O reconhecimento materno da gestação
é o período em que o concepto sinaliza a
sua presença para a mãe.
Durante a gestação, ocorre uma série de eventos
hormonais, envolvendo progesterona e prostaglandinas,
sendo fundamental a função do corpo lúteo, uma glândula
temporária formada a partir da ovulação de um folículo.
O corpo lúteo produz a progesterona,
esteroide envolvido tanto na ciclicidade
ovariana quanto no estabelecimento e
manutenção da gestação, na maioria dos
mamíferos.
RUMINANTES
O período de pré-implantação, compreendido entre a
fecundação do oócito e a implantação do concepto, é
caracterizado por clivagens sucessivas do zigoto e
estágios embrionários iniciais bem como por eventos
morfogéneticos de compactação e cavitação, que
culminam com a formação do blastocisto.
Durante esse período, ocorrem complexas
interações entre o ovário, o endométrio e o
embrião, necessárias para que a gestação se
estabeleça e o concepto permaneça viável.
Existe uma proteína chamada de
interferon-tau (INF), que tem função
antiluteolítica comprovada e é associada
ao reconhecimento materno da gestação
em ruminantes.
A fase de reconhecimento
materno ocorre entre 12° e o 26°
dia quando ocorre a secreção da
proteína interferon-tau, com pico
entre os dias 15 e 16.
Como resposta, a interferon-tau inibe a transcrição
de receptores de estrógenos e a ocitocina no
endométrio inibindo a lúteolise. Nesta fase ocorre
o alongamento do embrião, que coincide com a
máxima produção de interferon-tau.
O interferon-tau produzido pelo concepto tem um
efeito parácrino no útero, inibindo a expressão dos
receptores de estrógeno e de ocitocina no epitélio
luminal do endométrio, evitando assim a liberação de
PGF2 alfa, o hormônio responsável pela luteólise.
O interferon-tau também tem o papel de
estimular a produção de E2, e aumentar a
produção de diversas proteínas secretórias de
origem uterina, que podem estar envolvidas na
manutenção da viabilidade do concepto. Tal
expressão do INF termina com a implantação,
pois o contato do troflobasto com o endométrio
inibe a sua produção.
O interferon-tau pode ser a redistribuição de
prostaglandina F (PGF), produzida pelo útero, de
modo que PGF e prostaglandina E acumulam-se no
lúmen do útero, inibindo sua ação luteolitica.
Há evidencias de que nos ruminantes os níveis
venosos útero-ovarianos de PGF alfa são
reduzidos durante o inicio da prenhez, embora
a capacidade do útero de produzir PGF
permaneça inalterada.
O INF é classificado como interferon do tipo I, e são
secretadas pelas células trofoblásticas dos
ruminantes antes da implantação. Sua principal
função é evitar o retorno à ciclicidade, preservando
o funcionamento do corpo lúteo durante a gestação.
É definido como o "período crítico'' do
reconhecimento materno da gestão em um
curto intervalo de 24-48 horas durante o início
da gestação de espécies domesticas, quando o
organismo materno reage ao embrião
presente dentro do útero.
O corpo lúteo pode ser descrito como uma glândula
temporária, formada a partir da ovulação de um folículo,
e a progesterona, sua principal secreção, é um esteroide
necessário tanto para a ciclicidade ovariana quanto para
o estabelecimento e manutenção da gestação na maioria
dos mamíferos
A progesterona induz a diferenciação do
estroma uterino, estimula as secreções das
glândulas endometriais, o acúmulo de vacúolos
basais no épitelio glandular e modifica o padrão
de secreção de proteínas pelas células
endometriais. Essas proteínas proporcionam o
ambiente uterino apropriado para o
desenvolvimento do embrião.
SUÍNOS
O tempo médio de gestação de suínos é de
114 dias, sendo que na fase inicial de 0 a 21
dias, ocorre a fecundação e reconhecimento
da gestação e formação da placenta;
O reconhecimento materno propriamente dito
ocorre entre os dias 11 e 12 de gestação, quando o
blastocisto apresenta uma forma ovoide, continua
a dividir-se pelo processo de hiperplasia,
expande-se de forma variada entre os embriões;
Ocorre um aumento da síntese de estrógeno
pelo blastocisto e a quantidade de estrógeno vai
variar de acordo com o estágio de
desenvolvimento e número de embriões. É
necessário que se tenha 4 embriões para se ter
o reconhecimento da gestação e para que ela
prossiga;
Nos suínos o blastocisto produz substâncias
que retardam a regressão luteal quando
entram no útero. Entretanto, os estrogênios
produzidos pelos conceptos suínos
reconhecidos como luteotróficos para a
espécie de suínos;
No período de 10 a 12 dias da gestação, a
síntese do estrógeno de origem embrionária
irá promover uma mudança na direção da
secreção da PGF 2 alfa de endócrina para
exócrina (lúmen uterino), inibindo, assim, a
luteólise, o que irá diferir entre o ciclo
reprodutivo normal e a gestação nos suínos.
Paula Andresa da Silva
Nery-04033820-8NMA/manhã.
EQUINOS
Desde a fecundação até o inicio do
desenvolvimento embrionário no
oviduto, os embriões entram no
útero, iniciando-se a fase de
blastocisto.
Os eventos ocorridos durante a fase da
pré-implantação são importantes, pois
antecedem o reconhecimento materno,
implantação e placetação necessária para o
crescimento placentário-fetal bem como para
o desenvolvimento normal da gestação.
Os mecanismos de sinalização materna da gestação
podem ser de origem luteotrófica, ou seja, uma
ação hormonal diretamente sobre o corpo lúteo
para manter a sua integridade estrutural e
funcional, ou antiluteolítica que realiza uma
manobra para inibir a liberação de prostaglandina
que provoca a luteolólise.
Nos equinos, quando o embrião se move
continuamente ao longo do corno uterino, há a
supressão da liberação cíclica normal da
prostaglandina F2 alfa pelo endométrio, que
resulta na manutenção funcional do corpo lúteo
O concepto do equino pode inibir a produção de prostaglandina pelo
endométrio uterino. A prostaglandina é um hormônio com ação
luteolítica e durante o estro estral das éguas há um aumento de das
concetraço~es no sangue venoso uterino e no útero, entre os dias 14°
e 16° do estro, quando ocorre a luteólise e ocorre um declínio dos
níveis de progesterona no plasma.
A concentração de PGF
captada por receptores
do corpo lúteo é
máxima no 14° dia do
ciclo estral e 18° dia da
gestação
O corpo lúteo das éguas pode responder à PGF
em circulação durante a gravidez, mas cabe ao
embrião utilizar os mecanismos
antiluteolíticos. Em éguas prenhes, há pouca
PGF nos fuidos uterinos e na presença do
concepto a produção de PGF endometrial é
reduzida.
Em resposta à
estimulação do colo
do útero, há ocitocina
exógena durante o
início da prenhez;
Ocorre a inibição da PGF endometrial,
de modo a proteger o corpo lúteo da
luteólise. Entre os dias 8 e 20 da
gestação, o embrião produz grandes
quantidades de estradiol, para
prolongar a vida útil do corpo lúteo.