Para alguns, é o que devemos fazer se quizermos ser felizes
Para outros, é a causa da nossa infelicidade
Para todos, é o destino irremediável do mundo.
A globalização tanto divide como une.
O que para alguns parece globalização, para outros significa
localização; o que para alguns é sinalização de liberdade, para
outros é um destino indesejado e cruel.
A imobilidade não é uma opção realista
num mundo em permanente mudança.
Alguns tornam-se globais
Outros se fixam na sua "localidade"
Ser local é sinal de privação e
degradação social.
Espaços públicos removidos para
além do alcance da vida localizada
Progressiva segregação espacial,
separação e exclusão
Polarização entre ricos X pobres, "normais"
X anormais, nômades X sedentários
1. Tempo e Classe
Considera a ligação entre a
natureza historicamente mutável
do tempo e do espaço e o padrão e
a escala de organização social
"A companhia pertence às pessoas que nela investem, não
aos seus empregados, fornecedores ou à localidade em que
se situa" Albert J. Dunlap
Último quarto do século XX: Independência em relação ao espaço (local)
Mudança de local da Companhia: Empregados
terão dificuldade de acompanhá-la, da mesma
forma fornecedores e a comunidade. Por outro
lado, para os acionistas, está questão é indiferente.
A companhia é livre para se mudar, mas as
consequências da mudança estão fadadas a
permanecerem. Quem for livre para fugir da
localidade é livre para escapar das consequências.
A mobilidade tornou-se o fator de estratificação mais poderoso e mais cobiçado
Topo da cadeia de mobilidade pode ser comparado ao "Proprietário ausente"
Porém, o "Proprietário Ausente" de
terras não tinha tanta mobilidade
(preso às áreas de terra)
II) Liberdade de movimento e autoconstituição das sociedades
Fim da Geografia: as distâncias já não importam
A distância é um produto social
Próximo: é um espaço dentro do qual a pessoa
sente-se a vontade.
O que não é problemático
Longe: é um espaço onde se penetra apenas
ocasionalmente
Estar longe significa
estar com problemas
Longe-Perto = Certeza X Incerteza;
Autoconfiança X Hesitação
Quem isola-se (está longe), necessita de
um grande esforço para comunicar-se.
Isto gera o conceito de comunidade local.
Facilidade na comunicação interna (wetware) e
dificuldade na comunicação externa (intercâmbio
entre comunidades)
A distância é mais impiedosa e tem efeitos
psicológicos mais profundos do que nunca.
Informação viaja de forma
independente ao seu portador físico
A Internet pôs fim à própria noção de viagem,
tornando a informação instantaneamente
disponível em todo o planeta
III) Nova Velocidade, Nova
Polarização
Em vez de homogeneizar a condição
humana, a anulação das distâncias
temporais/espaciais tende a polarizá-la
Para algumas pessoas ela (facilidade de
mobilidade)possibilita uma liberdade sem
precedentes, para outras, a impossibilidade de
libertar-se de sua localidade.
Informação flui independente da mobilidade de seus
portadores (trem, navio, avião)
Ágoras cada vez mais raros em virtude da virtualização de espaços e do direcionamento ao invidual
Ágora: praça principal das cidades gregas
Áreas públicas tornam-se restritas a quem podem pagar por elas.
A nova fragmentação do espaço da cidade,
o encolhimento e desaparecimento do
espaço público, a separação e segregação.
Acima de tudo, a extraterritorialidade da
nova elite e a territorialidade forçada do
resto.
