I. Estudos da Linguagem Public

I. Estudos da Linguagem

Isabela N. Lima
Course by Isabela N. Lima, updated more than 1 year ago Contributors

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O que é linguagem? Essa questão nos faz viajar intensamente sobre os campos da Linguistíca e da Semiótica :)

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Bibliografia Básica   > Comunicação e Semiótica ( Alberto Puppi ) Esse livro tem o objetivo de nos dar uma base teórica essencial para o estudo das linguagens artísticas. Essa base compreende os estudos da Comunicação e Linguagem + Semiologia e Semiótica.  Comunicação e Linguagem vai estudar a importância da linguagem na criação, no desenvolvimento e na manutenção das sociedades humanas. Isso vai ser abordado de duas perspectivas diferentes: uma que fundamenta a linguagem pela existência da língua e outra, que amplifica o conceito da linguagem, fazendo da língua uma parte desta.  Semiologia e Semiótica aborda o estudo da linguagem no seu todo ( estudo dos códigos ): a semiologia de Ferdinand de Saussure e a semiótica de Charles Sanders Peirce . O estudo profundo da linguagem (para além de apenas regras de sintaxe e gramática) surge apenas na transição do século XIX para o XX, com o nome de Semiótica ou Teorias Gerais dos Signos.
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AULA 01   Introdução à disciplina Duas aulas por semana - Profa. Maira Mariano  Contato: prof.mairamariano@usjt.br " O profissional da comunicação é profissional da cultura " Conteúdo: O que é Linguagem? / Linguística / Semiótica  + Ferdinand de Saussure e seus conceitos duplos, Semiótica de Peirce, funções da linguagem, + metáfora e metonímia A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita. Metonímia: parte pelo todo / todo pela parte Objetivo: tornar o aluno mais crítico e compreensivo sobre a linguagem, a comunicação e as artes.
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Evolução da Espécie Humana   A humanidade criou duas formas de entender a sua evolução, uma não exclui a outra. De uma forma puramente racional, ou seja, o homem se separando do místico, ele estuda sua origem evolutiva pela ciência, pela argumentação e por provas biológicas. Entretanto, de outra maneira, o homem se vê como parte integrante do místico mistério da vida, da imensidão da natureza comparada ao seu tamanho e capacidade. Assim, ele tenta se conectar à uma divindade (ou mais de uma) que concedeu a vida no planeta Terra.   Evolução pela Ciência  Há 3.2 milhões de anos, o Australopithecus foi a primeira espécie mamífera que se endireitou, ficando ereta. Isso lhe permitiu melhor visão do ambiente em que vivia, uma diferente adaptação do tronco, de melhor movimentação. O Homo Habilis , que se efetiva cerca de 1 milhão de anos depois, descobriu a ferramenta. Foi uma importante transformação material da natureza, além do fogo, que surgiria dessa nova maneira de interação. Na verdade, o homem não criou o fogo, uma hipótese mais possível seria de que o fogo surgiu na natureza e o homem o capturou. Seguia tentando guardar o fogo consigo e com seus grupos, até que se aprendesse uma forma de produção da chama.  A ferramenta e o fogo estabeleceram as primeiras relações de poder entre grupos humanos diferentes. Entre eles, existiam pequenas hierarquias, como um líder, inventores de ferramentas, os mais velhos que detinham sabedoria e, também, os fortes. Essas novas significações que surgiram no curso da espécie humana tornaram a experiência de vida mais complexa. E essa complexidade (novas projeções) exigiu a linguagem, exigiu o refinamento da mesma (novas significações) e esse foi um dos feitios fundamentais para nossa evolução.  Se caminhamos por essa linha, logo vemos que o homem estabelece uma profunda ligação com suas atividades. O trabalho é essencial a ele, é importante e lhe satisfaz. Que trabalho? O trabalho de sobreviver pela sua forma de sobreviver. Isso envolve criatividade para construir suas peças de caça, suas vestimentas, ser autossuficiente. A espécie humana então se preenchia, e sua natureza se revela também artística. O gênero Homo seguiu se ramificando, uma das linhas, o Homem de Neanderthal (originário das terras hoje alemãs) fazia pinturas rupestres e registrava suas atividades. Eram símbolos delas, que lhe trazia sentido! Da mesma forma, a religião surge como um instrumento de explicação da condição humana (compreender a vida e aceitar o fato de sua morte). Isso é um apanhado da história do universo de significações que é a vida, pelo pensamento humano.   Evolução pela Religião A religião é um conjunto de significações que o homem criou para explicar sua condição. Sua criatividade e capacidade de organização permitiu que ele contasse suas histórias. Se elas são verdadeiras ou não, depende do crédito que se dá a elas. É algo que para existir precisa de credibilidade de quem conta e daqueles que ouvem. É um ato singelo de confiança passado de geração em geração. Cada um escolhe a sua ou escolhe não ter uma. Mas, vamos falar de linguagem e de como o homem explicou sua evolução pelas suas religiões.  