historiadora
Norte-americana, nascida
em 18 dezembro de 1941 no
Brooklyn,
Trabalho
inicialmente
dedicado à história
francesa
(movimento
operário e história
intelectual)
direcionado na
década de 1980 para a
história das mulheres
a partir da perspectiva
de gênero
Tem a história participado da
construção das relações de gênero,
ou apenas informado a respeito de
como os sujeitos do sexo masculino
e feminino vêm se organizando ao
longo do tempo nas diversas
sociedades históricas?
Segundo Le Goff “não há
realidade histórica acabada,
que entregaria por si própria
ao historiador”
o historiador como todo homem de
ciência, “diante da imensa e confusa
realidade faz sua opção” e constrói sua
explicação do passado (LE GOFF, 2005: 42)
escolhe o que fazer
ouvir e o que fazer
calar
o conhecimento histórico
não é só um simples registro
das mudanças nas
organizações sociais ao
longo do tempo, mas
também, um instrumento
que participa da produção
do saber sobre estas
organizações.
perceber como esta área do
conhecimento tem participado
na produção do saber sobre a
diferença sexual.
a “História é tanto objeto
da atenção analítica
quanto um método de
análise. Vista em conjunto
desses dois ângulos, ela
oferece um modo de
compreensão e uma
contribuição ao processo
através do qual gênero é
produzido” (SCOTT, 1994:
13-14).
passou a levar a sério a teoria
pós-estruturalista e a enfrentar
suas implicações para uma história
social (SCOTT, 1994: 11-12).
“Igualdade versus
diferença: os usos
da teoria
pós-estruturalista”
(SCOTT, 2000:
203-204)
a teoria que melhor permite
ao feminismo romper o
esquema conceitual das
velhas tradições filosóficas
ocidentais, que têm
construído o mundo de
maneira hierárquica, em
termos de universos
masculinos e especificidades
femininas.
precisa de teorias que permitam articular
modos de pensamentos alternativos sobre
gênero e que não busque simplesmente
reverter ou confirmar velhas hierarquias
a que possui instrumental mais adequado e
satisfatório para a análise das construções de
significados e relações de poder, como também a
que questiona as categorias unitárias e universais,
tornando históricos conceitos que normalmente são
tratados como naturais ou absolutos.
tratar as relações entre mulheres e homens
a partir de uma ótica que faça como que estes
sujeitos não sejam vistos em separados, daí,
por exemplo, ter lançado sérias críticas
quanto ao modo como foi estudada a “história
das mulheres” por volta da década de 1970, e
mostrar porque tal abordagem teve tão pouco
impacto.
o caminho que se estava seguindo, ou seja, o de
mostrar novas informações sobre as mulheres no
passado, pensando que com isso ia de certo modo
“equilibrar a balança”, não estava ajudando neste
projeto, tendo em vista, não modificar a importância
atribuída às atividades femininas, mas, pelo contrário,
o que se estava fazendo era colocá-las como em
separado, estava dando a elas um lugar marginal em
relação aos temas masculinos dominantes e
universais (SCOTT, 1994: 14).
não se tratava de questões que esclarecia porque aqueles que
escreveram sobre a história do trabalho ignoraram evidências
a respeito das mulheres, ou seja, não explicava a ausência de
atenção às mulheres no passado e assim esse tipo de
abordagem não alterava as definições estabelecidas dessas
categorias (SCOTT, 1994: 14-15).
“o problema da invisibilidade”
(SCOTT, 1989:.46)
limitações da proposta da história das
mulheres, enfatizando que o propósito
“compensatório” desse tipo de iniciativa,
não avançou no que diz respeito a
certas questões teóricas e
metodológicas fundamentais
perguntar por que e como as
mulheres se tornaram invisíveis na
história.
a história das mulheres tem uma força
política potencialmente crítica, uma força
que desafia e desestabiliza as premissas
disciplinares estabelecidas, principalmente,
porque este tipo de história questiona a
prioridade relativa dada à “história do
homem”, em oposição à “história da mulher”
e desafia a competência de qualquer
reivindicação da história de fazer um relato
completo quanto à perfeição e à presença
intrínseca do objeto desta ciência – o
Homem Universal.