Para as elites os espaços
ricos em cultura, para o
resto, os guetos
Locais de encontros onde se construíam as normas. Hoje os
shoppings são os locais de encontro, mas não são projetados
para o diálogo e sim para o consumismo
Uma sociedade despojada de espaços públicos
dá pouca chance para que as normas e valores
sejam debatidas
2. Guerras Especiais: Informe de Carreira
Trata dos estágios sucessivos das
guerras modernas pelo direito de
definir e impor o significado do espaço
comum
I. A batalha dos mapas
Necessidade do Estado de estabelecer
métricas padronizadas de medida
O mundo se vendo de
uma única forma. Visão
globalizada
Panóptico: prisão circular, onde um
observador central poderia ver todos os
locais onde houvesse presos
Michel Foucault
II. Do mapeamento do espaço à especialização dos mapas
Regras urbanísticas: cada tribo irá ocupar um distrito
separado e cada família um apartamento separado
A cidade perfeita:
Morelly (1755)
Admirável mundo
novo?
Sévariade (Baczko). A mais bela cidade do mundo.
Cidade literária utopista
implica uma total rejeição da
história e uma demolição de
todos os seus vestígios palpáveis
Ex.: Oscar Neimeyer e a construção de Brasília
Síndrome de "brasilite"
Ausência de
multidões
Esquinas vazias
Anonimato dos lugares e das pessoas
Brasília era um espaço perfeitamente
estruturado para a instalação de
homúnculos nascidos e alimentados em
tubos de ensaio
Do ponto de vista da administração
espacial, modernização significa
monopolização dos direitos
cartográficos
O monopólio é muito mais fácil de alcançar se o
mapa antecede o território mapeado
O mapa torna-se uma moldura nas
quais as realidades urbanas ainda a
surgir devem ser traçadas.
III. Agorafobia e o
Renascimento da
Localidade
Declínio do homem público
Sempre que foi empreendida a tentativa de
homogeneização do espaço urbano, de torná-lo
lógico, funcional, redundaram na desintegração
das redes protetoras tecidas pelos laços
humanos, na experiência fisicamente
devastadora do abandono e da solidão.
O segredo primordial de uma boa cidade é a
oportunidade que ela dá às pessoas de
assumir responsabilidade por seus atos, numa
sociedade imprevisível
Os homens jamais podem se tornar bons simplesmente
seguindo as boas ordens ou os bons planos dos outros
As pessoas moralmente maduras são aquelas que
cresceram a ponto de precisar do desconhecido, que
aprenderam a amar a alteridade (relações de contraste).
Cidades americanas: comunidades locais uniformes,
segregadas dos pontos de vista racial, étnico e de classe.
similaridade visual e de comportamento.
Conformidade X Intolerãncia
fobia por segurança.
Isolamento. Casas muradas e
isoladas das demais
Não há preocupação com
a segurança da cidade,
mas com a segurança
pessoal.
Os muros construídos outrora em volta das cidades, são construídos agora em volta das casas
Ao invés da união, o evitamento e a separação
IV. Existe vida depois do Panóptico???
centro penitenciário ideal desenhado pelo filósofo Jeremy Bentham em 1785.
O conceito do desenho permite a um vigilante observar todos os prisioneiros
sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados.
Disciplinar mantendo-se uma ameaça constante, real e palpável de punição
Fazer os súditos acreditarem do olhar onipresente de seus superiores, impedindo desvios de comportamentos.
Panóptico não permite espaços privados opacos
Cidade de Zamiatin: (NÓS) as casas eram de vidro
Cidade de Orwell (1984): toda casa tem uma tv
que não pode ser desligada e que não se sabe
quando ela é usada como câmera pela emissora.
As técnicas panópticas desempenharam
importante papel na passagem dos
mecanismos de integração de base local
(capacidades naturais dos olhos e
ouvidos), para a integração supralocal
(administradas pelo estado fora do
alcance das capacidades naturais)
A virtualização da identidade é uma versão
ciberespacial do Panóptico. (SINÓPTICO)
Somos constantemente vigiados
Com uma diferença: os vigiados, fornecendo os dados a
armazenar, são fatores primordiais da vigilância
Banco de Dados X Panóptico
O banco de dados é um instrumento de
seleção, separação e exclusão. Ele segura na
peneira os globais e deixa passar os locais
3. Depois da Nação-Estado, o quê?
Trata das perspectivas da
soberania política
Antes a nação e as cidades controlavam suas riquezas,
agora abre-se uma divisão entre Estado e economia.
