Trabalhadores invisíveis são profissionais com
funções sociais fundamentais, porém
desvalorizadas. Fazem parte deste grupo tanto
trabalhadores informais quanto registrados.
A invisibilidade de tais indivíduos ocorre devido
ao seu poder aquisitivo diminuto, aos direitos
relativizados e devido ao preconceito por parte
de uma parcela da classe alta.
Garis, entregadores, camelôs, ascensoristas, cobradores, jardineiros,
faxineiros, coletores, gandulas, entre outros, são considerados
trabalhadores invisíveis. Além de sua invisibilidade como
prestadores de serviços, não são notados em relação às condições
econômicas e materiais.
Um dos principais problemas referente aos trabalhadores invisíveis não
ocorre somente por sua falta de notabilidade em um ambiente. A maior
dificuldade da invisibilidade é o não atendimento de suas reivindicações
como profissional perante às empresas.
Cartazes humanos: Os trabalhadores invisíveis mais emblemáticos são os chamados
cartazes humanos. São cidadãos que se alugam como espaço para propagandear
serviços. Geralmente, são vistos nas regiões centrais das cidades usando coletes com
inscrições como “compro ouro”, entre outras chamadas para serviços. Normalmente, o
interessado volta-se ao “cartaz humano” e então é levado até a empresa onde pode
efetuar uma negociação de compra ou venda.
Entregadores de panfletos: Os entregadores de panfleto representam
os trabalhadores invisíveis devido a sua não absorção pelo mercado de
trabalho formal. Assim, aceitam ficar durante várias horas por dia,
sem qualquer assistência, entregando panfletos ou propagandas
impressas dos serviços oferecidos por seus contratantes. A
remuneração é baixa, e os entregadores de panfleto mais comuns são
vistos em faróis oferecendo os materiais pelas janelas dos carros ou
parados na rua distribuindo cartões.
Estudo de campo: Fernando Braga, psicólogo formado pela
Universidade de São Paulo, fez um estudo de campo sobre os
trabalhadores invisíveis, que se transformou em sua dissertação de
mestrado e depois foi publicado como livro. O profissional passou oito
anos como gari no sentido de entender como se dava a invisibilidade
desta classe profissional, além de poder experimentar as reações de
outras pessoas perante à profissão.
Entre os relatos encontrados no livro “Homens Invisíveis – relatos de uma
humilhação”, Braga descreve situações interessantes. Os garis, ao descobrirem
que ele não pertencia àquela classe social, tiveram atitudes marcantes durante
o convívio. Alguns passaram a protegê-lo por meio de atos como deixar que
sempre usasse a vassoura mais nova, não permitir que realizasse tarefas com a
pá ou a enxada, além de não possibilitarem que ele viajasse na caçamba da
caminhonete, reservando a cabine. O psicólogo conta ainda que um de seus
ritos de passagem para ser aceito entre os garis foi beber café em uma latinha
de refrigerante achada no lixo e cortada ao meio. Depois deste episódio, o
convívio passou a ser pleno e despido de preconceitos.
O ideal é que as companhias apresentem políticas de valorização destes
trabalhadores por meio do reconhecimento financeiro, pessoal e
acompanhamento de suas necessidades como prestadores de serviço remunerado.