Ribeiro (2008, p. 37), na ABP, perspectiva inovadora, o professor interage “[...] com os alunos no nível metacognitivo, ou seja, fazendo-lhes perguntas (e.g. “Por quê? ”; “O que você quer dizer com isso? ”;
“Como você sabe que isto é verdadeiro? ”), e também questionando seu raciocínio
superficial e suas noções vagas e equivocadas”.
Instiga e desafia o aluno a ir além dos conhecimentos que
já possui, e desenvolver suas potencialidades com ABP.
Cria condições para que os alunos desenvolvam a
capacidade de aprender a aprender.
Aluno: protagonista do processo de ensino-aprendizagem
Nota:
O problema (aberto) necessita da contribuição do aluno ou do grupo de alunos, para que sejam construídas hipóteses que possam levar à sua solução. Essa solução (...) precisa ser construída com base nas informações disponibilizadas pelo professor e por meio da busca dos conhecimentos necessários para solucionar o problema proposto.
Ribeiro (2008, p. 35) pontua que a “delegação aos alunos de autoridade com responsabilidade sobre a aprendizagem, prepara-os para que se tornem aprendizes por toda a vida”.
Trabalho colaborativo e a
ABP
Nota:
O problema fundamenta a ABP. Este determina o conteúdo a ser trabalhado e a profundidade com que cada item do conteúdo será trabalhado. Ribeiro (2008, p. 29) apresenta uma definição interessante de ‘problema’ em ABP: “um problema no PBL [Problem Based Learning] deve ser entendido como um objetivo cujo caminho para sua solução não seja conhecido”.
Elaboração do problema fundamenta a ABP, com
obstáculos que estimulem os alunos a buscarem
conhecimentos para resolvê-los.
Nota:
Villella (2006, p. 19)5 diz que um problema deve apresentar certos componentes:
a) Interrogação que dá razão de ser à situação: a pergunta mediante a qual se dá origem ao entrelaçamento do projeto de estratégias de
solução que não deve poder resolver-se por meio de respostas dicotômicas
(sim/não, verdadeiro/falso);
b) O interesse que se manifesta em quem vai resolvê-lo, para que se gere a proposta de solução que se busca;
c) A inexistência de uma solução imediata;
d) A necessidade de desenvolver mais de um caminho, ou forma, de resolução.
Aluno do ensino superior detentor de autonomia e
responsabilidade por sua aprendizagem,
Nota:
Com funções a desempenhar como:
a) Analisar e interpretar o problema;
b) Identificar os objetivos de aprendizagem que se pretende atingir, a partir do problema proposto;
c) Utilizar o conhecimento prévio, identificar e selecionar os conhecimentos, informações e estratégias que ainda precisa adquirir para solucionar o problema;
d) Pesquisar, buscar as informações necessárias para solucionar o problema em diferentes fontes,
esclarecendo as dúvidas que por ventura surgirem, com o auxílio das fontes disponíveis, inclusive colegas e professor;
e) Discutir as possibilidades (hipóteses) de solução com o grupo, e elaborar planos de ação;
f) Compartilhar as informações coletadas e o conhecimento construído com os colegas;
g) Desenvolver habilidades de análise e síntese das informações, assim como uma visão crítica da informação obtida;
h) Comprometer-se a identificar os mecanismos básicos que possam explicar todos os aspectos importantes do problema.
I) Avaliar a solução encontrada para o problema e a eficácia do processo utilizado para alcançá-la, avaliar seu próprio desempenho, bem como o de seus colegas e professor-orientador; Por sua dinamicidade, a ABP serve a outros
propósitos que apenas “medir” o quanto o aluno aprende; diferentes alternativas devem ser desenvolvidas para que a avaliação se torne também um instrumento de aprendizagem.
É por meio da interação e do trabalho conjunto
com colegas e professores que se constroem os
conhecimentos.
Nota:
Sentir-se parte de um grupo fará com que o rendimento do aluno melhore, além de
perceber-se, muitas vezes, a elevação de sua autoestima. Calzadilla (2002, p. 4) vai mais além, e afirma que com essa estratégia é possível suprimir a observação e a recepção passiva e repetitiva, para “promover procesos dialógicos que conduzcan a la confrontación de múltiples perspectivas y (8) a a negociación propias de la dinamicidad de todo aprendizaje que conduzca al desarrollo”
Equipes menores e heterogeneas levam a
um nível de discussão mais profundo.
Nota:
Segundo Calzadilla (2000), a interação cria vínculos entre os envolvidos, mas apenas o tempo de convívio fortalece esses vínculos. Assim, não se recomenda mudar a formação das equipes
a intervalos muito curtos de tempo.
