Rupturas e Continuidades na Linguística Aplicada Crítica
Pennycook (2001)
A POLÍTICA DO CONHECIMENTO: há quatro posturas e/ou maneiras de se caracterizar a relação
entre língua, conhecimento e política nos estudos da LA
OSTRACISMO LIBERAL
"[...] defende a adoção de políticas
liberais ou conservadoras, mas
não procura observar conexões
entre essas políticas e o
conhecimento produzido em LA:
“entende essa produção de
conhecimento como um domínio
autônomo desconectado de
questões políticas mais amplas”
(Pennycook, 2001, p. 29)" (p. 231)
AUTONOMIA ANARQUISTA
"[...] comumente associada ao
trabalho de Noam Chomsky,
combina uma política de
esquerda mais radical com
uma visão de que os estudos
linguísticos não têm nada a ver
com essa política: “a separação
do estudo da língua de
questões políticas lembra o
estruturalismo liberal [...] e,
uma vez mais, desconecta o
político do teórico” (p. 35)" (p.
231)
MODERNISMO EMANCIPATÓRIO
"[...] embora pretenda relacionar
os estudos linguísticos a
uma política de esquerda,
falha em acreditar que a
consciência pode levar à
emancipação: “esse tipo de
modernidade emancipatória
sugere que há de fato um
estado iluminado, uma
situação de fala ideal que
existe fora das relações de
poder” (p. 40-41)" (p. 231).
PRÁTICA PROBLEMATIZADORA
"[...] visão de LAC como
prática problematizadora,
que, ao se basear em
perspectivas
pós-estruturalistas,
pós-modernas e
pós-coloniais, concebe a
língua como sendo
inerentemente política e o
poder como estando sempre
relacionado a questões de
classe, raça, gênero, etnia,
sexualidade etc" (p. 231).
TODO CONHECIMENTO É POLÍTICO
"a ruptura mais notável da LAC no que se refere à política do conhecimento se sustenta na relação
entre língua, conhecimento e sociedade. Se, em uma concepção mais tradicional de LA a língua é
definida como uma estrutura independente de seus (suas) usuários (as) e do mundo no qual eles (as)
vivem, na concepção da LAC usar uma língua significa se posicionar ideológica e politicamente,
além de assumir uma postura de conhecimento que reflete nossas marcas identitárias, entre as
quais a classe, o gênero, a sexualidade etc" (p. 232).
"[...] uma concepção diferente daquela proposta por Widdowson (1984), segundo o qual a LA deveria se
ocupar do estabelecimento de conceitos apropriados ou modelos de língua no domínio pedagógico.
Na LAC, a língua não desempenha uma função de modelo, mas de prática social. Uma vez que o
conhecimento se torna possível por meio da língua, tanto o conhecimento quanto a língua são
definidos, então, como meios que nos possibilitam compreender e transformar as relações sociais" (p.232)
A POLÍTICA DA LÍNGUA
"Pennycook (2001) alega que áreas como a Sociolinguística e
as Políticas Linguísticas não constituem uma base para os
estudos em LAC, pois as suas teorizações, na maioria dos
casos, apresentam visões acríticas e estáticas sobre língua e
sociedade" (p. 232).
"[Pennycook] defende que a LAC desenvolva:
uma teoria crítica capaz de lidar com os
discursos que corroboram a manutenção
das desigualdades sociais; uma concepção de
língua que extrapole a descrição para
sugerir mudanças; o entendimento das
falhas de um modelo que procura enfatizar
a relevância da apropriação; e, por último,
uma visão de língua como ferramenta que
produz e, ao mesmo tempo, reflete as
relações sociais" (p. 232)