O PIB per capita brasileiro
em 1820 seria comparável
ao mexicano (cerca de 10%
a 20% inferior) e
corresponderia a pouco
mais da metade do nível do
PIB per capita dos EUA
Em 1890 havia perdido muito terreno:
seria talvez ¾ do nível mexicano,
pouco mais de 1/3 do nível argentino e
pouco mais de 1/5 do nível dos EUA
Uma taxa de crescimento de 0,3% ou até 0,4% ao ano
para o período imperial como um todo parece
razoável, decorrente essencialmente do crescimento a
1,5-2% da renda per capita da zona cafeeira após
1850, inicialmente no Rio de Janeiro e norte de São
Paulo, e depois dos 1880 em Minas e, especialmente,
no Centro-Oeste Paulista
A economia cafeeira, e em
menor medida, outros
polos de exportação,
estimularam a criação de
importante infraestrutura,
em especial ferrovias
públicas e privadas
Entre as ferrovias privadas parte foi
estabelecida por empresários estrangeiros,
parte por capitalistas nacionais
No final do período imperial, respondendo às demandas da urbanização,
ganhou importância a provisão de serviços públicos urbanos, também
com importante papel do capital estrangeiro
A industrialização foi incipiente no período imperial
Finanças públicas
Dívida pública
Entre 1824 e 1889, a
dívida externa brasileira
aumentou de £ 5,1
milhões para £ 33,6
milhões
Cerca de 98% do total no final do Império
correspondia a empréstimos denominados em libras
lançados em Londres e 90% a empréstimos do
governo central
Despesa
O nível de despesas do
governo central dependia
em grande medida dos
gastos militares
relacionados a operações
internas e externas
As despesas dos ministérios
militares corresponderam a 50%
dos gastos totais no fim dos anos
1820 com a guerra da Cisplatina e,
mais ainda, nos anos 1830, com
operações contra os separatistas no
sul do Brasil
Nos anos mais pacíficos, entre a maioridade e a guerra do
Paraguai, as despesas militares nunca caíram abaixo de 35%, e na
guerra do Paraguai alcançaram 65% dos gastos totais
Receita
Houve bastante continuidade das
instituições relacionadas às finanças
públicas entre a colônia e o Brasil
independente
Ainda em 1831, a legislação relativa a Tesourarias
provinciais fazia referência à contratação de
arrecadação de tributos por meio de leilões, embora
o sistema estivesse fadado a desaparecer, em vista da
eliminação do dízimo e do aumento da importância
da taxação do comércio exterior
Durante todo o Império a receita do governo central
dependeu crucialmente dos impostos relacionados ao
comércio externo, principalmente sobre importações e
exportações
Os custos de arrecadar impostos internos eram
muito superiores aos relativos a impostos sobre
comércio exterior, especialmente se o comércio
é por via marítima
Regimes monetários, câmbio e sistema financeiro
Câmbio e preços
O câmbio flutuou de forma significativa
durante o Império, embora em
determinados períodos tenha sido mantido
relativamente constante, notavelmente
nos 1850 e em meados dos 1870 em torno
do par
Regimes monetários
Depois da independência, o Banco do
Brasil continuou a emitir cédulas que
constituíam boa parte do meio
circulante
Em 1829 não existia
praticamente nenhuma
circulação metálica, a não ser
de cobre
Em vista da grande quantidade de moedas
falsas de cobre, o governo permitiu a sua
substituição, a partir de 1827, por cédulas
A circulação metálica voltou a ser
importante apenas no fim da
década de 1840, com o reinício da
cunhagem de ouro e de prata em
maiores valores, mas somente até
meados da década de 1860, com
breve recuperação nos dois últimos
anos do império
O segundo sistema monetário do Império,
envolvendo a quebra do padrão ou aviltamento
(redução do conteúdo do metal precioso das
moedas) da moeda metálica, durou em princípio de
1833 e 1846.
Comércio exterior
A importância do Brasil como
economia primário-exportadora pode
ser avaliada com base na sua
participação nas exportações mundiais
totais.
A estrutura das exportações modificouse
consideravelmente no curso do Império, com
significativa expansão da importância do café,
especialmente antes de 1850, pari passu com a
expansão da participação do Brasil no mercado
mundial do café, que já correspondia à metade
da oferta mundial em meados do século
Nos anos 1880, com a participação brasileira já em torno de 60% ficaria claro que os competidores asiáticos no mercado
cafeeiro seriam duramente afetados pela ferrugem, abrindo espaço para a expansão espetacular da produção brasileira no
período republicano
As exportações de borracha
mostraram franca expansão após
1870, representando, já naquela
década, cerca de 5% das exportações
totais
Na última década do Império a borracha foi o
terceiro principal produto de exportação do
país, respondendo por 8% do total
O Brasil era então o maior produtor mundial respondendo por mais de 60% da oferta
Fatores de produção:
capital
A crescente produção cafeeira gerou
demanda por infraestrutura de exportação,
incluindo ferrovias, portos, cabos
telegráficos submarinos e empresas de
navegação a vapor.
Em um segundo momento, em meio ao
processo de urbanização,
investimentos expressivos foram
realizados em empresas de serviços
públicos: água, esgotos, gás e, mais
adiante, transporte público, energia
elétrica, telefones.
Estes investimentos
dependeram em parte da atração
de investimento direto
estrangeiro, essencialmente
britânico até o final do Império
Além de investimento estrangeiro,
houve investimento considerável do
governo central, de governos
provinciais e de capitalistas
brasileiros, especialmente em
ferrovias.
Fatores de produção:
terra
No Brasil, durante o período colonial,
desde a fase das capitanias hereditárias no
século XVI, a propriedade de terras foi
concedida através de sesmarias a um
número limitado de beneficiários
teoricamente com condições de explorá-las
adequadamente, prática que perdurou até o
início do século XIX.