Algumas religiões possuem símbolos de adoração e proteção, objetos com significados. Além disso, e principalmente, os rituais e momentos de reza, de adoração. Essas expressões são pontes que conectam os crentes às divindades. As histórias religiosas tem o poder de reforçar seu próprio universo, trazendo mais sentido a ele. E a linguagem também é alicerce desse todo. Ela permitiu a criação das variadas formas de se explicar a fé. Um episódio bíblico e muito curioso que remete à língua é o da Torre de Babel. Esse conta que um dia a humanidade se unificou em uma só língua e começou a construção de uma gigantesca e forte cidade. No centro, os homens construiram uma torre muito alta, para venerarem a si próprios. Mas Deus, a divindade cristã, desceu a eles e deu a cada um uma língua diferente. Não podendo mais se comunicarem totalmente entre si, eles se dividiram em grupos menores e se separaram. Imagino, que Deus deve ter pensado que aquilo seria poder demais aos homens, que eles poderiam causar muitos danos à Terra ou que simplesmente, Deus não quisesse e não permitisse outro Deus. Interessante não é? Será a humildade do homem com o homem ou o respeito pelo seu superior que é Deus ou uma dominação de Deus?   Atividade - Filme: "La Guerre du Feu" (1982) Aprox. 80 mil anos atrás, o fogo era uma ferramenta de proteção, poder e sobrevivência. Quem tinha fogo, tinha vida. - língua (significações) : ATA! - um guardião do fogo, com uma invenção que aprisiona o fogo - cadeia alimentar ( lobos comem os restos de uma batalha ) - o fogo é captado da natureza e guardado até que se aprenda a fazê-lo - liderança e seu conflito com os outros // sabedoria do mais velho do grupo ( o cotidiano não mudava rápido e constantemente ) - linguagem não-verbal: roer unhas de medo e nervoso (perseguição dos tigres) // mover a boca, morder o vento é a vontade de comer quando avistam alvos de caça - identificação de canibalismo de outros grupos não é bem recebido - disputa de armas pelo tamanho delas  - comunicação entre grupos distintos por prova de paz, com gestos amigáveis - contato pacífico com animal maior que não se mostra tão agressivo - contato sexual com estrangeira - líder do grupo pode  - cheiro como sinal de saudade - encontro com a tribo estrangeira: cabanas, utensílios, pintura corporal, máscaras, armas diferentes, armadilhas de proteção da aldeia, oferta de sexo, comida e abrigo ao estrangeiro, costumes culturais diferentes  - troca de conhecimento intercultural - FOGO POR ATRITO - domínio do fogo - emoção da descoberta (choro de emoção) - aprende-se o significado da risada / banho de chuva / sexo por desejo do outro e prazer / carinho e vontade de ser carinhoso / gravidez, amor e procriação - gesto de mãos na cabeça ou coçar a cabeça: indicando atividade cerebral - retorno ao grupo de origem: o que se aprendeu foi passado aos seu grupo original / exercício da memória contando histórias
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Merlin Donald: Desenvolvimento da linguagem e da cognição humana Merlin Wilfred Donald é um psicólogo canadense nascido em 1939. Seu estudo parte do princípio de que o processo de evolução humana é determinado pela forma como a mente trabalha com símbolos e linguagem. A capacidade humana como ser social foi o determinante para sua evolução, assim, a espécie aprende pois se adapta melhor às mudanças e cada vez mais exercita a memória, que é mantida só como interna até os surgimentos das escritas. A estratégia cognitiva humana é a simbiose entre o cérebro e a cultura.   Na obra de Merlin Donald, são considerados 3 estágios de desenvolvimento: 1. Cultura Episódica A partir da repetição de gestos e ações em grupo deu-se a construção dos símbolos. O Homo Erectus que realizou bem esse feito (1,8 milhões a 300 mil anos atrás). A relação com a natureza ocorre de momento a momento. O ponto zero da evolução do pensamento é a representação mimética (mimesis) que é uma imitação intencional. 2. Cultura Mítica-Oral A cultura mítica-oral compreende o estabelecimento de símbolos no grupo e pela fala, que juntos permitem o mito. O mito vem da necessidade de buscar respostas e tem caráter coletivo, de integração. Aqui a memória ainda é, em sua maioria, de caráter interno. 3. Cultura Teórica-Tecnológica Estabelece-se a memória externa a partir do registro da língua, ocorre a perpetuação do conhecimento. A tecnologia favoreceu essa teorização. Linguagem híbrida (verbal e não-verbal) Donald ainda diz que a externalização da memória foi um processo lento e que nossa cognição trabalhara lado a lado com ela. Mas a quantidade de informação aumentou e se espalhou bem rápido e, agora, é ela que afeta nossa cognição. Uma coisa interfere na outra.
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Noam Chomsky Avram Noam Chomsky é um linguista estadunidense que nasceu no final de 1928. É conhecido como o "pai da linguística moderna" e, para ele, a linguagem é uma propriedade inata do cérebro e da mente humana. A habilidade de formar frases também. Ele defende que existe uma gramática universal e afirma que não temos consciência de sua existência, assim como não temos da maioria de nossas propriedades biológicas e cognitivas. Steven Pinker Steven Arthur Pinker, nascido em 1954, é um psicólogo e linguista canadense, ele se naturalizou estadunidense e, assim como Chomsky, foi professor no MIT. É notado pelo seu estudo de aquisição da fala e pelos seus trabalhos baseados na ideia de Chomsky, mas considera que a linguagem é instintiva. Para Pinker, a linguagem é inata mas também depende do desenvolvimento da comunicação pois ela precisa de estímulos.  Lev Vygotsky  Lev Vygotsky (1896 - 1934) foi um psicólogo russo, pioneiro no conceito de que o desenvolvimento intelectual das crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida. Os estudos de Vygotsky foram conhecidos só nos anos 60, eles estudavam a linguagem e a definiam como uma ferramenta da evolução humana. Assim, ela é capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa atividade e é de caráter social e interativo (um dos pressupostos básicos desse autor é que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro).
