À medida que o século se aproxima do fim, as preocupações com o meio ambiente vão aumentando. É necessário que
compreendamos a importância não só deles, mas da mudança de nossos próprios valores e pensamentos.
O paradigma que agora está em retrocesso dominou a nossa cultura por vários anos,
modelando a sociedade ocidental conforme seus preceitos e influenciando significativamente o
restante do mundo. Esse paradigma consiste em vários pensamentos estudados separadamente, ao contrário do novo que desponta nos dias atuais.
O novo paradigma concebe o mundo como um todo integrado. Pode
também ser denominado como visão ecológica, se o termo "ecológica" for empregado no sentido
mais amplo e mais profundo do que o usual. A percepção ecológica profunda trata da
interdependência fundamental de todas as coisas e do fato de que, enquanto indivíduos e
sociedades, estamos todos encaixados nos processos da natureza, sendo dependentes.
Existe, ainda, o estudo da ecologia rasa e da ecologia profunda, separadamente. A ecologia rasa é centralizada
nos seres humanos e os vê como acima ou fora da natureza, como a fonte de todos os valores, atribuindo apenas
valor instrumental à natureza. A ecologia profunda não separa seres humanos ou qualquer outra coisa do meio
ambiente natural, mas sim reconhece o valor de todos os seres vivos e apresenta os seres humanos apenas como
um fio da "teia da vida". "A essência da ecologia profunda consiste em formular questões mais profundas", sendo
também essa a essência para uma mudança de paradigma.
Além da ecologia profunda, existem ainda duas importantes escolas filosóficas de
ecologia: a ecologia social e a ecologia feminista, ou "ecofeminismo". Estas,
por sua vez, não discutem entre si, mas sim procuram integrar seus
pensamentos e abordagens em uma só visão, tornando-a mais coerente.
Ainda no movimento da ecologia profunda, podemos encontrar um número considerável de pensadores que poderiam
convencer nossos líderes da importância do novo pensamento, porém a troca de paradigmas requer uma mudança
não só em nossa maneira de pensar, como também de nossos valores.
Toda a questão dos valores é fundamental para a ecologia profunda, sendo
sua característica central. Enquanto o velho paradigma está centralizado no
homem, a ecologia profunda aparece com seus valores centrados na natureza.
Quando essa percepção ecológica profunda é aplicada, surge então um novo sistema de
ética. Essa "ética ecológica profunda" é necessária nos dias de hoje especialmente
para a ciência, uma vez que a maior parte do que os cientistas fazem não atua no
sentido de promover e nem de preservar a vida, mas sim no sentido de destruí-la.
Em suma, a "evolução" atual dos paradigmas dá início a uma mudança não só para as áreas de conhecimento científico e
valores políticos, mas para a vida.