A revolução científi ca propriamente dita ocorreu nos séculos XVI e XVII, com
Copérnico, Bacon e seu método experimental, Galileu, Descartes e outros. Não surgiu,
porém, do acaso. Toda descoberta ocasional e empírica de técnicas e de conhecimentos referentes ao universo, à natureza e ao homem serviu para preparar o
surgimento do método científi co e o caráter de objetividade que caracterizaria a ciência
a partir do século XVI (ainda de forma vacilante) e agora (já de forma rigorosa).
Desenvolvimento
Nota:
Aos poucos, o método experimental foi aperfeiçoado e passou a ser aplicado em
novos setores. Por fi m, no século XX, a ciência, com seus métodos objetivos
e exatos, desenvolveu pesquisas em todas as frentes do mundo físico e humano, atingindo um grau de precisão surpreendente não só na área das navegações espaciais e de
transplantes, como nos mais variados setores da realidade.
Níveis
Nota:
Com relação ao homem, por exemplo, pode-se considerá-lo em seu aspecto externo e aparente e dizer uma série de coisas ditadas pelo bom senso ou ensinadas pela
experiência cotidiana. Pode-se estudá-lo com um propósito mais científi co e objetivo,
investigando experimentalmente, por exemplo, as relações existentes entre certos órgãos
e suas funções. Pode-se também questioná-lo quanto à sua origem, sua realidade e seu
destino e, ainda, investigar o que dele foi dito por Deus por meio dos profetas e de
seu enviado, Jesus Cristo. Têm-se, assim, quatro espécies de considerações sobre a mes-
6 Metodologia científi ca
ma realidade. O homem, conseqüentemente o pesquisador, está se movendo dentro de
quatro níveis diferentes de conhecimento.
Empírico
Nota:
Pelo conhecimento empírico, a pessoa percebe entes, objetos, fatos e fenômenos
e sua ordem aparente, tem explicações concernentes à razão de ser das coisas e das
pessoas. Esse conhecimento é constituído por meio de interações, de experiências vivenciadas pela pessoa em seu cotidiano e de investigações pessoais feitas ao sabor das
circunstâncias da vida; é sorvido do saber dos outros e das tradições da coletividade ou,
ainda, tirado da doutrina de uma religião positiva.
Científico
Nota:
O conhecimento científico vai além do empírico, procurando compreender, além do
ente, do objeto, do fato e do fenômeno, sua estrutura, sua organização e funcionamento,
sua composição, suas causas e leis.
Certo
Nota:
Certo, porque sabia explicar os motivos de sua certeza, o que não acontecia com
o conhecimento empírico.
Geral
Nota:
Geral, no sentido de conhecer no real o que há de mais universal e válido para
todos os casos da mesma espécie. A ciência, partindo do indivíduo concreto, procura o que nele há de comum com relação aos demais da mesma espécie.
Metódico
e
Sistemático
Nota:
Metódico e sistemático, já que o cientista não ignorava que os seres e os fatos
estavam ligados entre si por certas relações e seu objetivo era encontrar e reproduzir esse encadeamento, o qual alcançava por meio do conhecimento ordenado de leis e princípios.
Filosófico
Nota:
O conhecimento filosófico distingue-se do conhecimento científico pelo objeto de
investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, imediatos,
perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e física,
são suscetíveis de experimentação.
A fi losofi a procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. Não
há soluções definitivas para um grande número de questões. Entretanto, a filosofia habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida
concreta.
Teológico
Nota:
O conhecimento revelado — relativo a Deus — e aceito pela fé teológica constitui o
conhecimento teológico. Este, por sua vez, é o conjunto de verdades ao qual as pessoas
chegaram não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da
revelação divina. Vale-se de modo especial do argumento de autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos livros sagrados e aceitos racionalmente pelas pessoas, depois
de terem passado pela crítica histórica mais exigente. O conteúdo da revelação, feita a
crítica dos fatos ali narrados e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se
de autenticidade e de verdade. Essas verdades passam a ser consideradas como fi dedignas e por isso são aceitas. Isso é feito com base na lei suprema da inteligência: aceitar a
verdade, venha de onde vier, contanto que seja legitimamente adquirida.
Trinômio
Nota:
Já foi visto que o problema do conhecimento é, em grande parte, enigmático. O ser
humano é cheio de limitações, e a realidade que pretende conhecer e dominar é múltipla e complexa. Diante disso, surgem inúmeras questões: o ser humano pode conhecer
a verdade? O que é a verdade? Quais são as evidências que temos de que as verdades
reveladas pela religião ou descobertas pela ciência são realmente a verdade ? Como podemos ter certeza de que o ser humano e a humanidade estão no caminho certo?
Verdade
Nota:
O que é, então, a verdade? É o encontro da pessoa com o desvelamento, com o desocultamento e com a manifestação do ser. A essência das coisas se manifesta, torna-se
translúcida, visível ao olhar, à inteligência e à compreensão humana. Pode-se dizer que
há verdade quando percebemos e expressamos o ser que se desvela, que se manifesta.
Há uma certa conformidade entre o que julgamos e dizemos e aquilo que do objeto se
manifesta.
Muitas vezes ocorre ainda de, levados por certas aparências e sem o auxílio de instrumentos adequados, emitirmos conclusões precipitadas que não correspondem aos fatos
e à realidade: temos, então, o erro. E os erros são freqüentes ao longo da história, como,
por exemplo, as afi rmações do geocentrismo, da geração espontânea etc.
Evidência
Nota:
As afi rmações erradas decorrem muito mais de nossas atitudes precipitadas e de
nossa ignorância com relação à natureza daquilo que se oculta e se desvela aos poucos
do que da própria realidade. A verdade só resulta quando há evidência. Evidência é
manifestação clara, é transparência, é desocultamento e desvelamento da natureza e da
essência das coisas. A respeito daquilo que se manifesta das coisas, pode-se dizer uma
verdade. Entretanto, como nem tudo se desvela de um ente, não se pode falar arbitrariamente sobre o que não se desvelou. A evidência, o desvelamento, a manifestação da
natureza e da essência das coisas são, pois, o critério da verdade.
Certeza
Nota:
Finalmente, a certeza é o estado de espírito que consiste na adesão fi rme a uma
verdade, sem temor de engano. Esse estado de espírito fundamenta-se na evidência, no
desvelamento da natureza e da essência das coisas. Relacionando o trinômio, pode-se
concluir dizendo que, havendo evidência, isto é, se o objeto, fato ou fenômeno se desvela ou se manifesta com sufi ciente clareza, é possível afi rmar com certeza, sem temor
de engano, uma verdade.
Quando não houver evidência ou sufi ciente manifestação do objeto, fato ou fenômeno, o sujeito estará em outros estados de espírito, o que deve transparecer também em
sua expressão ou linguagem. São os casos da ignorância, da dúvida e da opinião.
Ignorância
Nota:
Ignorância é um estado intelectual negativo, que consiste na ausência de conhecimento relativo às coisas por falta total de desvelamento. A ignorância pode ser vencível, invencível, culpável e inculpável.