Quanto à formação das equipes, para Vitela (2005, p. 120), a heterogeneidade é bem-vinda na composição dos grupos, pois “De esta manera, las opciones de solución serán más variadas, el nivel de discusión será más profundo y por lo tanto, la calidad del trabajo inal será mayor.”
Habilidades primordiais na ABP: a responsabilidade (aluno responsável
pelo seu aprendizado, pontuando a importância da interdependência
positiva, com a compreensão, de que o resultado final será a soma das
produções individuais; a interação na busca pelos conhecimentos para a
solução do problema, compartilhamento e discussão da utilidade das
informações para uso no trabalho em desenvolvimento e possam alcançar
os resultados desejados.
Nota:
Vitela (2005) pontua a responsabilidade, pois ao fazer parte de um grupo, o aluno é responsável pelo
seu aprendizado, e, em certa medida, pelo aprendizado de seus colegas; além da
responsabilidade, vale citar a importância da interdependência positiva, que implica a compreensão, por parte do aluno, de que, para atingir resultados positivos, todos devem estar comprometidos e conscientes de que o resultado
final será a soma das produções individuais; outro fator indispensável é a
interação, pois fomenta a busca pelos conhecimentos necessários para a solução
do problema, além de propiciar oportunidades para que os alunos compartilhem as
informações encontradas, discutam a utilidade dessas informações para o
trabalho que estão desenvolvendo e discutam os caminhos que podem ser seguidos
para alcançar os resultados desejados.
A avaliação na
metodologia ABP
Feedback ao aluno, sobre os
seus pontos fortes e suas
limitações, identificando o que
pode ser melhorado.
Nota:
Aluno aprendente, apresenta características, tais como capacidade de interação, tanto em nível pessoal quanto intelectual (necessária para o desenvolvimento da habilidade para
trabalhar em equipe), criatividade, capacidade de enfrentar desafios, habilidades intelectuais (capacidade de análise, crítica e reflexão),
percepção, proatividade, habilidade de comunicação, e outras se fazem necessárias
e podem ser desenvolvidas e melhoradas ao longo do processo de ensino-aprendizagem com o uso da ABP JUNGES, 2017, p. 8).
A avaliação contínua, ao longo de todo
o processo de ensino-aprendizagem,
permite ao professor e ao aluno
identificar progressos e deficiências
(avaliação diagnóstica), localizá-las e
corrigi-las (avaliação formativa).
Nota:
Para Luckesi (2002, p. 56):
[...] tanto o ‘sucesso/insucesso’ como o ‘acerto/erro’ podem ser utilizados como fonte de virtude em geral e como fonte de ‘virtude’ na aprendizagem escolar. No caso da solução bem ou malsucedida de uma busca, seja ela de investigação científica ou de solução prática de alguma necessidade, o ‘não sucesso’ é, em primeiro lugar, um indicador de que ainda não se chegou à solução necessária, e, em segundo lugar, a indicação de um modo de ‘como não se resolver’ essa determinada necessidade.
Planejar e elaborar a avaliação
considerando tanto o desempenho
individual do aluno como o desempenho da
equipe.
Nota:
O propósito da avaliação não é apenas o de atribuir um juízo de valor ao trabalho ou ao desempenho do aluno (avaliação classificatória); deve ser utilizada para facilitar o diagnóstico da aprendizagem, verificar o conhecimento dos alunos (avaliação diagnóstica), otimizar o processo de ensino-aprendizagem; identificar as causas das dificuldades e localizar as deficiências (avaliação formativa); interpretar resultados, e atribuir “nota”, medir; promover ou agrupar os alunos. Concluído o ciclo de avaliação, professores e alunos precisam refletir e “buscar uma consciência coletiva quanto aos resultados alcançados” (SANT’ANNA, 1995, p. 39)
para verificar se as falhas no processo, identificadas na avaliação diagnóstica, foram superadas, e se houve realmente construção de conhecimento
significativo.
VANTAGENS E
DESVANTAGENS
Nota:
Algumas vantagens de se usar a ABP:
1) Faz com que o aluno aprenda a
transformar informações em conhecimentos;
2) Oportuniza o desenvolvimento
das habilidades e qualidades necessárias para o trabalho em equipe;
3) Favorece a aquisição de habilidades e competências relacionadas aos quatro pilares da educação:
-aprender a aprender: ao ser estimulado a buscar informações e construir conhecimentos significativos o aluno desenvolve estratégias e hábito de estudo, aprendendo a aprender;
- aprender a fazer: à medida que deve pôr em prática os conhecimentos construídos, adaptando-os a diferentes contextos, o aluno desenvolve essa habilidade;
- aprender a conviver: o trabalho em equipe é uma das principais características da ABP, e isso demanda o desenvolvimento de habilidades de relacionamento interpessoal;
- aprender a ser: ao oportunizar o
desenvolvimento de responsabilidade individual e coletiva, pensamento crítico e autonomia, professores e alunos expõem sua personalidade em um ambiente em que
se privilegia a comunicação, a interação e o trabalho em equipe, sendo assim um campo fértil para se aprender a ser.
