“APERFEIÇOAMENTO DO PROCESSO DE
FERMENTAÇÃO LÁTICA EM DIFERENTES
HORTALIÇAS
As fermentações dos alimentos
produzir sabores e características físicas novas e desejáveis
ajudar na conservação do
alimento
Quase todos os conservantes produzidos por ação microbiana são álcool e
ácidos, predominando o lático (GOLDONI, 1977).
Os estudos sobre fermentação
lática de hortaliças e azeitonas
os grupos de microrganismos mais ativos que ocorrem
durante o processo são: enterobactérias, bactérias láticas
e leveduras
o segundo grupo é considerado de maior importância, por ser o produtor de ácido lático, que
juntamente com o sal empregado na fermentação, são os responsáveis pela conservação do
produto.
Por meio de análises químicas e físico-químicas
como acidez total (expressa em porcentagem de ácido lático), pH, carboidratos solúveis, composição
centesimal e vitamina C, pode-se estudar o comportamento das hortaliças submetidas ao processo
de fermentação láctica.
Os valores encontrados nas determinações da acidez total e de pH, bem como o controle visual do
aspecto das fermentações, servem para avaliar o final do processo fermentativo.
os valores da acidez total tendem a
aumentar, atingir um patamar,
para em seguida sofrerem diminuição,
ocorrendo o inverso para os valores de pH
a cura pode ser facilmente verificada em razão de variação muito uniforme da coloração dos tecidos, característica
para cada hortaliça (GOLDONI et al., 1981).
MATERIAL E MÉTODOS
MATÉRIA PRIMA
foram empregadas as
hortaliças: couve-flor
(Brassica oleraceae var.
botrytis L.) cultivar Luna e
feijão-vagem (Phaseolus
vulgaris L.)
Cultura Pura de
Lactobacillus
platarum
“Starter” comercial (VEGE-START 10)
Nota:
A avaliação do inóculo e sua viabilidade foi feita por meio da
recuperação da cultura liofilizada em água peptonada e, após as diluições, fez-se a semeadura
em placas com o meio de cultura M.R.S. Agar. As mesmas foram colocadas em jarras para
anaerobiose, empregando-se o ANAEROBIC SYSTEM DIFCO (Microaerofilia). A incubação
foi feita em estufas para cultura. Para se efetuar as contagens, as jarras anaeróbicas foram
abertas após 48 horas de incubação a 30°C.
A avaliação do inóculo e sua viabilidade foi feita por meio da
recuperação da cultura liofilizada em água peptonada e, após as diluições, fez-se a semeadura
em placas com o meio de cultura M.R.S. Agar. As mesmas foram colocadas em jarras para
anaerobiose, empregando-se o ANAEROBIC SYSTEM DIFCO (Microaerofilia). A incubação
foi feita em estufas para cultura. Para se efetuar as contagens, as jarras anaeróbicas foram
abertas após 48 horas de incubação a 30°C.
Processo de
Fermentação Lática
método da salmoura
para a fermentação
das hortaliças
Nota:
As adições de sal servem para lixiviar o conteúdo celular facilitando o
desenvolvimento dos microrganismos responsáveis pela fermentação, para evitar em parte a
multiplicação dos microrganismos nocivos, favorecendo a ação das bactérias láticas e
finalmente, para contribuir para a melhoria da consistência do produto.
Para o caso do método da salmoura, a sua
concentração ideal é de 10% de cloreto de
sódio, na proporção de 1,8:1 entre salmoura
e hortaliça
Nota:
BM PH.BH PS.BS
PH PS
= +
+
Onde:
BM = Brix refratométrico da salmoura, após o equilíbrio osmótico, ou seja, a
concentração da salmoura desejável para a fermentação (Valor de 12ºBrix, que
corresponde a 10% de sal);
PH = Peso da hortaliça (Valor conhecido);
BH = Brix refratométrico da hortaliça (Determinado pelo refratômetro de campo);
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PS = Peso da salmoura (Calculado pela relação 1,8:1, entre salmoura e hortaliça);
BS = Brix da salmoura a ser colocada no momento do preparo das fermentações (Valor
a ser calculado, o resultado deve ser subtraído de 2, para se ter a porcentagem de
sal).
Quanto à temperatura de fermentação,
recomenda-se não exceder 25º C, embora
tenha sido comprovado que o processo
fermentativo se desenvolve melhor na faixa
de temperatura entre 18º C a 20º C.
(GOLDONI, 1983).
Conforme indicação de Goldoni (1983), o final do
processo fermentativo foi verificado através de:
Controle
visual
Nota:
por meio de observações visuais do aspecto das
hortaliças, pode-se acompanhar a fermentação e detectar que com o processo da cura os
tecidos das hortaliças tornam-se translúcidos, mudando a coloração para uma tonalidade
mais clara. Isso caracteriza o final da fermentação;
Mediante controle
físico-químico (pH e acidez
total expressa em % de ácido
lático)
Nota:
as determinações da acidez total e do pH, mostram que no final da
fermentação os valores encontrados, praticamente se tornam constantes. Se for permitido
que a fermentação continue, a acidez diminui e, conseqüentemente, há elevação do pH.