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Atividades    Estudo: "O garoto selvagem" L'enfant sauvage (1970) - François Truffaut - FRA - contexto: França, 1798 - o menino luta pela sua sobrevivência  - ele tenta fugir do novo mundo que encontra - "anda como um quadrúpede" - o estudioso (professor) lê uma notícia sobre o menino e quer levá-lo para pesquisa - ele tenta fugir outra vez - o professor e seu mestre elaboram uma hipótese do ocorrido sem conseguir se comunicar com o garoto - o menino é estudado como uma cobaia - "o silêncio vem do isolamento dele" - ele é exibido como um animal excêntrico - o professor e seu mestre ficam na dúvida sobre o que fazer com o ele (retardado ou pode aprender?)  - o professor decide tentar ensiná-lo!!! - "o que perder em força, ganhará em sensibilidade" - o professor e sua governanta ensinam o menino com calma - a defesa do garoto é morder - ele começa a se adptar e a conviver com os outros / ganha um nome - ataques de fúria durante o estudo - as autoridades duvidam da possibilidade de inclusão social de Victor - o menino sente "saudade" , quer se comunicar e identifica o professor pelo cheiro - L A I T (leite), primeira palavra aprendida - água é recompensa / armário é castigo - "o sentimento eleva-o de sua condição selvagem"" - Victor foge e tenta roubar uma galinha (instinto livre) - Victor volta   Estudo: Reportagem em sala - Crianças selvagens - o menino que viveu com macacos: ficou anos sem falar depois de resgatado / melhor amigo, tutor / lento desenvolvimento - menina com cachorros: aprendeu a falar na clínica / se sente muito bem com eles - 1996, menino com macaca no zoo: instinto materno feminino - aprendizagem por espelhamento   Estudo: "A Chegada" The Arrival (2016) - Denis Villeneuve - EUA - objetos não identificados chegaram  - contato pacífico ou não? - contato por áudio - tentativa por sinal visual que teve resposta - a linguista tenta ensinar os aliens a entender seu propósito - se aprensentar: o que somos e quem somos > o que queremos - simbologia / linguagem visual / formação de frases simples  - filme americano: como retratam a Rússia e a China - os humanos não têm um líder único
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Ernest Schurman (1989) Os estudos de Ernest Schurman sobre a linguagem se baseiam em 3 estados evolutivos do homem: a Selvageria, a Barbárie e a Civilização. Para ele, só o homem se comunica e atua em relação ao meio, é sua marca distintiva. Estado selvagem (até 10.000 a.C.) - já havia linguagem não verbal e desenvolve-se uma linguagem mais complexa quando se estabelece o trabalho (atividade essencial da espécie humana) // a linguagem passa a ser necessária //o homem já usava ferramentas ( o fogo; instrumentos de madeira, osso e pedra ) // a linguagem e a comunicação passam a ser usadas para transferir tecnologia de uma geração a outra // é um período de infância da cultura humana, outras numerosas articulações sonoras passam a ser produzidas sem uso necessariamente linguístico, vindo a construir um campo de atuações e manifestações classificadas como musicais. Estado bárbaro (até 3.000 a.C.) - a arte adquire caráter simbólico // passagem do naturalismo para o simbolismo // o surgimento do mito // sedentarismo da espécie humana // a música vai perdendo a relação com as forças produtivas e passa a narrar histórias e a ter caráter mais lúdico e mais linguístico. Estado de civilização (a partir de 3.000 a.C.) - crescimento da população mundial // surgem as cidades, vida urbana // artesanato, comércio, transporte, registros pedem especificações de linguagem // surge a aristocracia derivada da acumulação de riquezas // mudanças profundas e mais rápidas na arte //surge a coerção de Estado // a cultura passa a ser também um instrumento de dominação e persuasão ao divulgar e impor uma concepção de mundo ou uma interpretação da realidade (ideologia)   Michael Tomasello - Teoria de aquisição da linguagem baseada no uso (final dos anos 90) Michael Tomasello é um psicólogo estadunidense que desenvolveu estudos sobre a linguagem e a cognição no final dos anos 90. Sua pesquisa privilegia a relação entre cognição e cultura. Para ele, a transmissão cultural é considerada um mecanismo biológico, que é responsável pelo desenvolvimento da linguagem. Tomasello propõe que a aquisição e o desenvolvimento simbólico dependem de uma cognição cultural exclusivamente humana, mas derivada de adaptações biológicas características da cognição primata. Essas propostas constituem alternativas para as abordagens tradicionais do desenvolvimento cognitivo e linguístico-simbólico humano, uma vez que: (1) destacam aspectos biológicos e culturais como determinantes da cognição humana; (2) consideram as atividades humanas como essencialmente simbólicas; (3) fornecem uma nova concepção de linguagem.   Sua hipótese central é a de que a aquisição e o desenvolvimento de competências linguísticas humanas são processos sócio-biológicos envolvendo habilidades socio-cognitivas humanas de compreensão e compartilhamento de intencionalidade e a participação em atividades sócio-comunicativas, historicamente estabelecidas, com indivíduos humanos linguística e simbolicamente competentes.   Essa análise tem proposto que a cognição humana é o produto co-evolutivo de adaptações biológicas específicas à cognição primata e de atividades de colaboração relacionadas à cognição cultural* *trechos retirados de um artigo científico que estuda o modelo de Tomasello (http://www.ufscar.br/ecce/wp-content/files_flutter/1271046397_16_1_1_4_Artigo_Arquivo.pdf)
