O reconhecimento materno da gestação pode ser
definido como o período em que o concepto sinaliza
sua presença para a mãe (ANTONIAZZI et al., 2011).
BOVINA
Em ruminantes, este período
requer o alongamento do embrião,
que coincide com a máxima
produção de interferon-tau (IFNT)
O IFNT é um produto secretado em grandes
quantidades pelas células do trofoblasto do
concepto (embrião e anexos embrionários) de
ruminantes antes da implantação (FARIN et al.,
1989; GUILLOMOT et al., 1990; GRAY et al., 2002)
Sua principal função é evitar o retorno à
ciclicidade, preservando o funcionamento do
corpo lúteo (CL) durante a gestação (para
revisão ROBERTS et al., 2008)
O IFNT produzido pelo concepto age de maneira parácrina no
útero, inibindo a expressão dos receptores de estrógeno (ESR1) e
de ocitocina (OXTR) no epitélio luminal do endométrio, evitando
assim, a liberação de pulsos luteolíticos de prostaglandina F2 alfa
(PGF2 ; SPENCER & BAZER, 1996), hormônio responsável pelo
início da luteólise (MCCRACKEN et al., 1970)
ÉGUA
Nas águas o reconhecimento materno
da gestação ocorre entre os dias 14 e
16 após ovulação (SHARP et al., 1984)
McDowell el at. (1988) restringiram a movimentação
embrionária, em éguas, pela ligadura cirúrgica do corno
uterino no qual localizava-se a vesícula embrionária e
observaram que o impedimento do contato direto entre
embrião e a porção remanescente do lúmen uterino
resulta numa completa ou parcial luteólise. Parece, então,
que a presença de um embrião móvel no lúmen uterino
durante a fase crítica da gestação inicial é importante para
evitar o processo de luteólise que ocorreria naturalmente.
Particularmente nos equinos, quando o embrião se
mover continuamente ao longo do corno uterino, há a
supressão da liberação cíclica normal da
prostaglandina F2α pelo endométrio, que resulta na
manutenção funcional do corpo lúteo (SPENCER et al.,
2007; FAZLEABAS; KIM; STRAKOVA, 2004).
SUÍNA
O reconhecimento materno propriamente dito ocorre
entre os dias 11 e 12 de gestação, quando o
blastocisto, com aproximadamente 10 mm de
diâmetro e apresentando uma forma ovoide, continua
a dividirse pelo processo de hiperplasia, expande-se,
de forma variada entre os embriões, dando origem a
uma estrutura tubular de até 100 mm de
comprimento (GEISERT et al., 1982; STROBAND; VAN
DER LEND, 1990)
Nesse período, há um aumento na síntese de
estrógeno pelo blastocisto e a quantidade de
estrógeno vai variar de acordo com o estágio de
desenvolvimento e com o número de embriões
presentes em ambos os cornos uterinos; já que são
necessários pelo menos quatro embriões para que
haja o sinal de reconhecimento da gestação e a
gestação prossiga (DHINDSA; DZIUK, 1968).
Nos suínos, como em outras espécies, o
blastocisto produz substâncias que retardam a
regressão luteal quando entram no útero.
Entretanto, os estrogênios produzidos pelos
conceptos suínos reconhecidos como
luteotróficos para a espécie são luteolíticos
para outras, como ocorre, por exemplo, na
ovelha (FLINT et al., 1983).