Hemoterapia (parte 3)

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Antígenos eritrocitários e testes pré-transfusionais
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Lucas Arraes
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Question Answer
1) Quais são os principais sistemas de grupos sanguíneos? Pelo o que eles são definidos? Os principais sistemas de grupos sanguíneos são: ABO, Rh, Kell, Duffy, Kidd, MNS e Lewis. Eles são definidos por antígenos eritrocitários (determinantes antigênicos localizados nos eritrócitos).
2) No sistema ABO, os indivíduos podem ser tipo A, B, AB ou O. Quais são os aglutinogênios (açúcares no glicocálix) e aglutininas (anticorpos no plasma) de cada tipo? Tipo - aglutinogênio - aglutinina A - A - anti-B B - B - anti-A AB - A e B - não tem O - não tem - anti-A e anti-B
3) O que significa dizer que a determinação genética do sistema ABO apresenta polialelia e codominância? Apresenta polialelia, pois tem 3 alelos envolvidos (IA, IB, i), e codominância, pois os alelos IA e IB são codominantes (ambos se expressam se combinados).
4) O que o gene IA e IB determinam diretamente e indiretamente? Determinam, diretamente, a produção de glicosiltransferases específicas (adicionam um acúcar à substância precursora dos aglutinogênios). Logo, determinam, indiretamente, a produção dos aglutinogênios A e B.
5) O que é substância H? Pelo o que ela é condicionada? A substância H é a precursora básica dos aglutinogênios A e B. O gene H (FUT1) determina a presença da subst. H nas hemácias. Sem a substância não é possível formar os aglutinogênios A e B.
6) Como são formados os aglutinogênios A e B a partir da subst. H? Podemos adicionar mais um açúcar a subst. H dependendo dos genes ABO. A adição de uma acetil-galactosamina, pela A-transferase, dá origem ao antígeno A. A adição de uma galactose, pela B-transferase, dá origem ao antígeno B.
7) O que é um indivíduo Bombay? Qual tipo sanguíneo ele pode receber? Por quê? O Bombay, também chamado de falso O, não produz antígeno H, A e B em suas hemácias ou secreções. Assim, produz anti-A, anti-B e anti-H. Dessa forma, só pode receber sangue de outro indivíduo Bombay.
8) O tipo A pode ser separado em A1 e A2. Qual a diferença entre esses subgrupos? Como determinar A2? Na população A1, a enzima A-transferase funciona normalmente. Já na população A2, essa enzima é deficiente, logo há menos antígenos A e mais antígenos H na superfície da hemácia. Também há uma diferença na conformação dos antígenos entre os dois tipos. Em caso de A2, as hemácias reagem com anti-H e não reage com anti-A1.
9) Por que alguns indivíduos A podem apresentar antígenos B nas hemácias ao exame durante algumas infecções intestinais? Qual tipo sanguíneo deveriam receber caso precisassem de CH? Enzimas bacterinas convertem D-GalNAc em DGal (na superfície da hemácia), formando antígeno B detectado no exame. Os pacientes deveriam receber CH O ou A, pois eles possuem anti-B na circulação.
10) O que é a discrepância ABO? Cite possíveis causas. Tipagem ABO direta e reversa mostram resultados incompatíveis. Não se pode liberar sangue até a resolução dessa discrepância. Mais comum em RN, idoso e imunocomprometidos.
11) Importância clínica do sistema Rh? Associado a: aloimunização, doença hemolítica perinatal (DHPN) e reações transfusionais hemolíticas (RTH)
12) Quais são os principais antígenos desse sistema? Antígenos D, C, E, c, e Obs.: d significa ausência de D
13) O sistema Rh é determinado pelas proteínas RhD e RhCE. Pelo o que cada uma é definida? A proteína RhD depende do antígeno D (se presente Rh+; se ausente Rh-); a proteína RhCE é definida por variação de dois antígenos (na primeira posição pode ser antígeno E/e e na segunda posição pode ser pelo antígeno C/c).
14) O que ocorre no gene RHD no caso do indivíduo RhD+? E no RhD-? RhD+ --> gene RHD é flanqueado por 2 regiões (caixas Rs); Rh- --> ocorre hibridização das caixas Rs, com deleção do gene RHD.
15) Diferenças entre fenótipos D parcial, D fraco e Del. D parcial --> produz proteína diferenciada (epítopos diferentes), assim formam anti-D ao entrar em contato com sangue Rh+; D fraco --> < quant. de proteínas na superfície da hemácia por deficiência na ancoragem (geralmente não produzem anti-D); Del --> expressão muito fraca do antígeno D (geralmente não produzem anti-D), detectado por absorção-eluição.
16) Qual as diferenças principais entre anticorpos do sistema ABO e sistema Rh? Os anticorpos do sistema ABO são IgM, de ocorrência natural, provocam hemólise intravascular na reação hemolítica. Os anticorpos do sistema Rh são IgG, de ocorrência não natural, provocam hemólise extravascular na reação hemolítica.