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A hipótese de Sapir-Whorf Essa ideia se desenvolveu no final dos anos 40 e começo dos anos 50. Esses dois cientistas cruzaram seus conhecimentos em linguagem para estudar a tese de que a estrutura da língua define o nosso pensamento. Isso se baseia na comparação entre o vocabulário de línguas diferentes, onde há palavras que não têm tradução exata, pois abrigam sentidos próprios de determinada cultura.   Mattoso Câmara Ele foi um linguista brasileiro do século XX (1904-1970) que definiu a língua como parte da cultura mas, que simultanemente, é autônoma. A língua é, então, parte do conjunto cultura, mas pode se desmembrar e isso revela sua independência.   Fiorin José Luiz Fiorin é um linguista brasileiro nascido nos anos 40. Ele definiu a linguagem das seguintes formas: a) inesgotável riqueza de múltiplos valores b) inseparável do homem c) modeladora do pensamento d) instrumento ao qual o homem influencia e é influenciado e) base última e mais profunda da sociedade   Histórico O que é a linguagem?  Essa pergunta nos guiou até aqui, desde o começo do curso. Claro, existe mais de uma resposta, acabamos de ver isso em Fiorim. Se pensarmos na história de forma bem rasa e leve, podemos analisar como a linguagem foi abordada. Séc IV a.C. - Aristóteles e Platão : A linguagem é o espelho do pensamento Século XIX - A linguagem é o instrumento da comunicação // Estudos do processo comunicativo Século XX - A linguagem é o jogo social que jogamos (Gerald) - ela é interativa e precisa de recepção (ativa ou passiva)
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TEORIAS DE AUSTIN
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Ao pensarmos em linguagem podemos ir além da espécie humana e pensar nos seres vivos como os animais e as plantas. Eles têm seu sistema de comunicação próprio e que devem ser muito complexos. Mas, é importante sabermos alguns pontos que diferenciam a nossa linguagem da deles: Linguagem = APRENDIZADO // EVOLUTIVA // ILIMITADA Comunicação Animal = INSTINTIVA // ESTÁTICA // LIMITADA
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Lista de filmes que abordam a linguagem e a cognição: - O Enigma de Kasper House - Nell - O Escafandro e a Borboleta - O milagre de Anne Sullivan - Os filhos do silêncio - 2001: Uma Odisséia no Espaço - A Família Bellier
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Linguística: Introdução    A linguística é a ciência que estuda a linguagem e as línguas naturais. Ela surge para compreender a importância e a estrutura da língua. Os primeiros estudos focaram o sânscrito (a língua considerada mias antiga) e os mapas das famílias linguísticas.   Estudo da Linguística 1. Estudos Pré-Saussureanos 2. Ferdinand de Saussure: Estruturalismo 3. Ferdinand de Saussure: Dicotomias 4. Críticas ao Estruturalismo 5. Roman Jakobson (Escola de Praga): Funções de Linguagem
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Linguística: Estudos pré-saussureanos e apresentação da linguística de Ferdinand de Saussure   Estudos Pré-Saussureanos Os estudos que precederam a teoria de Saussure são os chamados ''neogramáticos'' , que tem foco no estudo da estrutura da língua. O objetivo deles era buscar a língua-mãe a partir das transformações no vocabulário com o decorrer do tempo.    Ferdinand de Saussure Ferdinand de Saussure foi um linguista suiço estruturalista (estuda a estrutura das línguas) que atuou no final do séc. XIX e no começo do século XX (1920). Sua pesquisa foi responsável por estabelecer a Linguística como ciência autônoma. Mesmo sendo estruturalista, o diferencial de Saussure foi ampliar o entendimento da linguagem para além de sua estrutura, ou seja, a linguagem é multiforme, complexa e expressa o pensamento. Ela deve ser estudada considerando os aspectos sociais e culturais. Saussure organizou seu estudo em dicotomias, ele dizia que as definições existem a partir de imagens duplas (por exemplo, só existe "claro'' por que há um "escuro"). São 5 as dicotomias saussurianas: 1) Língua e Fala 2) Diacronia e Sincronia 3) Sintagma e Paradigma 4) Significado e Significante ( dicotomia do Signo Linguístico) 5) Arbitrariedade e Linearidade ( princípios do Signo )