4) Incentiva o aluno a utilizar e adaptar seus conhecimentos a novas situações e contextos;
5) Fomenta o desenvolvimento do
pensamento crítico e da responsabilidade;
6) Prepara os alunos para enfrentarem situações reais do âmbito profissional por meio de simulações.
7) Centra a aprendizagem no aluno, e ele participa ativamente de todo o processo;
8) O professor é um facilitador do processo de ensino-aprendizagem, e não a autoridade única;
9) Oferece oportunidades de desenvolver a habilidade de comunicação e de relações interpessoais;
10) Favorece a socialização de informações e de conhecimentos;
11) A ABP tem características próprias, mas não exclui a utilização de técnicas e estratégias de ensino próprias de outros métodos de ensino;
12) Favorece o desenvolvimento da
habilidade de tomar decisões, ao aprovar e apoiar a discussão aberta entre os alunos no processo de resolução de problemas;
13) Aumenta o grau de motivação dos alunos: ao perceberem a utilidade e aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos em sua prática profissional, o nível de motivação aumenta.
Algumas desvantagens nesta metodologia; dentre elas observa-se: 1) Pode ser difícil elaborar um problema que abranja todos os conteúdos que precisam ser trabalhados; 2) A avaliação é mais complexa que
a tradicional, pois envolve grande subjetividade, demandando critérios
cuidadosamente elaborados e respeitados; 3) A organização tradicional do currículo, com as disciplinas isoladas umas das outras, e os conteúdos organizados em ordem crescente de dificuldade: na ABP os conteúdos devem ser organizados de acordo com sua relevância para a solução do problema, e essa ordem é bastante
flexível; 4) O professor precisa ter a habilidade de prever as dificuldades que possam surgir, e deve estar preparado para orientar os alunos, de forma que superem as dificuldades. Isso exige mais tempo do professor para planejar suas aulas; 5) A necessidade de mais tempo e maior dedicação por parte do professor gera um nível maior de estresse, e faz com que não seja recomendável a aplicação desse método em várias turmas ao mesmo tempo, pelo mesmo professor. No entanto, as fragilidades ou dificuldades encontradas não impedem a utilização da ABP, e são contornáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Intervenção do professor de modo a
oferecer pistas e questionar estratégias,
incentivando a análise crítica dos fatos por
parte dos alunos.
Valores e atitudes são considerados
tão importantes quanto o
desenvolvimento cognitivo.
O papel da universidade é o de auxiliar o
crescimento intelectual, pessoal e profissional
do educando. [...] poucos docentes têm a
formação pedagógica necessária para
fomentar essas aprendizagens; [...].
A intervenção do professor pode ocorrer de
forma a oferecer pistas e questionar
estratégias, incentivando a análise crítica dos
fatos por parte dos alunos.
TESSITURA DA
PRÁTICA
PEDAGÓGICA E
ORGANIZAÇÃO DAS
AULAS NA ABP.
A metodologia ABP:
utiliza técnicas e
estratégias oriundas de
diversos outros métodos
de ensino.
Nota:
De maneira geral, as aulas possuem alguns elementos básicos, baseados nos descritos por Ayape (2005):
a) definição do problema: é apresentado um problema geral, desdobrado em vários outros, resolvidos um a um;
b) brainstorm (tempestade de ideias): técnica excelente para verificar que conhecimentos são necessários para solucionar o problema, verificar o que se sabe (ou não) desses conhecimentos, e determinar caminhos a serem seguidos;
c) classificação das ideias: a tempestade de ideias, como o próprio nome sugere, ocorre de forma desordenada, e esse terceiro passo serve para organizar e selecionar as ideias relevantes
para a solução do problema;
d) formulação dos objetivos: selecionadas e organizadas as ideias, há a necessidade de traçar os objetivos.
Os alunos precisam ter em mente
que as atividades devem ser guiadas por objetivos; e) pesquisa: para solucionar o problema é necessário adquirir determinados conhecimentos, estabelecidos nos passos anteriores. Usando diferentes fontes, tais como livros, revistas, internet, professores, colegas, etc., os alunos buscam os conhecimentos necessários para solucionar o problema;
f) apresentação dos resultados: cada etapa exige
um resultado, que pode ser apresentado de diferentes formas, conforme o problema – produção textual, dramatização, apresentação oral, etc.;
A ABP é uma metodologia
de ensino capaz de
fomentar a aprendizagem
tanto das habilidades
intelectuais quanto das
atitudes e valores com sua
dinâmica de trabalho