Mapa Mental criado por nossa equipe café Debate - componentes: Renata Pires(Coordenadora), Cláudio Araújo, Karina Silva, Thalys Illigner, Ana Rita e Dielson
“PORCIA – Jamais lamentei haver feito o bem e não me arrependerei hoje; [...]” (p.86)
Receptor
Apelativa / Conotativa
“BASSÂNIO – [...]; mas, se consentes em lançar outra flecha na direção em que lançaste a primeira,
como vigiarei o voo, não duvido que, ou voltarei a encontrar as duas, ou, quando menos, poderei
restituir-te a última aventurada, ficando pela primeira teu devedor reconhecido”. (p.22)
Mensagem
Poética
“PORCIA – A qualidade de clemência é que não seja forçada; cai como a doce chuva do céu sobre o
chão que está por debaixo dela; é duas vezes bendita; bendiz ao que concede e ao que a recebe. [...];
é um atributo do próprio Deus e o poder terrestre se aproxima tanto quanto possível do poder de
Deus, quanto à clemência a justiça. Portanto, judeu, embora a justiça seja teu ponto de apoio,
considera bem isto; nenhum de nós encontrará salvação com estrita justiça; rogamos para solicitar
clemência a este mesmo rogo, mediante o qual a solicitamos, a todos ensina que devemos
mostrar-nos clementes para nós mesmos. Tudo o que acabo de dizer é para mitigar a justiça de tua
causa; se persistires, este rígido Tribunal de Veneza, fiel à lei, nada mais tem a fazer do que
pronunciar a sentença contra este mercador.” (p.100,101)
Código
Metalinguística
“LANCELOTO – Virai à vossa mão direita na primeira esquina; mas, na última esquina de todas, tomai
à esquerda e, depois, na esquina que se segue a esta última não vireis nem à direita, nem à
esquerda, mas descei diretamente para a casa do judeu”. (p.40)
Referente
Referencial
“PÓRCIA – [...]. Está escrito nas leis de Veneza que, se ficar provado que um estrangeiro, através de
manobras diretas ou indiretas, atentar contra a vida de um cidadão, a pessoa ameaçada ficará com a
metade dos bens do culpado; a outra metade irá para a caixa privada do Estado, e a vida do ofensor
ficará entregue a mercê do doge que terá voz soberana. [...]” (p.107)
Canal
Fática
“SHYLOCK – Três mil ducados? Bem. BASSÂNIO – Sim, senhor, por três meses. SHYLOCK – Por três
meses? Bem. BASSÂNIO – Por cuja soma, segundo já vos disse, Antônio será fiador.” (p.29)
“Veneza uma rua [...]” (p.17) “SALARINO - [...] se corresse semelhantes riscos, a maior parte de minhas
emoções viajaria com minhas esperanças[...]” (p.17) “ANTONIO - [...] graças à minha fortuna, todas as
minhas cargas não estão confiadas a um só navio, nem as dirijo para um só ponto; nem o tal de
meus bens está à mercê dos contratempos do presente ano. Não são, pois, minhas especulações que
me fazem ficar triste.” (p.18)
Complicação
“ANTONIO – Sabes que toda minha fortuna está no mar e que não tenho dinheiro nem meios de
reunir imediatamente a soma que teria sido necessária. Assim, vai, investiga o alcance de meu
crédito em Veneza; estou disposto a esgotar até a última moeda para prover-te com os recursos que
te permitam ir a moeda para prover-te com os recursos que te permitam ir a Belmonte, residência
de bela Pórcia. Vai, procura, enquanto eu procurarei de meu lado encontrar o dinheiro, e não duvido
que encontre, seja por meu crédito, seja em consideração por minha pessoa.” (p.23)
Clímax
“PÓRCIA – Desnudai, portanto, vosso peito. SHYLOCK – Sim, o peito; é o que diz o contrato, não é
assim, nobre juiz? “O mais perto do coração”, tais são exatamente as palavras.” (p.103)
Desfecho
PORCIA – “[...]. Veio de Pádua, enviada por Belário. Ficareis sabendo por intermédio dela que Pórcia
era o Doutor; Nerissa, aqui presente, o ajudante. Lourenço poderá atestar-vos que parti ao mesmo
tempo que vós e que acabo de voltar. Entretanto, não entrei em casa. Antônio, sede bem-vindo.