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Dicotomia LÍNGUA E FALA Para entender essa dicotomia, precisamos refletir onde esses dois conceitos estão: eles estão inseridos na Linguagem. Pense a linguagem como um conjunto, dentro dele está a língua e dentro da língua, está a fala. Apesar de estarem extremamente conectados, esses conceitos têm características diferentes. LINGUAGEM = [ LÍNGUA ( FALA ) ] A língua é um sistema de signos criado para expressar ideias, ela tem caráter coletivo, é abstrata e é um elemento de identidade social. A língua é supra-individual, ou seja, o indivíduo não pode alterar a língua sozinho, pois ela é uma convenção social. Já a fala é uma utilização individual da língua, ela é concreta e o indivíduo é senhor dela. A fala motiva a transformação da língua. Para Alberto Puppi, a língua está contida na linguagem, como já foi dito. Mas, para Eugênio Coseriu (1921-2002, linguista germânico) existe um meio termo entre a língua e a fala: o fonema.   Dicotomia DIACRONIA E SINCRONIA - o falante não tem consciência da mudança temporal, então me interessa o recorte, o intervalo de tempo Essa dicotomia surge pelo ângulo de estudo da língua. Tradicionalmente, a linguística estuda o histórico das línguas, procurando as mudanças e as línguas-mães. Isso é um estudo diacrônico, ou seja, que segue a linha do tempo histórica. Saussure propõe um olhar diferente, um olhar sincrônico. A sincronia é o estudo de algo considerando seu contexto atual, seu momento vigente. Seleciona-se, então, um período de tempo para o estudo. Faz-se um recorte. A diacronia estuda a evolução da língua e isso não interessa a Saussure, para ele, o falante não tem consciência dessa mudança temporal.   Dicotomia PARADIGMA E SINTAGMA - o paradigma é a escolha dentro do meu repertório e o sintagma é a sequência lógica, a ordem, que eu estabeleço com os elementos que escolhi Essa dicotomia trata da cognição linguística para construção do sentido. Cada signo é escolhido dentro do repertório de cada um e isso é o paradigma. Esses signos são combinados num texto, numa frase, isso é o sintagma. O sintagma é o estabelecer de uma sequência lógica, que necessita da escolha dos signos, do paradigma.   Dicotomia SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO  Parte da composição do signo. O signo é uma unidade de sentido e um conjunto de signos forma um código. O signo é composto por essa dicotomia. O significante é a imagem acústica do signo, captado pelas sensações. Já o significado é a alma do signo, é a imagem mental que ele traz.   Dicotomia LINEARIDADE E ARBITRARIEDADE A linearidade a arbitrariedade constituem a dicotomia dos princípios do signo. São características dele. A linearidade é a ordem necessária do signo, que mantém seu sentido. Por exemplo, a palavra "desculpa", que significa "tirar a culpa". Se escrevemos "culpades" ela perde seu sentido imediato. A arbitrariedade define que o signo não é motivado. Por exemplo, o cão podia se chamar gato, se gato fosse elefante. Esses nomes foram criados sem uma raiz. Isso é a arbitrariedade absoluta, pois há signos que derivam de outros, como a palavra "dezenove". Ela vem de "dez" e "nove", isso é arbitrariedade relativa.
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Críticas ao Estruturalismo O estudo de Saussure foi muito criticado por causa das dicotomias, elas também foram vistas como uma ideia muito simples perto da complexidade da linguagem. Acredito que o autor tentou tornar o assunto mais didático e ele conseguiu fazer isso. Mas, a ideia de usar dicotomias acaba sendo aliada à herança normativa do pensamento duplo: um é certo e o outro é errado. Isso acabou dificultando a clareza do trabalho de Saussure para alguns.   - Émile Benveniste (1902 - 1976), um linguista francês, diz que o estruturalismo negligenciou o papel do sujeito na língua. - Eugenio Coseriu (1921 - 2002), um linguista germânico, diz que não dá para separar de forma absoluta diacronia e sincronia. O novo convive com o velho.  - Michel Pêcheux (1938 - 1983), um filósofo francês, diz que o estruturalismo transformou os fenômenos textuais e semânticos numa terra de ninguém.
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Funcionalismo de Roman Jakobson (Escola de Praga)  Roman Osipovich Jakobson (1896 - 1982) foi um crítico e linguista russo do século XX que criou uma teoria do sistema de comunicação. Essa teoria mescla o processo comunicativo com as possíveis funções de linguagem.   EMISSOR >  MENSAGEM (CANAL / CÓDIGO / REFERENTE) > RECEPTOR   Para Jakobson, em cada texto (unidade de sentido) predomina uma função da linguagem. Isso quer dizer que em um texto pode-se ter mais de uma, mesmo assim, uma delas é dominante.   Função Emotiva/Expressiva: se apresenta no texto que prioriza o emissor, o discurso é em primeira pessoa e compreende reflexões explícitas da mesma. Função Poética: se apresenta no texto que prioriza a construção da mensagem, a escolha dos elementos, a ordem dos elementos e suas qualidades. Função Fática: se apresenta na manutenção do canal de comunicação, para testar a efetividade, manter o contato com o receptor.  Função Metalinguística: o código é o conjunto de signos e cada signo é uma unidade de sentido. A função metalinguística se apresenta na intenção de se explicar o código usado naquela mensagem, falar sobre ele, criticá-lo, expô-lo.  Função Referencial/Denotativa: se apresenta no texto que tem como objetivo enaltecer o referente, destacar o conteúdo, a informação, da forma mais objetiva possível.  Função Apelativa/Conativa: se apresenta na intenção de aconselhar, ordenar e/ou convencer o receptor. É marcada pela oralidade no imperativo, na segunda pessoa.
