Andriola, W. B., & Araújo, A. C. (2021).
Adaptação de alunos ao ambiente
universitário. Ensaio, 29(110), 135–159.
Objetivos
comparar a adaptação ao ambiente
universitário entre estudantes de cursos
noturnos e diurnos; entre os que exercem
atividades laborais e aqueles que não a
exercem; entre cotistas e não cotistas;
entre os gêneros masculino e feminino.
Ademais, objetivou-se determinar a validade
fatorial e a consistência interna do QVA-R.
Instrumentos
QVA-r
Pessoal e emocional: faz referência às percepções
individuais de bem-estar pessoal (físico e psicológico),
autoconfiança, otimismo, equilíbrio emocional;
• Institucional: faz menção à percepção individual e a
sentimentos em relação à qualidade do curso e da IES;
da qualidade das estruturas de apoio à formação
universitária; do interesse de prosseguir a formação
naquele curso e concluí-la de forma exitosa;
• Interpessoal: refere-se às percepções acerca das relações
com pares e professores; dos vínculos pessoais (amizades)
estabelecidos no âmbito do curso e da IES; do envolvimento em
atividades extracurriculares (reuniões científicas, congressos,
simpósios, encontros universitários etc.); da capacidade para
buscar ajuda;
• Curso ou carreira profissional: diz respeito às percepções sobre
a adaptação ao curso; as repercussões no tocante à qualidade
do aprendizado individual; as perspectivas de exercício
profissional; a satisfação com a formação e com o curso e
• Estudo: direciona-se às percepções das competências individuais;
dos hábitos e das rotinas de estudo; do planejamento e da gestão de
tempo; do uso de setores (por exemplo, biblioteca) e de recursos
universitários (por exemplo, tecnologia da informação e da
comunicação) para adensar o aprendizado; da preparação para
exames, para estágios e para concursos.
Resultados
quanto ao turno
de estudo
O Teste ANOVA detectou diferenças
significativas entre alunos dos cursos
diurnos = 10,9; e noturnos, no que se refere
às Dimensão Pessoal e Emocional (F[1, 831] p
< 0,001) e à Dimensão Institucional (F[1, 829]
= 12,7; p < 0,001). Nas demais dimensões, as
diferenças não foram significativas (p > 0,01).
A pontuação média dos alunos dos
cursos diurnos na Dimensão Pessoal
e Emocional obteve valor 36,7 (dp =
8,1), enquanto a pontuação média dos
alunos dos cursos noturnos resultou
em 34,3 (dp = 8,7).
A maior pontuação dos alunos dos cursos
diurnos indica que estes têm percepções
individuais negativas de bem-estar pessoal,
social e emocional, especialmente no
tocante aos aspectos físico e emocional.
Esses aparentam estar mais estressados
(física e emocionalmente) do que seus
colegas dos cursos noturnos. Resultados
No que se refere à pontuação média dos
alunos na Dimensão Institucional, os
aprendizes dos cursos diurnos
obtiveram 23,9 (dp = 3,5), enquanto os
alunos dos cursos noturnos obtiveram
25,0 (dp = 3,5).
A maior pontuação dos alunos dos
cursos noturnos indica percepção mais
positiva em relação à qualidade do
curso e da IES, à qualidade das
estruturas de apoio à formação e ao
interesse em prosseguir no curso
para concluí-lo de com êxito.
quanto ao
status laboral
A maioria dos alunos não exerce
atividade laboral (n = 603 ou 72,4%).
Porém, enquanto a maioria dos
alunos de cursos diurnos não
trabalha (n = 542 ou 80,8%), a maioria
dos cursos noturnos o faz (n = 101
ou 62,3%).
O Teste ANOVA detectou diferenças
significativas entre alunos que trabalham e
que não trabalham, no que se refere à
Dimensão Pessoal e Emocional (F[1, 831] =
7,0; p < 0,01) e à Dimensão Institucional (F[1,
829] = 24,1; p < 0,001). Nas demais
dimensões as diferenças não foram
significativas (p > 0,01).
