No Brasil, o processo acelerado de urbanização ocorreu no período de industrialização do
pós-Segunda Guerra, com a formação de um mercado interno integrado, principalmente na Região Sudeste do
país.
Entre 1965 e 2000, o crescimento da população urbana ultrapassou o crescimento médio da
população total e o crescimento da população rural ficou muito aquém. De acordo com a Pnad ,
realizada pelolBGE, o nível de urbanização no Brasil em 2007 era de 83,5%.
Nos países da OCDE a densidade demográfica superior a 150 hab./km² é um parâmetro para que uma localidade
seja considerada urbana. Mas na parte dos países desenvolvidos, uma cidade só é definida como tal se possuir
determinadas infraestruturas e equipamentos coletivos e funcionar como um polo de distribuição de bens e
serviços. No Brasil , é considerada urbana toda a população residente nas sedes do município ou de distrito e
nas demais áreas definidas como urbanas pelas legislações municipais. Por isso, alguns estudiosos acreditam
que o Brasil apresenta nível de urbanização
O êxodo rural
A urbanização brasileira apoiou-se no êxodo rural, associado a dois
condicionantes: a repulsão da força de trabalho do campo e a atração
dessa força de trabalho para as cidades.
A modernização técnica do trabalho rural e a persistência de uma estrutura
fundiária concentradora são algumas das causas da repulsão. O monopólio das
terras por uma elite causou carência de terras para a maioria dos
trabalhadores rurais.
Os migrantes dirigem-se às cidades em busca de empregos e salários. O mercado urbano
permitiu o surgimento do trabalho informal. Juntamente, as cidades dispõem de serviços
públicos de assistência social e hospitalar.
Para as populações expulsas do campo, a cidade é uma promessa de sobrevivência.
Urbanização e desigualdades regionais
O processo de urbanização se manifesta em todo o pais. Contudo, registram-se
fortes diferenças no ritmo da transferência da população do meio rural para o meio urbano. As
desigualdades no ritmo da urbanização causam as disparidades econômicas regionais e a inserção
diferenciada de cada região na economia nacional.
No Sudeste, a população urbana ultrapassou a rural em 1950. A
elevada participação da população urbana na população regional
expressa um estágio de modernização econômica, e o peso
decisivo da economia urbana na produção da riqueza.
A Região Sul teve urbanização lenta até 1970. A estrutura agrária, baseada na propriedade
familiar, dificultava a transferência da população para o meio urbano. Mas com a
mecanização da agricultura e a concentração da propriedade fundiária nas últimas décadas,
o êxodo rural foi impulsionado.
No-Nordeste, a estrutura agrária sobre minifúndios familiares contribuiu para
reter a força de trabalho no campo e controlar o ritmo do êxodo rural. O
insuficiente desenvolvimento do mercado regional reduziu a atração exercida
pelas cidades.
A urbanização do Centro-Oeste foi impulsionada pela fundação de Brasília, em 1960 e pelas rodovias de integração
nacional que interligaram a capital com o Sudeste e a Amazônia. As grandes propriedades voltadas para a pecuária
e por culturas mecanizadas de soja e cereais acentuou a tendência à urbanização. Desde 1960 Centro-Oeste
tornou-se a segunda região mais urbanizada do pais
A Região Norte transformou-se de mais urbanizada, na menos urbanizada em1980. A elevada
participação da população urbana, até 1960, refletia a reduzida população total da região. O fluxo de
migrantes e as frentes pioneiras agrícolas abertas na Amazônia restringiram o crescimento relativo da
população urbana regional
A rede urbana brasileira
O espaço geográfico abrange as redes formadas pelos sistemas de fluxos de pessoas, bens,
serviços, capitais e informações da sociedade contemporânea. Nas redes urbanas, as
cidades desempenham a função de nós, ou vértices, desses sistemas de fluxos.
De acordo com o estudo Regiões de Influência das cidades 2007, a rede urbana brasileira
compõe-se de 802 cidades que funcionam como centros de comandos do território,
classificadas de acordo com critérios como a gestão pública e empresarial, a oferta de
serviços especializados e a presença de domínios na internet. As categorias utilizadas são
as seguintes:
. Centros de zona: cidades de menor porte, com a
atuação restrita a sua área imediata.
. Centros sub-regionais: sediam atividades de
estão relativamente pouco complexas.
. Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos
do país. Destacam-se São Paulo, Rio de Janeiro e
Brasília.
. Capitais regionais: têm área de influência de âmbito
regional e são referidas como destino para um grande
número de atividades.