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Semiótica x   Estudo da Semiótica 1. Semiologia 2. C. S. Peirce: Semiótica e Fenomenologia 3. C. S. Peirce: O signo semiótico  4. C. S. Peirce: As três tricotomias 5. Iuri Lotman (Escola de Tartu-Moscou): Semiótica da Cultura _aulas 19 e 20
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Semiologia A semiologia é o estudo dos signos, assim como a semiótica. A diferença é que a semiologia tem origem europeia e compreende os estudos dos signos focados na linguagem verbal. O principal expoente da Semiologia é Ferdinand de Saussure, o linguista suiço que já estudamos na linguística. (A Linguística está dentro da Semiologia e da Semiótica). Essa ciência tem como unidade o Signo, ele é estudado por três faces: o Signo em si, o Significado e o Significante. Já sabemos que o Significado é a imagem mental do signo e aquilo que esse representa para aquele que o lê. Também, sabemos que o Significante é a imagem acústica do signo, ou seja, aquilo que é captado pelos nossos sentidos. Percebe-se então, que o foco da Semiologia é a linguagem oral e verbal, principalmente a língua. Já que as definições de Saussure as justificam muito bem, cabe também o estudo de imagens, mas, o estudo de Peirce é mais claro na questão não-verbal.  Tendo o signo como unidade, o próximo passo é conhecer as duas características do Signo: 1. O Signo é arbitrário :  isso quer dizer que há escolha na formação e definição de um signo. Por isso que dizemos amor e os ingleses dizem love. Esses poderiam usar essa palavra para significar outra coisa. Então a definição do signo se dá na escolha, num consenso dentro de uma cultura. Isso é a arbitrariedade absoluta que já estudamos. É importante lembrar que há a possibilidade de um signo se formar a partir de outro, como o número 19 (de dez e nove), isso é a arbitrariedade relativa. 2. O Significante é linear :  aqui o significante é contextualizado, ou seja, a teoria semiológica deixa claro que o uso de um significante só pode ser validade no seu tempo de uso, na sua época, no seu contexto. Além disso, ele têm uma ordem de construção que unifica sua ponte ao(s) significado(s). Para se referir a ele(s) sempre se usa a mesma ordem. Por exemplo, quando se lê a palavra "terrorismo", sua unicidade nos traz significados x, essa semiose muda conforme o tempo e conforme a cultura; e se, de primeira, estivesse escrito "irorretsmo" não faríamos a mesma associação.    Referências usadas: aula da professora Maira; texto de Bernardo Rieux que tem como fonte o livro Curso de Linguística Geral de Ferdinand Saussure (http://rickardo.com.br/textos/_SemioticasAmericanaEuropeia.pdf)
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Charles Sanders Peirce (1834 - 1914) foi um matemático, cientista, lógico e filósofo norte-americano. Em 1875, ele concebeu a Semiótica e continuou seus estudos até o fim de sua vida (PUPPI, 2012). A Semiótica é a teoria geral dos signos, ela estuda o caráter do signo como unidade e dá base para a análise dos signos em sua superficialidade, em sua profundidade e até no meio termo entre essas duas pontas. O signo é uma unidade de sentido e um sistema (basicamente um conjunto) de signos forma um código.    Observação: É importante ter a consciência de que a semiótica funciona como um mapa lógico para guiar a análise dos signos, ela é o know-how. Entretanto, ela não nos traz conhecimentos específicos, o resultado depende do repertório de informações de quem analisa e do contexto cultural no qual o signo se encontra. (SANTAELLA, 2005)   Para entender a Semiótica é preciso conhecer a sua base: a Fenomenologia.   Fenomenologia A fenomenologia é o estudo do fenômeno. Toda e qualquer coisa que a mente captura é um fenômeno. Essa ciência estuda o fenômeno a partir da forma de significação com que o captamos. Difícil? Calma. A significação é a relação que fazemos do fenômeno com a nossa experiência de vida, com a nossa bagagem. A fenomenologia estuda, então, esse processo natural que fazemos sobre as coisas, as pessoas, os acontecimentos (os fenômenos em geral).  Um exemplo. Acabo de comprar um sorvete e ele cai no chão. Esse sorvete tem a textura da casquinha, uma forma, uma cor, um cheiro. Esse é a primeira coisa que captamos. A segunda ocorrência é quando associo todas essas imagens sensitivas ao sorvete em si, como algo concreto, eu reconheço o sorvete na minha bagagem. Mas, o meu sorvete caiu lembra? Quando temos um contexto, em profundidade, estamos na terceira e última camada. Todo aquele imaginário que eu tive do sorvete, a vontade de comprar, a lembrança do gosto e a tristeza que sinto quando ele cai no chão são conclusões do fenômeno, é a etapa na qual eu penso e justifico meu sentir sobre esse ocorrido. Percebemos então que esse processo de significação se faz em primeiridade, secundidade e terceiridade. Os estudos de Peirce o levaram a concluir que há três elementos universais em todo fenômeno: a primeiridade, a secundidade e a terceiridade. A primeiridade é o contato com as qualidades do fenômeno, características dispersas ao acaso (meros sentimentos e emoções), sem relações. As relações são do campo da secundidade. Nela se expressam as percepções, ação e reação, a dualidade e as ideias de dependência. E a terceiridade se refere ao discurso, ao pensamento, à inteligência e ao crescimento (SANTAELLA, 2005).