Reservo para vós melhores notícias do que podíeis esperar. Abri, logo, esta carta. Aí encontrareis que
três ou quatro de vossos galeões acabam de chegar ao porto, ricamente carregados. Não sabereis
através de que estranho acidente esta carta caiu em minhas mãos.” (p.126,127)
Tempo
Cronológico
“LOURENÇO – Não passa das quatro horas. Temos ainda duas horas para nos preparar. […]” (p.
49)
Psicológico
“PÓRCIA – Lembro-me bem dele e recordo-me de que era digno de teus elogios.” (p.28)
Espaço
Físico
Uma rua em Veneza (p.17); Uma praça pública em Veneza (p.29); Um Jardim em Belmonte (p.88).
Templo (p.38); Notário (p.35)
Ambiente
“Uma sala em casa de Pórcia” (p.23); “Casa de Bassanio” (p.43) “Sala na casa de Shylock em Veneza”
(p.48); “Diante da casa de Shylock” (p.51); “Jessica, na janela” (p.55) “Uma corte de justiça” (p.93);
“Uma alameda conduzindo à casa de Pórcia” (p.115).
Narrador
Hetertodiegético (3ª pessoa)
“Entra Nerissa, vestida como ajudante de advogado.” (p.97)
(3) BIOGRAFIA DO AUTOR
William Shakespeare (1564-1616) nasceu em Stratford-upon-Avon, no condado de Warwick,
Inglaterra, no dia 23 de abril de 1564, onde iniciou seus estudos. William Shakespeare foi um
dramaturgo e poeta inglês. Autor de tragédias famosas como "Hamlet", "Otelo", "Macbeth" e
"Romeu e Julieta". É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. A obra de
Shakespeare abrange aproximadamente 40 peças, entre comédias românticas, tragédias e dramas
históricos, divididos em quatro fases que acompanham a evolução do autor. A primeira fase vai de
1590 a 1595. São desse período: "Henrique IV", Ricardo III "A Comédia dos Erros" e "Titus Andronicus"
e "A Megera Domada". "Os Dois Cavaleiros de Verona", "Penas de Amor Perdido", "Romeu e Julieta",
"Sonho de uma Noite de Verão" e "O Rei João". De 1596 a 1600, a segunda fase, escreve "O Mercador
de Veneza", "Júlio César", "As Alegres Comadres de Windsor", "Muito Barulho por Nada", "Henrique
V", "Como Quiseres" e "A Duodécima Noite". De 1601 a 1608,
Referências
FLORIDO, Janice, Coord. Coleção Obras-Primas, Grandes Autores. São Paulo. Nova Cultura, 2003.
https://www.ebiografia.com/willam_shakespeare/. Acesso em: 01 set. 2017.
https://www.pensador.com/autor/william_shakespeare/biografia/. Acesso 01 set. 2017.
(4) COESÃO TEXTUAL
Rerferencial
Situacional - Exófora
“Todos os comentadores admitem como as duas fontes principais de onde O mercador de Veneza,
em primeiro lugar, II Pecorone, de Ser Giovanni Fiorentino, coleção de contos publicada em 1558. [...]
A segunda fonte é a 66ª história da Gesta Romanorum, conjunto de contos e lendas latinas,
traduzidas para o inglês em 1577. É notável a influência do Jew of Malta, de Cristóvão Marlowe. Tudo
faz crer que esta comédia foi escrita em 1594, porém os estudiosos estão mais propensos a acreditar
que tenha sido escrita dois anos depois.”