A economia move-se mais rápido que o Estado
Com a velocidade, emancipa-se em relação ao espaço (localização)
Empresas Supranacionais - Multinacionais
As forças transnacionais são anônimas. Não forma um sistema ou ordem unificados.
São um aglomerado de sistemas manipulados por atores muitas vezes invisíveis
Definhamento das nações-estado. A nova "desordem mundial"
Especialmente após o fim dos grandes
blocos políticos (socialismo X capitalismo)
O mundo era dividido em dois. Sua
totalidade era composta pelas duas partes
Com o fim dos blocos políticos o mundo não parece mais
uma totalidade, e sim, um campo de forças dispersas.
Ninguém parece estar no controle
O Estado estabelecia as normas e regras que ditavam os rumos dos negócios e da nação
I) Universalizando ou sendo globalizado?
A globalização não diz respeito ao que todos nós esperamos fazer ou desejamos; diz respeito ao que está acontecendo com todos nós.
Antes o Estado era soberano e normatizador. As políticas globais
preocupavam-se com as poucas questões supraestatais
Base no TRIPÉ
Soberania Militar
Soberania Econômica
Soberania Cultural
Agora o Estado perde cada vez mais sua soberania em prol de formações supraestatais.
II) A Nova Expropriação: Desta vez do Estado
Foi retirada do Estado a função de manter um equilíbrio dinâmico entre consumo e produtividade
Limites de importação e exportação
Difícil manter a distinção até de "interior e exterior" do Estado (fora do sentido geográfico).
O tripé da soberania foi abalado nos 3 pés
A perna econômica foi a mais afetada
Estados fracos podem ser facilmente reduzidos ao papel de distritos policiais locais que garantem
um nível médio de ordem necessária para a realização de negócios pelas empresas globais
O padrão dominante pode ser descrito como "afrouxamento" dos freios.
É cada vez mais difícil reunir questões sociais numa efetiva ação coletiva
III)A Hierarquia Global da Modernidade
Estratégia de dominação: Deixar a máxima liberdade de manobra ao dominante e
impor as restrições mais estritas possíveis de decisão ao dominado
Presenciamos hoje um processo de reestratificação mundial, com uma
nova hierarquia sociocultural em escala planetária
A globalização é muito benéfica para poucos e marginaliza 2/3 da população mundial
A globalização deu mais oportunidades
aos ricos de ganhar dinheiro mais rápído.
Em virtude da capacidade de mobilidade.
Isto é camuflado de 3 maneiras:
A pobreza é culta da falta de iniciativa do pobre. Maiores locais de
fome são também os de maiores oportunidades (Tigres asiáticos)
Reduzir a probreza apenas a FOME.
Ignorar condições de
moradia, analfabetismo, etc.
Associar a habitantes locais distantes as cenas de barbárie, guerras e fome.
Negação da possibilidade de migração dos famintos para
onde há comida. Fatos acontecidos atualmente na EUROPA.
4. Turistas e Vagabundos
Avalia as consequências
culturais das
transformações
anteriormente citadas
Cultura do consumismo.
Objetos de desejo que logo são substituídos por outros
I) Ser Consumidor numa Sociedade do Consumo
Sociedade Moderna (Produtores) X Sociedade Pós-Moderna (Consumidores)
O cidadão tem o dever de assumir o papel de consumidor, na atual sociedade
Questionamento da Sociedade Moderna: Se trabalha para viver ou se vive para trabalhar???
Questionamento da sociedade pós-moderna: Se consome para viver ou se vive para consumir?
Nada deve exigir um compromisso por um consumidor: "até que a morte nos separe"
Presentismo: Satisfação imediata sem a necessidade de aprendizado
Consumidores devem ser impacientes, impetuosos, indóceis e facilmente instigáveis
A cultura da sociedade do consumo envolve o ESQUECIMENTO, não o aprendizado
Consumidores são, acima de tudo, acumuladores de sensações.