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O signo semiótico   Peirce estabelece o signo com um valor mais abrangente àquele definido pela semiologia de Saussure (signo = significante / significado). O signo semiótico é algo que representa algo para alguém (PUPPI, 2012). Abaixo, tem-se um modelo para melhor visualização desse conceito:   SIGNO = Algo que representa (REPRESENTAMEN ou SIGNO EM SI) algo (OBJETO) para alguém (INTERPRETANTE).   Cada parte depende das outras duas. O signo é captado primeiramente como o representamen. Esse representamen é ligado a um segundo: o objeto. E o objeto é o algo que é alcançado pelo terceiro, o interpretante. A tríade só se concretiza quando o interpretante tem alcance do objeto (PUPPI, 2012). O interpretante é, além do terceiro ativo no signo, também o efeito que o signo causa. E esse efeito depende diretamente do modo como o signo representa seu objeto (SANTAELLA, 2012).   O diferencial de Peirce é dar ao signo um caráter de tríade, dar ao signo um caráter mais inclusivo (podendo ser toda e qualquer coisa) e relacionar o signo com um alguém, um intérprete ativo no processo (PUPPI, 2012).   A partir da fenomenologia, Peirce define as propriedades essenciais do signo: sua qualidade, sua existência e seu caráter de lei (SANTAELLA, 2005). O entendimento dessas propriedades do signo semiótico está dentro da Tricotomia do Representamen (do Signo em si). A compreensão da forma como o signo sugere, indica ou representa seu objeto está dentro da Tricotomia do Objeto. A interpretação, a conclusão, o julgamento e a contextualização do signo está na Tricotomia do Interpretante.
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As 3 Tricotomias de Peirce   Quando aplicou os fundamentos da fenomenologia no signo semiótico, Peirce definiu três tricotomias, cada uma ligada a uma ponta do signo: Tricotomia do Representamen (ou do Signo em si) : quali-signo, sin-signo e legi-signo; Tricotomia do Objeto: ícone, índice e símbolo; Tricotomia do Interpretante: rema, dicente e argumento   É a partir das tricotomias que faz-se a análise de todo e qualquer signo. Assim, a semiótica não se limita somente naquilo que é signo, mas também inclui os quase-signos de primeiridade ou secundidade (SANTAELLA, 2005).   1. Tricotomia do Representamen (ou do Signo em si) A Tricotomia do Signo em si pode ser compreendida quando se questiona o que dá fundamento ao signo. Uma qualidade pode ser um signo, algo que existe pode ser um signo e tudo que é lei, é signo. O primeiro pé dessa teoria explica que qualidades tem a capacidade de representar algo. Uma cor, por exemplo. Quando pensamos na cor preta simplesmente na sua qualidade de ser, várias associações surgem a mente como “escuridão”, “luto”, “noite”, etc. Esse poder de sugerir ideias a torna um quali-signo. O segundo pé define que o fato de existir pode funcionar como signo, porque um existente aponta para vários outros. Toma-se como exemplo você leitor. Sua pessoa emite várias referências como o jeito de se vestir, de falar, de olhar, de andar. Sua pessoa sugere várias coisas apenas pela sua existência e essa capacidade te faz signo, um sin-signo. “Sin” deriva de “singular”. E quando esse singular toma um lugar coletivo? Ele se torna uma lei. Uma lei é uma abstração que opera em casos singulares. Ou seja, a lei surge em situações que ocorrem de acordo com ela. Ela representa e é, então, signo. Como exemplo temos as palavras (que estão dentro do sistema da língua), as convenções sociais e as leis do direito. Tem-se o legi-signo. (SANTAELLA, 2005)   2. Tricotomia do Objeto A Tricotomia do Objeto trata da maneira como o signo sugere, indica ou representa algo. Para facilitar o entendimento, deve-se estar consciente de duas informações:   Sugerir, indicar e representar são características diferentes em intensidade. A sugestão é mais leve que a indicação, essa, por sua vez, é mais leve que a representação.   O objeto é formado pelo objeto dinâmico e pelo objeto imediato. O objeto dinâmico é a fração mais completa do objeto, que engloba o que ele é, é o seu contexto. Enquanto o objeto imediato é o recorte, é a forma como o signo sugere, indica ou representa aquilo a que ele se refere. Se chama “imediato” porque só temos acesso ao objeto dinâmico através dele, é o mediador. (SANTAELLA, 2005). Por exemplo, tendo dois livros diferentes de um conto de fadas, os dois têm como objeto dinâmico uma história de fantasia “x” e como objeto imediato a forma de contar essa história, nas imagens escolhidas, no uso da linguagem, na capa e em outros elementos que os diferenciam.   A partir dessa definição do que é o objeto em sua totalidade, Peirce aborda a tricotomia em ícone, índice e símbolo. “O objeto imediato do ícone sugere o seu objeto dinâmico. O objeto imediato do índice indica seu objeto dinâmico. E o objeto imediato de um símbolo representa o seu objeto dinâmico” (SANTAELLA, 2005).   