Chama-se Cruzada a qualquer um dos movimentos militares de inspiração cristã que partiram da
Europa Ocidental em direção à Terra Santa e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las,
ocupá-las e mantê-las sob domínio cristão.
A Primeira Cruzada oficial foi convocada pelo Papa Urbano II, que reuniu a nobreza europeia em 1095
para combater os infiéis que ocupavam a Terra Santa.
No ano seguinte, os cruzados partiram para Jerusalém e tiveram sucesso, conquistando a Terra
Santa, o principado de Antioquia e os condados de Trípoli e Edessa
Algumas décadas depois, os muçulmanos conseguiram reconquistar a cidade de Edessa, o que
motivou uma nova expedição, a segunda Cruzada, entre os anos 1147 e 1149. No entanto, não
causou a mesma comoção da primeira e resultou em uma grave derrota, o que deixou profundo
ressentimento no Ocidente.
Em respostas a vitória de Sutão em Jerusalém, o Papa Gregório VIII convocou uma nova Cruzada, que ficou famosa pela participação de três
importantes reis da Europa: Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra; Frederico Barbarossa, do Sacro Império Romano Germânico; e Felipe
Augusto, da França.
A Terceira Cruzada, que ocorreu entre os anos 1189 e 1192, mais uma vez, não resultou em vitória
para os cristãos, mas o rei Ricardo Coração de Leão conseguiu assinar um acordo de paz com
Saladino permitindo a peregrinação dos cristãos com segurança até Jerusalém.
No início do século seguinte, nova Cruzada foi convocada para atacar Constantinopla. A expedição
ocorrida entre 1202 e 1204 tinha fins políticos que não receberam a aprovação do Papa Inocêncio III.
A Quarta Cruzada deixou notáveis consequências política e religiosas porque enfraqueceu o Império
Oriental e agravou o ódio entre a cristandade grega e latina.
A expedição que ficou conhecida como Cruzada das Crianças vitimou vários dos jovens ainda durante
a viagem e os sobreviventes foram vendidos como escravos aos muçulmanos quando atracaram no
porto de Alexandria. Calcula-se que 50 mil crianças tenham sido colocadas nos barcos da mais
desastrosa das expedições cristãs.
Nova Cruzada oficial ocorreria entre os anos 1217 e 1221. Porém o fracasso não seria novidade. A
quinta expedição não conseguiu nem mesmo superar as enchentes do Rio Nilo e acabou desistindo
de seus objetivos de tomar uma fortaleza muçulmana no Egito.
Sexta Cruzada, ocorrida entre 1228 e 1229, finalmente alcançou sucesso através da liderança de
Frederico II. Este conseguiu obter a posse de Jerusalém, de Belém e de Nazaré para os cristãos por
dez anos. No entanto, em 1244 os cristãos perderam o domínio dessas localidades novamente para
os muçulmanos.
Entre 1248 e 1254, a Sétima Cruzada foi liderada pelo rei francês Luís IX que desembarcou para
combate no Egito e recebeu a oferta de posse de Jerusalém, a qual recusou. Na continuidade dos
conflitos, o rei foi aprisionado e seu resgate custou 500 mil moedas de ouro.
Mas foi o mesmo rei que comandou a Oitava Cruzada em 1270. Só que ele faleceu devido à peste
logo após desembarcar em Túnis, o que encerrou mais uma expedição.
Uma Nona Cruzada ainda é descrita por alguns, embora muitos argumentem que tenha sido parte
integrante da Oitava Cruzada.
Após a morte do rei Luís IX, o príncipe Eduardo da Inglaterra teria comandado seus seguidores até o
Acre (cidade em Israel) para combater os adversários nos dois anos seguintes. Mas, preparando-se
para atacar Jerusalém, recebeu a notícia do falecimento de seu pai e decidiu retornar à Inglaterra
para herdar seu trono de direito, encerrando a expedição e o turbulento século XIII.
As Cruzadas foram um fracasso em seu objetivo de conquistar a Terra Santa para os cristãos.
Custaram muito caro para a nobreza europeia e resultaram em milhares de mortes. No entanto,
essas expedições influenciaram grandes transformações no mundo medieval.
Elas causaram o enfraquecimento da aristocracia feudal, fortaleceram o poder real e possibilitaram a
expansão do mercado. A civilização oriental contribuiu muito para o enriquecimento cultural
europeu, promovendo desenvolvimento intelectual. Nunca mais Jerusalém foi dominada pelos
cristãos, mas as movimentações ocorridas no trajeto para a Terra Santa expandiram os
relacionamentos com o mundo conhecido na época.
Poucos anos depois, em 1208, o mesmo papa convocou uma Cruzada contra os cátaros no
Lanquedoc. O catarismo, doutrina que acreditava no dualismo, ou seja, na existência de um Deus
bom e outro mal, era considerado uma heresia e seu crescimento incomodava muito a Igreja
Católica. Séculos mais tarde, seus seguidores seriam perseguidos também pela Inquisição.
O termo Cruzada não era conhecido na época em que ocorreram. Só foi assim nomeado porque seus
participantes se consideravam soldados de Cristo e se distinguiam pela cruz em suas roupas.
Antes da primeira Cruzada organizada por nobres europeus, houve um movimento extra-oficial que
ficou conhecido como Cruzada dos Mendigos ou Cruzada Popular.
No qual monge Pedro reuniu uma multidão que incluía mulheres, velhos e crianças para atuar como
guerreiros. A expedição até chegou ao Oriente, mas foi facilmente massacrada.