É chamado de trovadorismo o primeiro movimento artístico que se
deu na poesia europeia, sobretudo a partir dos séculos XI e XII.
Composto por cantigas líricas e satíricas, escritas pelos trovadores,
que dão nome ao movimento, era um híbrido entre a linguagem
poética e a música.
No trovadorismo, música
e a poesia eram
extremamente ligadas.
Os poemas e os versos que eram
recitados estavam sempre seguidos de
música e instrumentos musicais (viola,
lira, flauta e harpa)
As obras do trovadorismo são chamadas cantigas,
pois eram escritas para serem declamadas (não
havia cultura do livro na Idade Média, a
população era em grande parte analfabeta e
ainda não havia sido inventado o livro impresso)
O compositor (de origem) era chamado de trovador, o
músico era chamado de menestrel. Chamava-se segrel o
trovador profissional, cavaleiro que ia de corte em corte
divulgando suas cantigas em troca de dinheiro. Havia
ainda o jogral, cantor de origem popular que
interpretava cantigas de outrem e compunha as suas
próprias. As baladeiras ou soldadeiras eram as
dançarinas e cantoras que também os acompanhavam
nas apresentações e dramatizações das cantigas
O trovadorismo foi um movimento itinerante, isto é, os grupos de
trovadores e menestréis viajavam pelas cortes, burgos e feudos,
divulgando em suas composições acontecimentos políticos e propagando
ideias, como a do comportamento amoroso esperado de um cavaleiro
apaixonado.
Já o trovadorismo satírico
tem como característica o
humor ácido e debochado. Ele
fazia críticas a sociedade
feudal da época. As cantigas
satíricas eram divididas em
cantigas de escárnio e
cantigas de maldizer.
Ambas as cantigas faziam sátiras ou
deboche, porém existia uma diferença em
relação como a sátira era feita. A cantiga de
escárnio tinha um tom mais leve e a cantiga
de maldizer era direta e ácida.
No trovadorismo lírico existiam
as cantigas de amor e de amigo,
que falavam das sensações e os
sentimentos que existia nas
relações. As produções do
trovadorismo geralmente eram
voltadas para temas que
envolvessem amor e sofrimento
amoroso.
O amor é um dos temas centrais do
trovadorismo. É o eixo condutor das
cantigas de amor e das cantigas de
amigo. É comum o tema da coita
(coyta), palavra que designa a dor do
amor, do trovador apaixonado que
sente no corpo a não realização
amorosa. Daí a origem da palavra
“coitado”: aquele que foi desgraçado,
vítima de dor ou mazela.
Considerado o primeiro movimento
literário europeu, ele reuniu registros
escritos da primeira época da literatura
medieval entre os séculos XI e XIV.
Esse movimento, que ocorreu somente
na Europa, teve como principal
característica a aproximação da
música e da poesia.
Nessa época, as poesias eram feitas
para serem cantadas ao som de
instrumentos musicais. Geralmente,
eram acompanhadas por flauta,
viola, alaúde, e daí o nome “cantigas”.
Todos os manuscritos das cantigas
trovadorescas encontradas estão
reunidas em documentos chamados de
“cancioneiros”.
Em Portugal, esse movimento teve como
marco inicial a Cantiga da Ribeirinha (ou
Cantiga de Guarvaia), escrita pelo trovador
Paio Soares da Taveirós, em 1189 ou 1198,
pois não se sabe ao certo o ano em que ela
foi produzida.
Escrita em galego-português
(língua que se falava na época), a
Cantiga da Ribeirinha (ou Cantiga
de Guarvaia) é o registro mais
antigo que se tem da produção
literária desse momento nas terras
portuguesas.
Embora o trovadorismo tenha surgido
na região da Provença (sul da França),
ele se espalhou por outros países da
Europa, pois os trovadores provençais
eram considerados os melhores da
época, e seu estilo foi imitado em toda a
parte.
O trovadorismo teve seu declínio no
século XIV, quando começou outro
movimento da segunda época medieval
portuguesa: o humanismo.
Houve grande número de autores das cantigas
galego-portuguesas, parte deles de origem
desconhecida, anônima. Sabe-se, contudo, que a
arte trovadoresca é, em sua grande maioria, de
autoria dos grandes senhores medievais ibéricos.
Além dos trovadores, havia também os jograis,
autores que provinham das classes populares, que
não apenas interpretavam as cantigas mas também
as compunham.
Dos autores mais conhecidos, destacam-se João
Soares de Paiva, autor mais antigo presente nos
manuscritos, João Zorro, Martin Codax, Paio
Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade,
Vasco Martins de Resende e os reis D. Dinis I e
Afonso X.
As obras do trovadorismo constituem de pergaminhos e
manuscritos. O que chegou até nossos dias está compilado
nos Cancioneiros. São mais conhecidos os pergaminhos
Vindel e Sharrer, por possuírem notação musical. Com
base neles, foram feitas gravações contemporâneas de
algumas cantigas, como “Ondas do mar de Vigo”, do jogral
Martin Codax, permitindo que possamos ouvir as cantigas
conforme foram idealizadas por seus autores.
Mesura1 seria, senhor2, de vos amercear3 de mi, que vós
em grave4 dia vi, e em mui grave voss’amor, tam grave
que nom hei poder d’aquesta coita mais sofrer de que
muit’há fui sofredor. Pero sabe Nostro Senhor que nunca
vo-l’eu mereci, mais sabe bem que vós servi, des que vos
vi, sempr’o melhor que nunca pudi fazer; por em
querede-vos doer de mim, coitado pecador. [...] (D. Dinis,
em Cantigas de D. Dinis, B 521b, V 124)
Quando ligamos o rádio ou escutamos uma playlist no Spotify é comum que as músicas
mais tocadas sejam sobre o amor. Pode ser sobre a saudade, sobre um amor não
correspondido ou sobre um romance. O interesse por esse estilo musical é antigo e tem
origem na Idade Média.
Cantigas de Maldizer: sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões
verbais. Há casos em que o nome de uma pessoa poderia aparecer
explicitamente. Exemplo: a música do cantou Latino, "Renata". Cantigas
de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As
sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando o duplos sentidos.
Exemplo: a música da dupla Maiara e Maraisa, "Quem ensinou fui eu".
Cantigas de Amor: o foco da cantiga é nas qualidades da mulher amada,
onde o trovador se coloca em uma posição inferior (de vassalo) a ela. O
tema mais comum é o amor não correspondido. Exemplo: a música da
dupla sertaneja Henrique e Juliano, "O céu explica tudo". Cantigas de
Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico (voz que expressa a
subjetividade do poeta) é um homem, nas cantigas de amigo é uma
mulher, embora os escritores sejam homens. A palavra amigo nestas
cantigas tem o significado de namorado e o tema principal é a
lamentação da mulher pela falt