O ícone tem caráter descritivo e abstrativo. Ele é um símbolo que tem como fundamento um quali-signo, pois ele sugere ou evoca seu objeto por similaridade. O ícone não indica ou representa algo, e justamente por isso, ele fica aberto para despertar uma infinidade de cadeias associativas. Por exemplo, a nuvem num céu aberto é um ícone quando imaginamos o desenho que ela pode formar. Quando se trata do índice, há no seu fundamento uma existência concreta. Ele tem caráter designativo, ou seja, dirige a mente do intérprete ao seu objeto dinâmico, de caráter concreto. Pode ser uma ocorrência, uma coisa existente ou um fato. Como exemplos têm-se as fotografias, casos de fumaça que indicam fogo ou de um chão molhado pela chuva. O símbolo tem caráter de convenção, de representar através da lei. Ele é definido pelo coletivo. Os exemplos de símbolos simples são as bandeiras, os brasões e os logos. O crucifixo no Cristianismo é também um símbolo, assim como os padrões das convenções sociais. Esse texto, por exemplo, é um símbolo: ele representa parte da pesquisa feita sobre a semiótica de Peirce. O símbolo representa parte, pois o todo que o define é muito extenso. O acesso ao todo é feito pelas “experiências colaterais”, como define Peirce, que são as nossas buscas por mais partes desse todo, que aumenta o grau de intimidade com o mesmo. (SANTAELLA, 2005). Por isso, como já citado, a semiótica não traz conhecimentos específicos, ela depende do repertório do interpretante.   3. Tricotomia do Interpretante (MELHORAR) A tricotomia do interpretante propõe o caminho de significação feito pela pessoa que entra em contato com o signo. A rema é primeira sensação do signo, nas suas qualidades, para se perguntar "o que é?". A fase dicente é o levantamento das hipóteses sobre esse signo. E o argumento é comprovação e fundamentação dessas hipóteses. Essa tricotomia é o traço que fazemos ao entrar em contato com qualquer signo, procuramos elementos básicos e suficientes para atingir uma definição. Por isso que a contemplação não é tão comum, pois o fato de significar as coisas em nossas tarefas objetivas e repetitivas acaba criando um vício. A contemplação exige concentracão e limpeza dos pensamentos, pois ela vai se ater muito tempo na primeiridade, na rema, com finalidade de preencher muito mais a dicente e o argumento. O exercício da semiótica tem com fruto esse aprimoramento da contemplação, de busca por mais hipóteses e então, mais de uma resposta.
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Escola de Tártu-Moscou - Semiótica da Cultura IURI LOTMAN A Escola de Tártu-Moscou tem como precursores Saussure (nas definições e estudo do signo linguístico) e Jakobson (funções da linguagem). Iuri Lotman (1922-93) foi um semioticista e historiador cultural que estruturou a Escola de Tártu-Moscou de Semiótica Cultural. Ele foi um judeu que contribuiu muito com a teoria semiótica dessa linha de pensamento. A Semiótica da Cultura propõe a compreensão da semiosfera. Para entendermos esse estudo, é necessário conhecer alguns conceitos: - Semiosfera: conjunto de informações num coletivo. É dentro da semiosfera que os sistemas de signo se relacionam; - Sistemas de Signos: são conjuntos de signos; - Texto: unidade de sentido; - Linguagem: é o elo que une domínios diferentes da vida no planeta; - Dialogismo: é a relação e a construção da experiência a partir da interação com o outro. É um conceito de Bahktin, um filósofo russo; - Cultura: é um grande texto (vários sistemas de signos), uma memória coletiva não-genética; inteligência coletiva. Os semioticistas dessa escola questionaram o conceito de totalidade e se apoiaram nos recortes, nos traços. Então, entende-se que a semiótica da cultura faz a tradução da tradição (que é a sincronia dentro da diacronia). Ela faz um estudo semiótico aplicado, ou seja, do seu objeto se originam as explicações. Não há aplicação de uma teoria sobre o objeto.  Esse estudo propõe um modelo para compreensão da cultura no qual a língua tem ordem primária. "É a partir da língua que se dá a culturalização do mundo, que a natureza e seus fenômenos e fatos se humanizam; que o pensamento se constrói e que a cultura se descreve em textos. 'A língua modeliza a realidade. Em cima dela se constroem os sistemas secundários que modelam aspectos parciais dessa realidade' " * Esses sistemas são os sistemas de signo. Dentro da cultura há vários deles, como se cada um fosse uma caixa que guardasse significados irmãos, que fazem parte de um conjunto. Esses sistemas podem se interrelacionar e é aí que visualizamos a semiosfera, na conversa, na interação, no dialogismo de um sistema com outro.  Os sistemas de signo são únicos em seu conteúdo e quando dialogam com outros eles não perdem sua identidade, mas somam em informação, se fortalecendo.
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