura ambiente.
Comportamento Alimentar
Nota:
O
núcleo ventromedial (ou, pelo menos, parte do hipotálamo medial) parece
constituir um centro de saciedade, enquanto a região lateral constitui um
centro de fome
Sono e vigília
Nota:
. Um centro de sono encontra-se no hipotálamo
anterior, e o de vigília no posterior. O sistema orexina/hipocretina (ambos
péptidos excitatórios) no
hipotálamo lateral constitui o principal sistema neuromodulador excitatório que
controla o SAA (estados de vigília). Lesão do sistema orexina/hipocretina
encontra-se associado a narcolepsia. Doentes geralmente têm o início dos
sintomas na sua adolescência, quando se apresentam muito sonolentos durante o
dia, podendo adormecer se não tiverem estímulos exteriores que os mantenham
acordados.
Doentes narcolépticos apresentam
também paralisia do sono quando se encontram ou a adormecer ou a acordar,
encontrando-se conscientes, mas incapazes de se moverem, ou podem ter sonos
enquanto se encontram conscientes à medida que adormecem (alucinações
hipnagógicas)
ou ao acordar (alucinações
hipnopômpicas). Todos estes fenómenos
representam um enfraquecimento das fronteiras entre a
“vigília” e o “sono”, com
componentes do sono REM a introduzirem-se no estado vígil.
Defeitos genéticos que cursam com
perda de sinalização orexinérgica e hipocretinérgica podem originar narcolepsia em
animais. Em humanos, a maioria dos indivíduos apresenta uma perda de neurónios orexinérgicos e hipocretinérgicos por reação autoimune. Neurónios orexinérgicos
e hipocretinérgicos
estabilizam o estado comportamental
ao reforçar o estado de vigília, e ao impedir que adormeçamos imediatamente. Na
ausência de orexina, o estado de vigília é menos estável, e o indivíduo
adormece facilmente. Pode ainda apresentar fragmentos do sono REM (sonhar,
atonia muscular) nos momentos “errados”, resultando em alucinações, paralisia
do sono, e cataplexia (perda súbita de tónus muscular).
Regulação do estado pró-inflamatório e
na manuntenção do estado de defesa a
uma infeção