O primeiro mandato de Lula caracterizado
pela consolidação da estabilização, com
melhoras na situação fiscal na situação
externa, mas ainda com taxas de
crescimento relativamente baixas.
24.1. O 1º mandato de
Lula(2003 a 2006)
A primeira tarefa para o
Partido dos Trabalhadores:
Conquistar a credibilidade já durante a
campanha, para viabilizar a eleição e
garantir a governabilidade do país.
A indicação de Antonio Palocci como
coordenador do programa de governo de Lula,
consolidava a ideia de uma “transição lúcida”.
“Carta ao Povo Brasileiro”, lançado em junho de 2002 -
Com a ideia da manutenção da estabilidade, da defesa
dos contratos, da preservação do ajuste fiscal e da
garantia de pagamento das dívidas e com a ausência de
mudanças significativas em relação ao governo anterior.
Grandes apostas políticas de inclusão: "Programa
Fome Zero”, depois sendo substituído por
políticas mais focalizadas como o “Bolsa Família”,
que foi uma junção e ampliação do Bolsa Escola,
Vale-Gás e Bolsa Alimentação, implementados no
governo anterior.
O choque de credibilidade
A conquista da Credibilidade:
Manutenção do tripé macroeconômico – metas de
inflação, superávit primário e taxa de câmbio flutuante
A manutenção do sistema de metas
inflacionárias e a revisão pelo Conselho
Monetário Nacional destas metas de inflação.
Elevação da meta de superávit primário para 2003,
e também para os quatro anos de governo
A valorização cambial e a preservação da política
monetária voltada para a estabilização garantiram a
queda das taxas de inflação ao longo do governo Lula.
A questão fiscal
Se observa uma
significativa melhora.
O aumento do superávit primário, combinado com a
valorização cambial, contribuiu para que a Dívida Líquida
do Setor Público em relação ao PIB
Melhora dos indicadores fiscais com elevação da
carga tributária, que passou da faixa dos 32,35% do
PIB em 2002 para 34,12%
O aumento de receita a partir de 2004 se deu
tanto no Tesouro Nacional como nas receitas
previdenciárias.
Os benefícios previdenciários saltaram de 5,9% do PIB
em 2002 para 6,9% do PIB em 2006 e permaneceram
nesse patamar até o final do governo Lula.
A variação do salário-mínimo foi maior que o índice de preços,
garantindo o seu crescimento real. Outro componente
importante no gasto do governo é o pagamento de juros
associados à dívida pública. Acompanhando esse processo,
verificou-se a melhora do perfil da dívida pública,
A questão externa: a redução do passivo
externo líquido e a valorização cambial
Ao longo do primeiro mandato um desempenho
bastante favorável das contas externas do país,
com o crescimento contínuo das exportações.
O bom desempenho das exportações decorreu de um conjunto de
fatores: forte elevação do preço das commodities, crescimento
econômico mundial, impacto positivo da desvalorização real do
câmbio ocorrido em 2002, além de medidas voltadas para
desoneração tributária do setor exportador.
Um elemento importante no balanço de pagamento é a conta
Capital e Financeira. O balanço de pagamento apresentou superávit
global em todos os anos, significando acúmulo de reservas.
O crescimento econômico limitado
A melhora dos indicadores macroeconômicos possibilitou a
queda contínua do risco-país e a valorização cambial, o que
contribuiu, juntamente com as elevadas taxas de juros, para
a queda dos índices inflacionários.
O crescimento econômico brasileiro manteve um desempenho
relativamente fraco no primeiro mandato, A taxa média de
crescimento situou-se ligeiramente acima da taxa média do
governo FHC, mas com desempenho inferior às taxas de
crescimento mundial e da média dos países emergentes.
A expansão do consumo das famílias, apesar do fraco
crescimento do produto, pode ser explicada por três motivos:
a) expansão das transferências às pessoas
por meio dos programas assistenciais,
b) melhoras no mercado de trabalho,
c) expansão do crédito para pessoa física devido à
estabilidade da economia e uma série de medidas voltadas
para o melhor desempenho do sistema de crédito,
Introdução do Banco Popular,
destacando-se o crédito consignado,
Aprovação da nova Lei de Falências, que amplia o direito dos credores,
reduzindo o risco do financiamento empresarial.
Esse conjunto de medidas levou a uma grande
ampliação do crédito no país,
A saída do ministro Palocci em 2005 e sua
substituição por Guido Mantega, do chamado
grupo desenvolvimentista, colocou vários
temores sobre a preservação do desempenho
fiscal e da política monetária.
Com influência da ministra da Casa Civil e ex-ministra de
Minas e Energia, Dilma Rousseff, preservou o teor central da
política macroeconômica.
O segundo mandato caracteriza-se por
maiores taxas de crescimento
econômico, exceto em 2009, em função
da grave crise econômica mundial
24.2. O 2º mandato de
Lula ( 2007 a 2010)
A prioridade colocada na retomada do crescimento
sustentável pode ser vista pelo lançamento do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007, e pela
redefinição da política industrial.
O PAC é um conjunto de ações e metas
para investimentos em infraestrutura,
seja pelo setor público ou privado.
O conjunto de investimento
estava organizado em três
eixos de setores.
1) logística (construção de rodovias,
ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias);
2) energia (geração e transmissão de energia
elétrica; produção, exploração e transporte de
petróleo; gás natural e combustíveis renováveis);
3) infraestrutura social e urbana (saneamento, habitação,
transporte urbano, universalização do programa Luz para
Todos e infraestrutura hídrica).