Textual - Endófora
ANÁFORA;
“ANTONIO – [...] ignoro a razão de minha tristeza. Ela me obseda; dizeis que ela também vos obseda;
porém, como eu a apanhei, nela tropecei ou a encontrei de que matéria é feita, [...]” (p.17)
CATÁFORA;
“DOGE – [...] fostes chamado para responder a um inimigo de pedra, um miserável desumano,
incapaz de piedade, cujo coração seco não contém uma só gota de misericórdia.” (p.93)
(5) FIGURAS DE LINGUAGEM
FIGURAS DE SOM
ASSONÂNCIA
“GRACIANO – [...] Possa eu ter o fígado aquecido pelo vinho, de preferência a que mortificantes
suspiros esfriem meu coração! [...]” (p.20)
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO
POLISSÍNDETO
“SHYLOCK – [...] Nem dormir, nem roncar, nem rasgar tua libré! [...]” (p.51)
FIGURAS DE PENSAMENTO
IRÔNIA
“PORCIA – [...] Preferiria casar-me com uma caveira com um osso entre os dentes a escolher
qualquer um desses dois. [...]” (p.25)
FIGURAS DE PALAVRAS
SINESTESIA
“LANCELOTO – [...] nunca tive língua em minha cabeça. [...]” (p.45)
(6) ACORDO ORTOGRÁFICO
REGRAS COM DITONGO
No novo acordo ortográfico elimina-se o acento dos ditongos abertos “ei” e “oi”. Exemplo:
“LANCELOTO – [...] despreza a ideia de pôr os pés no mundo.” (p.39)
REGRAS COM HIATO
No novo acordo ortográfico se o “i” e o “u” não forem precedidos de ditongo, devem ser acentuados.
Exemplo:
No novo acordo ortográfico usa-se maiúsculo no início de frase, depois de ponto, em nomes próprios
e em expressões de tratamento. Exemplo:
“UM SECRETÁRIO – (lendo) Vossa Graça haverá de saber que no momento em que recebo vossa carta
estou muito doente; mas, no momento mesmo em que vosso mensageiro chegava, eu recebia a
amável visita de um jovem doutor de Roma, cujo nome é Balthasar. Falei-lhe da causa pendente
entre o judeu e o mercador Antonio.” (p.98,99)
REGRAS COM HÍFEM
No novo acordo ortográfico não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de
composição. Exemplo:
“SHYLOCK – [...]vós que expelistes vossa saliva sobre minha barba e que me expulsaste a pontapés,
[...]” (p.33)
REGRAS COM VOGAIS IGUAIS
No novo acordo ortográfico quando o prefixo terminar na mesma vogal com que se inicia o segundo
elemento emprega-se o hífen. Exemplo:
“LOURENÇO – Desce, porque deves servir-me de porta-archote.” (p.55)
REGRAS COM VOGAIS E CONSOANTES
No novo acordo ortográfico se o prefixo terminar por vogal e o segundo elemento começar por “r” e
“s” devemos dobrar as consoantes e suprimir o hífen. Exemplo:
“JESSICA – [...] e fugiu sobressaltada.” (p.115)
REGRAS COM VOGAIS DOBRADAS
No novo acordo ortográfico as palavras com as vogais dobradas perdem o acento circunflexo das
palavras paroxítonas terminadas em ee e oo Exemplo:
“BASSÂNIO – [...]. Deem-lhe uma libré mais brilhante do que aos camaradas; [...]” (p.45)
REGRAS COM TREMAS
No novo acordo ortográfico o trema desaparece da nossa língua, exceto nas palavras de origem
estrangeira. Exemplo:
“PORCIA – [...] tua palidez causa-me mais emoção do que a eloquência e eu te escolho! Que seja feliz
a consequência desta escolha!” (p.76)
(7) EIXOS TEMÁTICOS
Diversidade
[...] terminarei todas estas lutas, convertendo-me ao cristianismo e casando-me contigo.” (p.48)
Preconceito Racial
[...] e, que razão tem para fazer tudo isso? Sou um judeu. [...]” (p.69)
Preconceito Religioso
“ANTONIO – [...] Peço que sejam impostas, além disso, duas condições a esta graça: a primeira, que
se converta sem demora ao cristianismo; [...]” (p.108)
Preconceito contra a Mulher
[...] além disso, a loteria de meu destino tira-me o direito de uma preferência voluntária. (p.37)
Corrupção
[...] saberei imitar melhor a voz da idade flutuante entre a infância e a virilidade e mudar
vantajosamente nosso passo miúdo na maneira do andar viril;[...]” (p.87)
Eduacação
“Porcia – [...] O bom pregador é aquele que segue seus próprios preceitos; para mim seria mais fácil
ensinar a vinte pessoas o caminho do bem do que ser uma dessas vinte pessoas e obedecer a
minhas próprias recomendações. (p.24)
Ética e valores morais
“JESSICA – Vou fechar as portas, dourar-me com alguns ducados mais e daqui a pouco estarei
contigo. (Sai da janela).” (p.57)
Direitos Humanos
[...] vós me tirais a vida, quando me privais dos meios de viver.’’ (p.108)
Habitação e Saneamento
[...] depois, na esquina que se segue a esta última não vireis nem à direita, nem à esquerda, mas
descei diretamente para a casa do judeu.” (p.36)
Racismo
“SHYLOCK – Como se parece com um hipócrita publicano! Eu o odeio, porque é cristão, [...]. Ele odeia
nossa santa nação [...].” (p.31)
(8) INTERTEXTUALIDADE
(O Mercador de Veneza e O Auto da Compadecida)
Em ambas as obras, há um personagem que assume uma dívida prometendo que se não honrarem
com o contrato o credor poderá tirar do devedor uma tira de couro. Eles não conseguem cumprir o
acordo. Quando a dívida é cobrada, no último momento e com o mesmo argumento eles são salvos
alertando que poderão tirar o pedaço de pele, porém sem derramar uma gota de sangue.