17) Passos do desenvolvimento da doença hemolítica perinatal. 1) 1ª gestação de filho Rh+ por mãe Rh- (passagem de hemácias do feto para mãe); 2) Sensibilização (produção de anti-D pela mãe) 3) Próxima gestação de filho Rh+ (acs maternos passam para circulação do feto e atacam suas hemácias)
18) Como é realizada a prevenção do DHPN? Quais as indicações? Administração de IgRH (Rhogam), 300ug, 15 ml, até 72 horas. IgRH se liga a proteína D das hemácias fetais que estão na circulação materna. O complexo formado é destruído antes do reconhecimento imunológico. Indicado para sangramento fetal ou transfusão de hemocomponente D positivo.
19) Quais genes, antígenos e anticorpos do sistema Kell? qual sua importância? Genes (cromossomo 7) --> KEL Antígenos --> K, k (cellano), outros; Anticorpos (IgG) --> anti-K (diversos) Importância --> DHPN grave e RTs; síndrome de McLeod
20) Quais genes, antígenos e anticorpos do sistema Duffy? qual sua importância? Genes (cromossomo 1) --> FY Antígenos --> Fya, Fyb, outros Anticorpos (IgG) --> anti-Fya e anti-Fyb Importância --> DHPN e RTs; resistência ao Plasmodium vivax
21) Quais genes, antígenos e anticorpos do sistema Kidd? qual sua importância? Genes (cromossomo 18) --> JK Antígenos --> Jka e Jkb Anticorpos (IgG) --> anti-Jka e anti-Jkb Importância --> RTH imediatas severas e RTH tardias
22) Quais genes, antígenos e anticorpos do sistema MNS? qual sua importância? Genes --> GYPA e GYPB Antígenos --> M e N; S e s; outros Anticorpos (IgM) --> anti-M e anti-N Anticorpos (IgG) --> anti-S e anti-s Importância --> RTH e DHPN
23) A requisição da transfusão preenchida pelo médico deve possuir quais info? Nome completo, data de nascimento, gênero, idade, RH, número de leito (se internado), diagnóstico, componente sanguíneo, modalidade de transfusão, dados laboratoriais que justifiquem, antecedentes transfusionais e gestacionais, data, dados do médico.
24) Qual o objetivo das tipagens ABO direta e reversa? A tipagem direta tem objetivo de determinar os antígenos presentes na superfície das hemácias. Já a tipagem reversa tem objetivo de terminar os anticorpos no soro do paciente.
25) Como são realizadas as tipagens ABO direta e reversa? Normalmente realizadas em tubos. A tipagem direta usa 1 gota de suspensão de hemácias do receptor a 5% de SF 0,9% e 1 gota de reagentes (anti-A, anti-B e anti-AB); A tipagem reversa usa 2 gotas de soro / plasma do paciente e 1 gota de hemácias comerciais A1 e B.
26) Qual o objetivo e como é realizada as tipagem RhD? O objetivo é determinar a presença ou ausência de antígeno D nas hemácias. É realizada usando-se 1 gota de hemácias a 5% e reagentes (1 gota de anti-D e 1 gota de controle Rh).
27) Se houver aglutinação com anti-D, mas não no controle. O que indica? Sangue RhD+
28) Se houver reação positiva no controle. O que indica? O que fazer? O resultado é invalidado. Deve solucionar o caso antes da transfusão. Pesquisar presença de autoanticorpos por teste coombs direto (TAD)
29) Se não houver reação com anti-D ou controle. O que indica e o que fazer? Indica provável sangue RhD-. Deve-se procurar D fraco nesses casos.
30) Quais são as 3 etapas da pesquisa de D fraco? Como interpretar resultados? 1ª etapa --> colocar mais 1 gota de anti-D, centrifugar e ler 2ª etapa --> incubar a 37ºC por 15 minutos, centrifugar e ler 3ª etapa --> lavar 3x com SF, adicionar soro de coombs, centrifugar e ler Se houver reação é RhD fraco (considera-se + na prática); se não houver reação é RhD-.
31) Qual o objetivo e como é realizada a PAI (pesquisa de anticorpos irregulares)? Detectar a presença de anticorpos irregulares (aloanticorpos) livre no soro. É realizado usando 2 gotas de soro e 1 gota de reagente (2 tipos de hemácias comerciais com antígenos selecionados).
32) O que é o autocontrole realizado durante a PAI? Teste que segue o mesmo princípio acima, mas utilizando as hemácias do próprio paciente. O objetivo é detectar a presença de auto-anticorpos no soro.
33) O risco de ocorrer aloimunização é maior em que grupos? Politransfundidos (9%), falciformes (36%), talassêmicos (10%).
34) Qual é o princípio utilizado da PAI? Explique. É o teste de coombs indireto. Primeiro, misturamos os eritrócitos de triagem com o soro da paciente, e permitimos a sensibilização eritrocitária incubando a 37ºC (IgG se liga as hemácias). Ao adicionar o soro de coombs (anti-IgG), ocorre aglutinação visual dos eritrócitos.