Os espaços metropolitanos
O processo de urbanização brasileiro foi essencialmente concentrador. Em 1950, o
Brasil tinha três cidades de grande porte: Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. Em
2000, 30 aglomerações urbanas já tinham mais de meio milhão de habitantes.
No Brasil, o caráter concentrador da urbanização foi um reflexo das condições em que ocorreu a
modernização econômica. Desde a década de 1930 e no pós-guerra, a industrialização baseou-se
em investimentos de capital, pelo Estado, pelas transnacionais ou por conglomerados privados
nacionais.
A natureza monopolista dos empreendimentos econômicos acarretou a concentração dos
recursos produtivos e a oferta de empregos. Um número de cidades tornou-se alvo dos
investimentos. Essas aglomerações evoluíram como polos de atração demográfica e grandes
mercados consumidores. A concentração econômica determinou a aglomeração espacial: o
resultado foi a metropolização, ou seja, a formação de uma metrópole.
Recentemente o crescimento vegetativo das grandes cidades diminuiu, o ritmo das migrações
inter-regionais reduziu-se sensivelmente, o padrão do êxodo rural modificou-se e o poder de atração das
cidades médias tornou-se maior que o das metrópoles.
As regiões metropolitanas
A conurbação impulsionou a metropolização. A expansão econômica das metrópoles produziu crescimento
demográfico do núcleo urbano central e dos núcleos situados no seu entorno. Em alguns casos, a
integração das manchas urbanizadas realizou-se fisicamente e as estradas que se ligavam foram
incorporadas como avenidas à circulação viária metropolitana. Em outros, as manchas urbanizadas
permanecem separadas por áreas rurais, mas ocorreu completa integração funcional.
Os processos de metropolização e conurbação geraram um descompasso entre os limites municipais e a mancha urbanizada.
Os primeiros definem o território administrado pelo poder público municipal. A segunda é a expressão geográfica da cidade
real. Os problemas de infraestrutura manifestam-se nitidamente nesses municípios conurbados.
A Lei Complementar nª 14, de 1973, reconheceu os
desafios gerados pelo processo de conurbação e criou a
noção de região metropolitana, A 5 regiões
metropolitanas são estruturas territoriais especiais que
configuram unidades de planejamento integrado do
desenvolvimento urbano.
A Constituição de 1988 delegou aos estados o poder de legislar sobre a criação de regiões metropolitanas. Por isso, diversas novas
regiões metropolitanas foram criadas em 1990. Seis são nucleadas por capitais estaduais: São Luís, Vitória, Natal, Florianópolis, Maceió
e Goiânia. Em Santa Catarina, foram estabelecidas o Vale do Itajaí, nucleada por Blumenau, e a do Norte/Nordeste, nucleada por
Joinville. No norte do Paraná, criaram-se mais duas, nucleadas por Londrina e Maringá. Em de São Paulo foram criadas as regiões
metropolitanas da Baixada Santista, em torno de Santos, e de Campinas.
A megalópole e a metrópole
expandida
São Paulo e Rio de Janeiro configuram o principal eixo econômico do país. A expansão das suas
regiões metropolitanas e das cidades localizadas sobre o eixo de circulação que as conecta está
conduzindo ao surgimento da primeira megalópole do país
São Paulo e Rio de Janeiro estão conectados por eixos rodoviários e ferroviários no Vale do Paraíba.
Nesse eixo, adensa-se o espaço urbanizado que está sob o comando das metrópoles.Na parte
paulista do Vale, destacam-se os centros industriais de São José dos Campos e Taubaté. Na parte
fluminense, há o polo siderúrgico de Volta Redonda.
A existência de barreiras físicas muito nítidas contribui para a concentração urbana ao longo
do Vale do Paraiba. A expansão das cidades do eixo acarreta processos locais de conurbação.
Os problemas de circulação da megalópole decorrem da intensidade dos fluxos gerados pela
concentração urbana e industrial. Esses problemas são agravados pela presença de polos de turismo
de praia. . O projeto de modernização ferroviária e a implantação de um trem-bala surgem como
alternativa para descongestionar o transporte de pessoas e mercadorias na megalópole.
No leste de São Paulo,a urbanização extensiva manifesta-se na configuração de outro sistema
de cidades de escala similar à da megalópole.Trata-se da metrópole expandida ou
macrometrópole, que ocupa a área centralizada de São Paulo e limitada pelos quatro centros
regionais circundantes.A metrópole expandida tem raio máximo de 100 km.