O desejo não deseja a
satisfação. O desejo
deseja o desejo.
Consumidor está sempre em movimento. Viajar é melhor do que chegar.
II) Movemo-nos Divididos
Todo mundo pode desejar ser um consumidor, mas nem todos têm o recurso para sê-lo.
O que determina a estratificação na sociedade do consumo é o grau de mobilidade do consumidor
Ex.: Recursos para sair do subúrbio e mudar-se para o centro.
Primeira Classe: a mobilidade oferece o global (real ou virtual).
Segunda Classe: restrita a um cenário cada vez mais local
III) Movendo-se no mundo
'X', o Mundo que se Move
Primeira Classe - TURISTAS: movem-se em busca de
oportunidades, seja a trabalho ou por lazer (mobilidade)
Segunda Classe - VAGABUNDOS: movem-se por serem empurrados,
rejeitados. Movem-se por não ter outra opção suportável
Sinal verde para os turistas, sinal vermelho para os vagabundos
IV) Unidos para o Melhor ou para o Pior
Tanto turistas quanto vagabundo são consumidores
Mas o vagabundo é um consumidor frustrado.
Indesejado pela atual
sociedade
Para a sociedade atual, nada pior do que a sensação de se estar satisfeito com o que tem
A instabilidade do cenário pode fazer o turista virar vagabundo e vice-versa de uma hora para outra.
O turista deseja um mundo sem vagabundo. Mas o prazer do turista
está na negação do vagabundo e, portanto, na sua existência
O mundo dos viajantes precisa de Turistas e Vagabundo para existir.
5. Lei Global, Ordens Locais
Explora as expressões
extremas da polarização
Global X Local.
I) Fábricas de Imobilidade
As Casas Panópticas (prisões) eram fábricas de trabalho disciplinado.
Buscavam produzir homens saudáveis, moderados no comer, acostumados ao trabalho, com
vontade de ter um bom emprego, capazes do próprio sustento e tementes a Deus
Desde do início foi e continua sendo altamente discutível se as casas de
correção conseguiram reabilitar os internos ao convívio social
Busca da classe neoliberal pela extinção de direitos trabalhistas
A marca do excluído na era da compreensão espaço-temporal é a imobilidade
A prisão de Pelican Bay (Califórnia) é um laboratório da sociedade
globalizada no qual são testadas as técnicas de confinamento espacial
do refugo da globalização e explorados seus limites
II) Prisões na idade da
pós-correção
As prisões são logicamente falhas e empiricamente sem sustentabilidade
Há amplos setores da população visados como uma ameaça à ordem social e sua expulsão
forçada através da prisão é tida como um meio eficiente de neutralizar a ameaça.
Nos EUA 2% da população está na prisão
Crescimento em praticamente todos os países
Crescimento universal, causas universais
causa: preocupação com a lei e a ordem
Não estaria o autor
influenciado por sua
realidade local?
III) Segurança: Meio Papável, fim ilusório
Combater o crime traz mais mídia que combater sua causa.
A atenção localizada sobre um "ambiente seguro" é exatamente
o que as "forças do mercado" querem dos governos
Governos assumem o papel de pouco mais do que
distritos policiais superdimensionados
Segurança representa confiança para
os investidores
A mobilidade é fator primordial para a
sociedade do consumo
As pessoas que cresceram numa cultura de alarmes contra
ladrões tendem a ser entusiastas das sentenças de prisão
IV) O Fora de Ordem
O sistema penal ataca a base e não o topo da sociedade
Os crimes de colarinho branco são difíceis de detectar
As ordens são locais e a nova elite é
global, portanto,fora da ordem
A mobilidade
permite a fuga.
Nâo quer dizer que não existam verdadeiros criminosos; significa que
a rejeição/exclusão praticadas através do sistema penal é parte
integrante da produção social do crime e que sua influência não pode
ser claramente separada das estatísticas gerais de incidência criminal