Os hilotas não eram escravos. Isto mesmo, não eram escravos, porque não eram de fato propriedade
dos espartanos. Eles eram submetidos, mas formavam uma comunidade à parte, embora não
tivessem direitos legais e pudessem ser mortos por qualquer espartano sem que este sofresse
nenhuma punição pelo assassinato
Os hilotas, naturalmente, não
gostavam muito dos
espartanos e se revoltaram
diversas vezes. Uma das
maiores revoltas, que chegou
a ameaçar a soberania de
Esparta
Graças às guerras e conquistas, Esparta, no final do século vii a.C., chegou a dominar um terço do
Peloponeso submetendo os antigos habitantes às suas leis
sentindo-se ameaçados, no século VI a.C., resolveram abrir mão de certos territórios difíceis de
manter a longo prazo e optaram por fechar a cidade às influências estrangeiras, às artes, às
novidades e às transformações, adotando para si próprios costumes rígidos e uma disciplina atroz a
fim de manter intacta a ordem estabelecida
Todos os homens de Esparta, chamados de esparciatas, eram guerreiros, sendo proibidos por lei de
exercer atividades que entrassem em conflito com a carreira militar
Os meninos espartanos tinham uma educação militar rígida
Nesta sociedade de ferro, desde a mais tenra infância, os garotos eram criados como
futuros guerreiros
Ficavam todo o tempo treinando para a guerra. Para aprenderem a suportar a dor, os meninos
eram chicoteados até sangrarem e eram ensinados a serem cruéis, desde garotos, caçando e
matando hilotas
Devemos nos lembrar de que, no mundo antigo, as guerras eram sazonais, ou seja, ocorriam,
normalmente, no verão. Durante o restante do tempo, os esparciatas ficavam mobilizados em
acampamentos militares, sempre em exercícios militares e, mesmo para dormir não largavam suas
armas
o adjetivo "espartano" para designar a sobriedade
Como falavam pouco, os espartanos o faziam com grande precisão e concisão, e esse tipo de fala passou
a ser conhecida como "lacônica"
Aos sete anos, todos os garotos deixavam suas mães e eram reunidos e divididos em unidades, ou
"tropas"
os rústicos dórios invadiram a Lacônia e fundaram uma cidade, que
chamaram de Esparta
A outra grande cidade grega, Atenas
muito mais dinâmica que Esparta
Atenas estava na Ática, a sudeste da península grega central; com solo pouco fértil, a produção de trigo
e cevada nem sempre bastava para alimentar sua população. As colinas favoreciam o plantio de
oliveiras e uvas, do que resultou uma indústria de azeite e vinho, desde o século viii a.C
Ao sul da península, os atenienses desenvolveram a mineração de prata e o excelente porto do Pireu
favoreceu o destaque de Atenas no comércio marítimo
Atenas foi das poucas cidades micênicas que continuaram a ser ocupadas, sem interrupção, por todo o
período posterior à decadência micênica
Durante muitos séculos (ix-vi a.C.), Atenas viveu sob o regime aristocrático, a terra estava nas mãos de
poucos, os eupátridas ("bem nascidos") ou nobres
Os pobres em geral, pequenos camponeses e artesãos, passavam por grande penúria e, endividados,
eram mesmo escravizados por dívida
O Bom
Para acalmar os ânimos, Sólon, arconte ateniense, em 594 a.C., favoreceu o desenvolvimento
econômico da indústria e do comércio, cancelou dívidas dos cidadãos pobres e acabou com o sistema
de escravidão por endividamento
Se, por um lado, somente os cidadãos mais ricos podiam se tornar arcontes, por outro, todos os
cidadãos passaram a ter direito de participar da Eclésia. Sólon instituiu também um novo conselho, a
Bulé, e um tribunal popular
Para que se chegasse à democracia foi preciso muita luta popular, pois os aristocratas não cederam
facilmente. Isso foi possível, entre outros motivos, graças à ampliação do comércio marítimo
ateniense, ocorrida a partir do século vI a.C
Democracia, em grego, quer dizer "poder do povo", à diferença de "poder de um", a monarquia, ou o
"poder de poucos", a oligarquia ou aristocracia
A democracia ateniense era direta: todos os cidadãos podiam participar da assembléia do povo
(Eclésia)
Em 431 a.C. havia cerca de 42 mil cidadãos com direito a comparecer à assembléia, mas a praça de
reuniões não comportava esse número de homens.
As reuniões podiam ocorrer na praça do mercado, a Ágora, quando o número de homens presentes
fosse muito grande. Normalmente, reunia-se em uma colina, na praça Pnix, em uma superfície de seis
mil metros quadrados, com capacidade para até 25 mil pessoas. Assim, embora houvesse 42 mil
cidadãos, nunca mais do que 25 mil votavam e, em geral, muito menos pessoas tomavam parte na
democracia direta
A Eclésia reunia-se ordinariamente dez vezes por ano, mas para cada uma destas havia mais três
encontros extraordinários
O povo, definido como o conjunto dos cidadãos, era considerado soberano e suas decisões só estariam
submetidas às leis resultantes de suas próprias deliberações
Nenhum cidadão poderia deixar de se submeter às leis, sob pena de sofrer as punições
previstas
Como os participantes do conselho ateniense tinham que ficar um ano no cargo dedicando-se a
reuniões diárias, adquiriam o direito a receber uma ajuda de custo. Entretanto, como se pagava
relativamente pouco, havia mais candidatos ricos do que pobres, ainda que estes não estivessem
ausentes
A partir de 395 a.C., os cidadãos que participavam da assembléia também passaram a ter direito a
receber um pagamento por sua presença
O tribunal popular, ou Helieia, contava com milhares de juízes, escolhidos por sorteio, para os
diferentes tribunais específicos, em geral com 501 membros cada um
A experiência da democracia ateniense serviu de inspiração para aqueles que, muitos séculos depois,
em diversos momentos históricos, defenderam a liberdade política e o governo do povo
Entretanto, por muito tempo, para alguns prevaleceu uma visão negativa do "governo do povo" e do
"exemplo de Atenas"
Hoje em dia, no entanto, vivemos num mundo muito mais aberto à idéia de participação popular no
governo da coisa pública e essas interpretações têm sido contestadas por diversos motivos