35) Como é realizada a PAI por técnica em gel LISS/Coombs? Em cada coluna do gel, fazemos um teste (coluna 1 com cél. 1, coluna 2 com cél. 2 e coluna 3 com auto-controle). Colocamos 1 gota de hemácia de triagem e 1 gota do soro do paciente em cada coluna; incubamos a 37ºC; centrifugamos por 10 min e lemos.
36) Como interpretar PAI por técnica em gel LISS/Coombs? Se ao final do teste, hemácias se depositarem ao fundo da coluna indica reação negativa. Se hemácias ficam em cima ou ao longo do gel indica reação positiva. O auto-controle sempre deve resultar em reação negativa.
37) Em caso de positividade, qual a conduta? Deve-se encaminhar ao setor de imunohematologia para identificação de anticorpos irregulares (IAI) e seleção de bolsa fenotipada sem o antígeno em questão.
38) Qual é o objetivo e como a realizada a prova de compatibilidade maior? Seu objetivo principal é verificar a compatibilidade ABO entre doador e receptor (também consegue detectar aloanticorpos). Realizada usando 2 gotas de soro do receptor e 1 gota suspensão de hemácias a 5% do doador.
39) Quais são as etapas prova de compatibilidade em técnica em tubo? - Misturar hemácias do doador e soro do receptor, centrifugar e ler (visa identificar anticorpos IgM - ex.: ABO); - Adicionar 2 gotas de LISS, incubar a 37ºC por 15 minutos, centrifugar e ler (visa permitir sensibilização); - Lavar 3x com solução salina, adicionar soro de Coombs, centrifugar e ler (visa identificar anticorpos IgG).
40) O que é a ficha transfusional do receptor? Quais a info contidas nela? O que deve ser feito a cada transfusão? A ficha transfusional do receptor inclui info relativa a: exames pré-transfusionais, antecedentes transfusionais e relação de hemocomponentes transfundidos. A ficha deverá ser consultada e atualizada a cada transfusão.
41) Quais são os testes pré-transfusionais obrigatórios na transfusão de hemácias e granulócitos? - No receptor --> tipagem ABO direta e reversa, tipagem RhD (pesquisar D fraco e antígenos C e E, se RhD negativo), PAI. - No doador --> Repatigem ABO direta, retipagem RhD e prova de hemólise - Prova de combatibilidade maior
42) A compatibilidade ABO e RH é obrigatória na transfusão de CH e CG? Sim, tanto em crianças quanto em adultos.
43) Quais são os testes pré-transfusionais obrigatórios na transfusão de plaquetas? - No receptor --> tipagem ABO direta e reversa, tipagem RhD (pesquisar D fraco, se RhD negativo), PAI; - No doador --> não é necessário.
44) A compatibilidade ABO e RH é obrigatória na transfusão de plaquetas? É obrigatório seguir a compatibilidade ABO (mas não Rh) em crianças. Em adultos, não é obrigatória. Lembrar que a tabela de compatibilidade é invertida. Além disso, deve-se seguir compatibilidade Rh em mulheres até os 45 anos (tabela de compatibilidade comum).
45) Quais são os testes pré-transfusionais obrigatórios na transfusão de PFC e crioprecitado? - No receptor --> tipagem ABO direta e reversa, tipagem RhD (pesquisar D fraco, se RhD negativo); - No doador --> não é necessário.
46) A compatibilidade ABO e RH é obrigatória na transfusão de PFC e Crio? Tabela de compatibilidade é invertida. No PFC, a compatibilidade ABO (mas não Rh) é obrigatória, tanto em crianças quanto em adultos. No crio, a compatibilidade ABO (mas não Rh) é obrigatória em crianças, mas não em adultos.
47) Quais são os testes pré-transfusionais obrigatórios do receptor em caso de transfusão para RN? São tipagem ABO direta, Tipagem RhD e PAI na amostra da mãe.
48) Ainda sobre a transfusão CH em RN: em que situação a prova de compatibilidade final pode ser excluída? Se PAI negativa E o RN for receber CH do tipo O.
49) Preferencialmente, devemos sempre transfundir hemácias tipo O para RN. Caso não haja essa opção no hemocentro, o que deve ser realizado? Caso a tipagem ABO da mãe seja diferente do RN, deve-se pesquisar anti-A e anti-B no soro do RN antes da transfusão com CH compatível. Apesar do RN não formar esses acs, ele pode ter anticorpos maternos circulantes.
50) Os testes pré-transfusionais são obrigatórios na transfusão autóloga? Sim. Todos os testes devem ser seguidos, de acordo com o componente a ser transfundido.
51) Na transfusão de emergência, o que deve ser feito caso não dê tempo de terminar os testes pré-transfusionais. Liberar concentrado de hemácias O RhD- e finalizar os testes pré-transfusionais, ainda que a transfusão tenha sido completada.
52) Quais são os sistemas de grupos sanguíneos que possuem antígenos que são degradados por enzimas proteolíticas (papaína) ? E por agentes redutores (DTT)? Enzimas proteolíticas --> Duffy e MNS Agentes redutores --> Kell
53) Qual é a importância da lavagem com SF quando realizamos testes pré-transfusionais que envolvem teste de coombs indireto? Evitar resultados falso-negativos.
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