Centros da organização da sociedade e da economia.
Escala Local
Escala Regional
Escala Nacional
Pólis vem o conceito de política, enquanto do latim civis e civitas vêm cidadão, cidadania cidade, e mesmo civilização.
Sentido Urbano: de urbanum (arado) vem o sentido de povoação, a forma física da ocupação do espaço de vida delimitado pelo sulco do arado dos bois sagrados que marcava o
território da produção e de vida dos romanos; da sua simplificação semântica originaram-se urbe e urbs, este último termo referindo-se a Roma, cidade-império, centro do mundo e,
assim, desaparecido até as grandes cidades da era moderna
Cidade e campo, elementos socioespaciais opostos e complementares, constituem a centralidade e a periferia do poder na organização social.
A cidade, na visão histórica dominante na economia política, constitui o resultado do aprofundamento da divisão socioespacial do trabalho em uma comunidade.
Paul Singer (1973), a cidade é o modo de organização (sócio)espacial que permite à classe dominante maximizar a extração regular de um mais-produto do campo e
transformá-lo em garantia alimentar para a sua sustentação e para a de um exército que garanta a regularidade dessa dominação e extração.
Henri Lefebvre (1969; 1999) denominou “cidade política”, ou seja, a cidade que mantém seu domínio sobre o campo (com a conseqüente extração do mais-produto, ou excedente) a partir do controle apenas político. Nesse contexto, a
produção é centrada no campo, e a cidade, espaço não-produtivo privilegiado dos poderes político e ideológico, retira do excedente produzido no campo as condições de reprodução da classe dominante e de seus servidores diretos,
militares e civis, que a habitam.
Continuum da cidade política à “zona crítica” (o urbano)
Cidade mercantil: lugar central para onde os excedentes regionais eram voluntariamente trazidos e comercializados, resulta da entrada da burguesia na cidade e de sua eventual conquista. lugar central de inovação e provimento dos
bens e serviços para produção no campo e, também, espaço privilegiado da vida em comunidade, onde a divisão do trabalho aprofunda-se por meio das especialidades e complementaridades que ali se desenvolvem.
Cidade industrial
A CIDADE INDUSTRIAL, A RELAÇÃO ENTRE CIDADE E CAMPO E O SURGIMENTO DO URBANO
Cidade Industrial
Foi marcada pela entrada da produção no seio do espaço do poder, trazendo com ela a classe trabalhadora, o proletariado,
controlar e comercializar a produção do campo, transformá-la e a ela agregar valor em formas e quantidades jamais vistas
anteriormente.
Lefebvre (1999) subordinação total do campo à cidade. A cidade se transforma, também, em produto industrial, segundo as mesmas leis
econômicas que regem a produção.
Industria: A indústria impõe à cidade sua lógica centrada na produção, e o espaço da cidade, organizado como lócus privilegiado do excedente econômico, do poder político e da festa cultural,
legitimado como obra e regido pelo valor de uso coletivo, passa a ser privatizado e subordinado ao valor de troca.
Reprodução coletiva da força de trabalho, sintetizada pela habitação e por demandas complementares.
Areas perifericas, regiões urbanizadas, Áreas Metropolitanas, Regiões Metropolitanas
Lefebvre (1999): Duplo processo
A implosão se dá na cidadela sobre si mesma, sobre a centralidade do excedente/poder/festa que se adensa e reativa os símbolos da cidade ameaçada pela lógica (capitalista) industrial.
Explosão incide sobre o espaço: circundante, com a extensão do tecido urbano, forma e processo socioespacial que carrega consigo as condições de produção antes restritas às cidades,
estendendo-as ao espaço regional imediato e, eventualmente, ao campo longínquo, conforme as demandas da produção (e reprodução coletiva) assim o exijam.
A URBANIZAÇÃO CONTEMPORÂNEA: seu caráter extensivo e outras implicações
URBANO:
é uma síntese da antiga dicotomia cidade–campo, um terceiro elemento na oposição dialética cidade–campo, a manifestação material e socioespacial da sociedade
urbano-industrial contemporânea, estendida, virtualmente, por todo o espaço social.
Lefebvre (1999) usa a expressão “sociedade urbana” como síntese dialética (e virtual) da dicotomia cidade–campo, superada na etapa contemporânea do
capitalismo que ele alcunha “sociedade burocrática de consumo dirigido” (LEFEBVRE, 1991).
LEFEBVRE, 1999, p.17): O tecido urbano prolifera, estende-se, corrói os resíduos de vida agrária. Estas palavras, “o tecido urbano”, não designam, de maneira restrita, o domínio edificado nas cidades, mas o conjunto das manifestações do predomínio da cidade sobre o campo. Nessa acepção,
uma segunda residência, uma rodovia, um supermercado em pleno campo, fazem parte do tecido urbano.
Práxis urbana: a cidade industrial que transbordou sobre as regiões circundantes deu origem a uma nova forma de urbanização que, ao mesmo tempo, estendeu e integrou também a práxis sociopolítica e espacial própria do espaço urbano-industrial. À medida que o tecido urbano se estendeu sobre o
território, levou com ele os germes da pólis, da civitas, da práxis política urbana que era própria e restrita ao espaço da cidade.
Urbanização extensiva: materialização sociotemporal dos processos de produção e reprodução resultantes do confronto do industrial com o urbano, acrescida das questões
sociopolíticas e cultural intrínsecas à pólis e à civitas, que têm sido estendidas para além das aglomerações urbanas ao espaço social como um todo.
A URBANIZAÇÃO EXTENSIVA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
A cidade industrial
a transformação da cidade política, tradicional sede do aparelho burocrático de Estado e espaço de comando das oligarquias rurais ligadas à economia agroexportadora, em
cidade mercantil, marcada pela presença do capital exportador e/ou da concentração de comércio e serviços centrais de apoio às atividades produtivas rurais em centro de
produção industrial;
A criação e/ou captura de pequenas cidades como espaços de produção monoindustrial por grandes indústrias.
a cidade industrial era peça central da dinâmica capitalista, articulando-se com cidades comerciais e centros urbanos que canalizavam a produção para sua área de influência e
controle.
Tecido urbano, no Brasil,
teve sua origem na política territorial ao mesmo tempo concentradora e integradora dos governos militares, em seqüência à centralização e expansionismo do
período Vargas e às ações de interiorização do desenvolvimento do período juscelinista.
URBANO SE EXPANDE
ao território nacional, integrando os diversos espaços regionais à centralidade urbano-industrial que emanava de São Paulo, desdobrando-se na rede de metrópoles
regionais, cidades médias, núcleos urbanos afetados por grandes projetos industriais, atingindo, finalmente, as pequenas cidades nas diversas regiões, em particular
onde o processo de modernização ganhou uma dinâmica mais intensa e extensa.
URBANIZAÇÃO EXTENSIVA
Urbanização que ocorreu para além das cidades e áreas urbanizadas, e que carregou com ela as condições urbano-industriais de produção (e reprodução) como
também a práxis urbana e o sentido de modernidade e cidadania,
Caminha, assim, ao longo dos eixos viários e redes de comunicação e de serviços em regiões “novas”, como a Amazônia e o Centro-Oeste, mas também em regiões “velhas”,
como o Nordeste, em espaços residuais das regiões mais desenvolvidas, nas “ilhas de ruralidade” no interior mineiro ou paulista