Durante o processo fermentativo para a produção de picles de hortaliças, ocorrem
oscilações dos valores da acidez total, que acredita-se que ocorram por causa do efeito
tampão das hortaliças, da elevação rápida da acidez da salmoura e posterior abaixamento,
para haver equilíbrio entre a acidez da salmoura e da hortaliça, e da presença de leveduras
oxidativas e superficiais.
Tratamentos do Experimento
três ensaios de
fermentação lática
para cada uma das
hortaliças (couve-flor e
feijão-vagem):
Nota:
tratamento controle – testemunha
(fermentação natural, sem adição de inóculo e/ou aditivo), tratamento com inoculação de
cultura pura e tratamento com ácido lático e adição de cultura pura. As fermentações foram
preparadas pelo método da salmoura, empregando-se sal refinado comercial, utilizando-se, em
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cada uma delas, 5kg de matéria prima. A preparação e o acondicionamento, nas cubas de
fermentação, foram feitas simultaneamente e as fermentações desenvolvidas sob temperatura
controlada de ± 20ºC, conforme recomendação de Goldoni (2001b). Para o tratamento com
acidificação da salmoura de acondicionamento, a fim de atingir o nível de pH ao redor de 4,5,
a quantidade de ácido adicionada foi determinada através da curva de titulação das diferentes
hortaliças com o ácido lático, seguindo-se a metodologia indicada por Nogueira
Determinação da Acidez e do pH
Nota:
No decorrer e no final do processo fermentativo, foram retiradas
amostras de salmoura e da hortaliça para determinação do pH e da acidez total, nos intervalos
de 0, 2, 6, 8, 13, 16, 21, 28, 35, 42 e 49 dias. A acidez foi determinada pela titulação, com
solução de NaOH 0,1N, utilizando-se como indicador, fenolftaleina a 1%, em solução
alcoólica, expressando-se os resultados em porcentagem de ácido lático. Para a determinação
do pH, foi empregado o medidor de pH portátil digital microprocessado, marca Ação
Científica, modelo mPA 210P. Os valores encontrados nessas análises, bem como o controle
visual do aspecto das fermentações, serviram para avaliar o final do processo fermentativo
(GOLDONI et al., 1981).
Análises Microbiológicas
Nota:
Amostras de salmoura foram assepticamente retiradas dos recipientes
de fermentação, em intervalos 0, 2, 6, 8, 13, 16, 21, 28, 35, 42 e 49 dias, sendo as mesmas
trabalhadas imediatamente após a coleta. Seguindo-se a metodologia indicada pela literatura,
foram feitas as contagens de microorganismos, com os seguintes meios: bactérias láticas, em
F.S. Agar (Fígado Sorbato – Agar) e em M.R.S. Agar (Man, Rogosa & Sharp); leveduras, em
Dextrose Agar Acidificado. Especificamente, para a contagem de bactérias do gênero
Leuconostoc, foi empregado o meio seletivo de Mayeux e Colmer (GOLDONI e SILVA
Preparo do Picles
em Vinagre
Nota:
Empregando-se como matéria prima os produtos oriundos dos
diferentes tratamentos e as hortaliças “in natura” foram elaborados os picles em vinagre de
vinho branco aromatizado, seguindo-se as recomendações indicadas por Goldoni (1980),
englobando no experimento os seguintes ensaios:
4.7.1. Com a matéria prima fermentada
- Testemunha + vinagre de vinho branco aromatizado.
- Tratamento com inoculação de cultura pura + vinagre de vinho branco
aromatizado.
- Tratamento com inoculação de cultura pura e ácido lático + vinagre de vinho
branco aromatizado.
4.7.2. Com a matéria prima “in natura”
- Hortaliça “in natura” ( sem ter sido submetida ao processo de fermentação lática,
tendo como tratamento preliminar apenas o branqueamento) + vinagre de vinho
branco aromatizado.
Para serem posteriormente avaliados, os picles devidamente
codificados, foram acondicionados e pasteurizados em vidros especiais para conservas, com
fechamento hermético e capacidade de 650 ml
Avaliação Sensorial
Nota:
Os parâmetros avaliados foram os seguintes: aroma (de produto fermentado) - escala não
estruturada de nove pontos, variando de “não característico” a “característico”; aroma estranho
- escala estruturada de nove pontos, variando de 1= nenhum a 9= extremamente forte; sabor -
escala não estruturada de nove pontos, variando de “péssimo” a “muito bom”; sabor ácido -
escala não estruturada de nove pontos variando de “pouco ácido” a “muito ácido”; sabor
picante - escala não estruturada de nove pontos, variando de “pouco picante” a “muito
picante”; sabor estranho - escala estruturada de nove pontos, variando de 1= nenhum a 9=
extremamente forte; maciez/dureza - escala estruturada de nove pontos, variando de 1=
extremamente macia a 9= extremamente dura; cor característica - escala não estruturada de
nove pontos, variando de “não característico” a “característico”; e aparência geral - escala não
estruturada de nove pontos variando de “péssima” a “muito boa”.
Métodos Estatísticos
Nota:
O delineamento experimental adotado na avaliação sensorial foi o de
bloco ao acaso, sendo 4 tratamentos para cada hortaliça, realizado com 10 provadores,
conforme Cochran e Cox (1985). A comparação das médias dos tratamentos foi realizada com
a utilização do teste de Tukey nas respectivas médias, estabelecida a significância estatística
ao nível de 5% de probabilidade, pelo programa estatístico SAS (1989).