(9) SÍNTESE
ATO I
Bassanio interessado em Pórcia - rica herdeira, que só será desposada pelo cavalheiro que passar no
teste de seu pai - procura seu amigo para este lhe emprestar a quantia que precisa. Antônio se
dispõe a ajudar o amigo, porém não tem esse valor. Isso faz recorrerem a Shylock que aceita
emprestar, porém com intenções de se vingar do mercador.
ATO II
No ato dois acontece o jantar para que Shylok e Antônio assine o contrato. Na ausência de seu pai
Jessica foge com um cristão Lourenço. Em Belmonte Porcia conhece mais de seus pretendentes o
príncipe de Marrocos que escolheu cofre de ouro que era errado.
ATO III
No terceiro ato chega até Shylock rumores que Antonio perdeu suas mercadorias, e descobre a fuga
de sua filha. Bassanio chega em fim a Belmonte e casa-se com Pórcia, no mesmo instante que chega
uma carta do mercador lhe informando sobre a cobrança da dívida pelo judeu. Pórcia se disfarça de
homem para ajudar o amigo de seu esposo.
ATO IV
ATO V
Portia e Nerissa retornam a Belmonte e através de uma carta revelam que Portia era o Doutor e Nerissa a ajudante e que os navios de Antônio, o mercador de Veneza, acabam de chegar ao Porto ricamente carregados.
Após as batalhas nos tribunais, Shylock prestará contas à lei e terá suas Terras confiscadas, pois o
contrato só exigia “uma libra de carne” não concedendo uma gota de sangue. Pórcia responsabiliza o
Judeu pelos riscos não deixando com que o mesmo receba um centavo. Antônio impõe como
condição que o Judeu se converta ao cristianismo.
(10) MENSAGEM DA OBRA
O que se observa é a velha e infeliz máxima antissemita. O judeu “do mal” quer sangue do “bom
cristão”. O autor, em seu original, também busca trabalhar com o emocional do vilão, mostrando o
lado humano e suas características sentimentais.
(11) COLOCAÇÃO PRONOMIAL
PRÓCLISE
“ANTONIO – [...] enviei vinte pessoas para que te procurassem. (p.57)
ÊNCLISE
“ANTONIO – [...] Recomenda-me a tua nobre esposa; e conta-lhe com todos os detalhes, qual foi o fim
de Antônio; dizei-lhe quanto gostava de ti; [...]” (p.104)
MESÓCLISE
“SALARINO – Meu sopro, ao esfriar minha sopa, produzir-me-ia uma febre [...]” (p.18)
(12) ARGUMENTAÇÃO
AUTORIDADE
O dramaturgo argentino Agustín Cuzzani (1924 – 1987), inspirou-se na tragicomédia de Shakespeare
para escrever sua primeira peça, Uma Libra de Carne (1954). [...] o título já sinaliza uma referência
explicita à obra de Shakespeare – a avareza, a exploração e os contornos mais insensíveis do ser
humano. (p.122)
COMPARAÇÃO
O cerne do drama do dramaturgo inglês é o contrato de empréstimo entre Shylock e Antonio. [...] Em
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, Chicó vive uma situação semelhante à de Antonio; como
garantia para honra sua dívida contraída junto ao Major, oferece a esse o seu “couro” caso não possa
pagar o débito; tal como estabelecido entre Antonio e Shylock, na peça de Shakespeare. (p.122)
EVIDÊNCIAS
- shylock e Jessica (Szylok i Jessyka) – óleo sobre tela, 1876[...] (p.122/123)