Até então, uma relação terra-trabalho
elevada nas áreas em que extensas doações
de terra tinham sido feitas pelas autoridades
coloniais fora acompanhada de ampla
utilização de escravos no trabalho agrícola,
caso tipicamente do Nordeste.
A expansão do cultivo de café
afetou fundamentalmente a
ocupação da terra.
Em poucas décadas, os fazendeiros de café
receberam, sob a forma de sesmarias até 1822,
compraram ou ocuparam de fato, grande parte do
vasto vale do Paraíba e das áreas vizinhas (nas
províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas
Gerais) em que se observavam condições favoráveis
ao cultivo do café.
Muitas terras foram ocupadas sem título
legal ao longo do processo de colonização
do Brasil.
Na realidade, na ausência de legislação clara e
abrangente, a ocupação de novas terras deu-se
através de simples posse, muitas vezes prevalecendo
os mais fortes sobre os mais fracos.
A coroa imperial perdera o poder
de conceder sesmarias a partir de
1823.
Durante quase três décadas, a assembléia do
império não aprovou qualquer legislação para
substituir o sistema colonial de concessão de
terras.
“Lei de Terras”
Essencial para consolidar a colonização do Sul do
Brasil com base em pequenas propriedades de
imigrantes em terras públicas não previamente
alienadas.
Fatores de produção:
trabalho
Imigração: trabalho
assalariado
Destaca-se o Rio Grande do Sul,
na década de 1820, com 4.856
imigrantes.
Mais tarde, o governo imperial promoveu a
fundação de Petrópolis no Rio de Janeiro, em
1845, e Santa Isabel no Espírito Santo, em 1847,
com imigrantes alemães.
A estatística oficial de imigração para o Brasil, que aponta 219.229 entradas brutas entre 1851 e 1870,
envolve subestimação, conforme sugerido pelos dados de emigração dos países de origem.
A lei provincial de 3.3.1871 permitiu o auxílio a fazendeiros para “importar” trabalhadores europeus, dando
preferência a imigrantes da Europa do Norte, sem grandes conseqüências imediatas.
Em 1888 e 1889 o governo imperial assinou sete contratos para a entrada de cerca de 775 mil imigrantes nos cinco anos seguintes,
intervenção direta no mercado de trabalho, que criou uma oferta elástica de mão-de-obra estrangeira e que pode ter prejudicado a
absorção de libertos e brasileiros natos pelo setor exportador.
Atividade
Serviços
Setor ferroviário
partindo-se de pouco mais de 700 km em operação em
1870, mais de 8.000 km foram construídos até 1889
Mineração
As atividades de mineração no Brasil
durante o Império – especialmente
de ouro (Minas Gerais) e diamantes
(Minas Gerais e Bahia) – alcançaram
um pico na década de 1850 e depois
declinaram lentamente.
Indústria
Havia uma indústria incipiente na década
de 1880, muitas vezes em unidades
pequenas ou até artesanais, incluindo
principalmente processamento de
alimentos, têxtil e vestuário, e bebidas,
respondendo, talvez, por 10% do PIB.
Agricultura e regiões
Após a independência, o setor primário respondia por grande
parte do produto interno e das exportações, com predominância
da agropecuária
Os três principais produtos agrícolas que continuaram ter grande relevância nas
exportações, eram o açúcar, o algodão e o fumo
Mas em 1830, o café ultrapassa o
açúcar, na questão de principal
produto exportado
Entre o início e o fim do
Império, a participação das
exportações de café nas
exportações totais aumentou
de menos de 20% para mais de
60%
O café era produzido inicialmente apenas na
província do Rio de Janeiro e, em menor
medida, no norte de São Paulo.
O Rio de Janeiro respondia por quase
80% da exportação total
Na primeira metade dos 1880, as exportações de açúcar alcançaram o
seu pico no período imperial
A importância do algodão nas exportações totais
brasileiras caiu durante o Império de cerca de 21%
para em torno de 4% das exportações totais.
A borracha não foi
inicialmente um produto
importante na pauta de
exportações do império.
Estimativas de produto
Os dados sobre produto e renda no século XIX são
extremamentes precários, o que leva a estimativas
aproximadas de forma bastante grosseira
A taxa de crescimento anual do PIB per capita do Brasil é sugerido como
sendo de 0,36% ao ano entre 1800 e 1860, e de 0,40% para o período 1860
a 1910
Após uma consideração de que o produto per capita ficou praticamente estagnado na primeira
metade do século XIX, e baseando-se em estatísticas do comércio exterior, estimou um
crescimento da renda per capita da região cafeeira de 2,3% entre 1850 e 1900, e uma taxa de
1,5% ao ano para o país como um todo
População
A população, no período da Independência, em 1822, era
aproximadamente entre 4,5 e 4,8 milhões, sendo que cerca de
um terço era escrava
Por volta de 1850, a população
brasileira era aproximadamente 7,5
milhões, sendo que 30% do total
ainda correspondiam à escravos
Às vésperas da abolição da escravidão, em
1886/87, ainda estavam presentes cerca de 700
mil escravos no população brasileira
Enquanto por volta da independência o número correspondente a
quantidade de escravos era aproximadamente igual ao número no
Nordeste e no Sudeste, o total de escravos na região cafeeira
(Sudeste) já era 75% mais elevado do que no Nordeste em 1872, e
cerca de 133% mais elevado em 1886-87
Um levantamento estatístico detalhado, em 1821, revelou
população total de 112.695 habitantes na ''Corte'', ou seja,
na cidade do Rio de Janeiro
O Rio era o maior centro urbano com 275 habitantes