A pontuação média na Dimensão Pessoal
e Emocional dentre os que trabalham foi
35,0 (dp = 8,9), enquanto a pontuação
média dos alunos que não trabalham
resultou em 36,7 (dp = 8,0).
A maior pontuação dos alunos que não trabalham revela que
esses têm percepções individuais negativas de bem-estar
pessoal, social e emocional, em especial, no tocante aos
aspectos físico e psicológico. Esses alunos aparentam estar
mais estressados (física e emocionalmente) do que os seus
colegas que trabalham.
No que se refere à pontuação
média na Dimensão Institucional, os
aprendizes que trabalham obtiveram
25,1 (dp = 3,5), enquanto os que não
trabalham, 23,7 (dp = 3,5).
A maior pontuação dos que trabalham indica
percepção individual mais positiva em relação
à qualidade do curso, da IES, das estruturas
de apoio à formação e ao interesse em
concluir os estudos universitários. Estes
cotistas e náo
cotistas
Detectaram-se diferenças significativas entre
cotistas e não cotistas, no que se refere à
Dimensão Institucional (F[1, 831] = 4,9; p <
0,05), porém, nas demais dimensões não
foram significativas (p > 0,01). Nesta
Dimensão específica, os cotistas obtiveram
valor médio 24,4 (dp = 3,5), enquanto os não
cotistas, 23,8 (dp = 3,6). A
A maior pontuação dos cotistas indica percepção
individual mais positiva em relação à qualidade do
curso, da IES, das estruturas de apoio à formação
universitária e ao interesse em concluí-la de forma
exitosa.
entre os gêneros
masculino e feminino.
Detectaram-se diferenças significativas entre os
gêneros masculino e feminino, em relação à
Dimensão Pessoal e Emocional (F[1, 831] = 18,1; p <
0,001) e em relação à Dimensão Estudo (F[1, 831] =
12,6; p < 0,001). Nas demais dimensões, as diferenças
não foram significativas (p > 0,01). Na
Na Dimensão Pessoal e Emocional, os
alunos do gênero masculino obtiveram valor
médio 35,0 (dp = 8,5), enquanto os do gênero
feminino obtiveram 37,4 (dp = 7,9).
A maior pontuação do gênero feminino indica
percepção individual negativa em relação à
qualidade do curso e da IES, à qualidade das
estruturas de apoio à formação universitária e
ao interesse em prosseguir a formação no curso
para concluí-lo de forma exitosa.
No que tange à Dimensão Estudo, os
homens obtiveram valor médio 22,6 (dp
= 4,7), enquanto as mulheres, 23,7 (dp =
4,3). A
A maior pontuação das mulheres
indicou percepção mais positiva acerca
das competências individuais; dos
hábitos de estudo; da gestão de tempo
acadêmico; do uso de setores
universitários e de recursos com o fito
de aquilatar o aprendizado.
Considerações
Finais
pode-se citar a percepção positiva dos alunos
de cursos noturnos sobre a qualidade do curso
e da IES, bem como sobre o interesse em
prosseguir a formação até a conclusão. Esse
padrão também foi observado entre os alunos
que exercem funções laborais.
No que se refere aos universitários oriundos de
políticas afirmativas, tais como a Lei de Cotas,
detectou-se a elevada satisfação dos alunos
cotistas com a sua formação acadêmica, sempre
que se percebem integrados ao curso e
amparados pela IES.
no que tange às alunas universitárias, estas lidam com uma
formação eivada de obstáculos e de preconceitos, que podem vir
a perpetuar desigualdades de gênero, ensejando, portanto,
políticas institucionais de apoio psicológico, pedagógico e
acadêmico a este segmento discente. Ainda assim, diante de
tantas dificuldades, a pesquisa demonstrou que as mulheres
revelam maior compromisso com a formação, com o curso, com
o estudo e com o desempenho acadêmico.
Minhas citações
indiretas
Andriola e Araújo (2021) observaram que
estudantes de cursos noturnos, bem como
estudantes que exercem atividades laborais
apresentam percepção mais positivas em
relação à qualidade do curso e da instituição, em
relação à qualidade das estruturas de apoio à
formação e em relação ao interesse em
prosseguir a formação até a conclusão.