Uma das primeiras formulações teóricas que dá
suporte explicativo em direção ao caminho da
compreensão do que mais tarde se torna o
conceito de gênero, é de Gayle Rubin
seu texto The Traffic in Women:
Notes on the ‘political
economy’of sex, (em 1975),
surgiu nos primórdios da
segunda onda do movimento
feminista, quando muitas
feministas estavam tentando
fazer uma idéia de como pensar
e entender a opressão das
mulheres. Assim, ele, é o
resultado deste esforço. Hoje
considerado mundialmente, um
trabalho pioneiro e marcante
no campo dos estudos de
gênero, por traçar a distinção
entre sexo/biológico e
gênero/construção social do
biológico.
Rubin, em seu texto “Tráfico de mulheres”
(SCOTT, 1975: 157-210), discute e elabora o
conceito de “sistema de sexo/gênero”,
definindo este como sendo “um conjunto de
arranjos através dos quais, a sociedade
transforma a sexualidade biológica em
produto da atividade humana”
Scott diz, em seu texto: Gênero: uma categoria útil para análise histórica (SCOTT,
1990), que Rubin pecou ao reduzir gênero ao sistema de parentesco. Ou seja, para
Rubin as noções de “troca de mulheres” e “sistemas de parentesco”, trazidas por
Strauss são conceitos sedutores e poderosos, isso porque coloca a opressão das
mulheres dentro de sistemas sociais, em lugar da biologia e por serem formas
observáveis e empíricas de sistemas de sexo/gênero. Segundo ela, muito do que se
afirma sobre sexualidade e gênero é baseado nos sistemas de parentesco, devido
estes se basearem no tabu do incesto, na heterossexualidade obrigatória e em uma
divisão assimétrica dos sexos, ou seja, o sistema de parentesco é fundamentado na
obrigatoriedade do casamento entre pessoas de sexos diferentes, este não deve
ocorrer entre pessoas do mesmo grupo e sempre através da troca de mulheres
(RUBIN, 1975: 06-14).
Scott defende uma visão mais ampla de gênero, que inclua não
só o parentesco, mas também o mercado de trabalho que é
sexualmente segregado, a educação enquanto instituições
socialmente masculinas e ainda o sistema político. Para ela a
análise de Rubin foi reducionista, já que gênero tanto é
construído através do parentesco, como também na economia,
na organização política, enfim em outros lugares igualmente
fundantes (SCOTT, 1990: 15).
Para Scott, portanto, as relações entre os
sexos são construídas socialmente, como já
havia sido sinalizado por outras teóricas,
porém, para ela isso ainda diz pouco, pois não
explica como estas relações são construídas e
porque são construídas de forma desigual
privilegiando o sujeito masculino;
Scott vai além das propostas anteriores e
articula a noção de construção social com a
noção de poder, presente no processo dessa
produção
gênero é um elemento constitutivo das relações sociais,
baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos e mais, o
gênero é uma forma primeira de dar significado às relações de
poder (SCOTT, 1994: 13)
gênero significa o saber a respeito das
diferenças sexuais, saber este, pensado
por ela, seguindo a orientação de
Foucault, como sendo a compreensão
produzida pelas culturas e sociedades
sobre as relações humanas e ainda um
modo de ordenar o mundo e como tal
não antecede a organização social, mas
é inseparável dela.
Saber, pensado aqui, como algo que nunca absoluto
ou verdadeiro, mas sempre relativo, cujos usos e
significados nascem de uma disputa política e são os
meios pelos quais as relações de poder – de
dominação e de subordinação – são construídas.
Vincular o saber ao poder e teorizar sobre
eles operacionalizando a diferença exige,
segundo Scott, uma história feminista mais
radical do que aquela que vinha sendo
feita, a partir do modelo da “história das
mulheres”, e o pós-estruturalismo, pelo
menos certas abordagens associadas a
Michel de Foucault e Jacques Derrida,
oferecem uma perspectiva analítica
bastante poderosa em direção a este
caminho
pós-estruturalismo
um estudo de
processos, não de
origens
causas múltiplas, ao
invés de causas únicas
não se abandona a atenção
às estruturas e instituições,
mas se busca entender o
que elas significam para
poder então entender como
elas funcionam
interessa à História analisar: os processos
conflitivos através dos quais os
significados se estabelecem, as maneiras
através das quais conceitos como gênero
adquirem a aparência de fixidez, as
contestações que ocorrem às definições
sociais normativas e ainda as respostas a
essas contestações.
interessa saber como se dá o jogo de forças
presentes na construção e implementação de
significados em qualquer sociedade. Interessa
saber a política3 que está evolvida aí, isto é,
perceber de quem é o interesse em controlar ou
contestar significados e qual a natureza desse
interesse (SCOTT, 1994: 16-17).
O conhecimento histórico, segundo
Scott, é parte da política de sistema de
gênero.