Lançou a nova política industrial
denominada Programa de
Desenvolvimento Produtivo (PDP).
As principais metas da política eram:
1) ampliação da Taxa de Investimento/PIB;
2) ampliação do investimento privado em P&D/PIB;
3) ampliação da participação das
exportações nas exportações mundiais;
4) dinamização das micro e pequenas empresas.
Os principais instrumentos seriam os
financiamentos do BNDES e as
desonerações fiscais, principalmente da
folha salarial e do custo da energia.
Para atrair o setor privado, realização das
concessões ou os contratos de Parceria-
Público-Privada (PPP).
Condições adequadas de financiamento,
da existência de um marco regulatório
Aperfeiçoamento dos marcos regulatórios, a
melhoria do sistema judiciário, a agilidade na
aprovação de projetos nas diferentes instâncias
(inclusive o meio ambiente),
Destaca-se o crescimento da agricultura e
do setor de serviços.
Significativo avanço na produção industrial dos
setores de bens de capital, eletrônicos, automóveis
e informática e equipamentos de escritório
A preservação dos superávits primários e a
redução da taxa real de juros, acompanhada de
maiores taxas de crescimento econômico,
possibilitaram a queda contínua na razão Dívida
Líquida do Setor Público/PIB.
Fator fundamental para a redução do risco-país,
fazendo com que o Brasil alcançasse o chamado
“Grau de Investimento” (Investment Grade),
As exportações mantiveram seu
crescimento, em função do dinamismo
econômico mundial, mas as importações
passaram a apresentar maiores taxas de
crescimento, em decorrência da expansão
do consumo e investimento interno,
O Banco Central seguiu na política de acúmulo de
reservas para evitar maiores apreciações
cambiais, levando o estoque de reservas
internacionais para níveis recordes.
O bom desempenho das commodities no período recente
e os termos de troca favoráveis contribuíram para uma
significativa valorização cambial.
A exploração do Pré-sal:
O sucesso na exportação de commodities intensivas em
recursos naturais fez com que a pauta de exportação
brasileira ficasse cada vez mais concentrada nesses produtos.
“Maldição dos recursos naturais”, fenômeno em
que países com ampla disponibilidade de recursos
naturais acabam não se desenvolvendo, e vivem
da venda de seus recursos naturais,
“Doença holandesa”, o sucesso nas exportações de commodities
provoca a valorização cambial e o desaparecimento de setores
industriais mais intensivos em conhecimento e tecnologia.
Grande parte do desempenho
favorável estava atrelada ao
desempenho da economia mundial, ao
rápido ritmo de crescimento e, em
especial, ao comportamento dos
preços das commodities nas quais o
país foi se especializando,
A grande crise
internacional
O fenômeno surge nos EUA como uma crise de
inadimplência no mercado financeiro imobiliário
transforma-se em uma crise financeira com várias
quebras bancárias e se espalha para o resto do mundo
por dois canais principais: retração do comércio
internacional e restrição da oferta de crédito.
Como o Brasil
enfrentou a crise
Alguns instrumentos foram utilizados: redução de
reservas bancárias e da taxa de juros; empréstimos a
bancos que tiveram dificuldades, financiamento para
fusões, incorporações e aquisições de carteiras de ativos;
financiamento a empresas e ao comércio exterior
utilizando-se das reservas internacionais.
A oferta de crédito continuou se
expandindo,
Lançou um programa de
financiamento habitacional,
Minha Casa, Minha Vida, que
visava financiar a construção.
Utilizou mais intensamente a política
fiscal para estimular a economia.
A redução de vários impostos,
como a queda do IPI de
automóveis, eletrodomésticos,
materiais de construção,
Forte expansão do crédito
pelos bancos públicos,
Último ano do governo Lula: forte crescimento
econômico, taxas de desemprego em queda,
atingindo os menores patamares da década.
Em função da crise econômica
mundial, o crescimento econômico no
segundo mandato de Lula ficou acima
dos 5% a.a., sendo o melhor
desempenho da economia brasileira
desde os anos 70.
24.3 Em busca de um
novo modelo de
desenvolvimento
Ponto
extremamente
importante:
A significativa redução na
concentração de renda do
país
A diminuição da
pobreza
A ampliação das possibilidades de
consumo de uma camada
significativa da população brasileira
Fatores determinantes para a melhoria do
grau de distribuição de renda:
1) o fim das elevadas taxas de inflação e seus efeitos
deletérios sobre a renda dos mais pobres;
2) a melhora dos indicadores educacionais, com a significativa
ampliação do acesso à educação básica e também à educação
superior.
3) o aumento dos benefícios previdenciários,
em função da política de valorização do
salário-mínimo desde 1994;
4) As transferências de renda do governo (políticas
assistenciais), largamente ampliadas através do Bolsa
Família;
5) A ampliação das oportunidades regionais de
trabalho, com o crescimento das possibilidades
de renda e emprego
Novo modelo
econômico
Modelo de Consumo de Massa, que passava por uma melhor
distribuição de renda, fortalecimento do mercado de
trabalho, expansão do crédito, políticas redistributivas do
Estado (elevada transferência de renda), maior papel do
Estado na economia, que se consubstanciava em ampliação
da carga tributária, e maior intervencionismo no
direcionamento dos investimentos.